Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Little Tomodachi (ともだち)

Little Tomodachi (ともだち)

02
Fev23

Devemos viajar para países que não respeitam os direitos humanos?

Niel Tomodachi

A escolha do Catar para a realização do Mundial de futebol colocou em cima da mesa a discussão: deve uma organização internacional escolher um país que não respeita direitos humanos para anfitrião de um evento global? Mas também podemos colocar essa pergunta individualmente: devemos nós viajar para esses países ou aderir aos boicotes?

Os ataques russos à Ucrânia começaram a 24 de fevereiro de 2022. No dia seguinte, a Papa-Léguas, agência de viagens de aventura, optou por cancelar todas as viagens à Rússia, como forma de boicote. “Suspendemos as operações para manifestar uma posição contra a invasão”, frisa Artur Pegas, fundador e diretor-executivo da agência. “Para mim, há uma diferença entre um estado que pode ser criticado pela maneira como trata os seus concidadãos, dentro das suas fronteiras, e um estado que invade outro estado”, sublinha.

Também a Nomad, especializada em descoberta cultural e trekking, seguiu o mesmo caminho, pelas mesmas razões: “Não se tratou da condenação a um regime de um país perante o seu povo, mas sim a um país que invadiu outro estado soberano”, diz Pedro Gonçalves, fundador e coordenador operacional da agência de viagens. A decisão de se juntar a um grande número de outras empresas, de vários setores de atividade, teve uma dimensão simbólica de condenação, mas também a motivação de “ter impacto económico perante o regime” e “perante os pequenos agentes económicos, como os nossos parceiros locais, para demonstrar que esta ação não é aceitável e que também eles terão de ser agentes de mudança”, justifica.

Apesar desta tomada de posição, o responsável e guia da Nomad assinala que os boicotes só lhe fazem sentido nestes casos muito particulares. Defende que, na maioria das situações, cancelar as operações em países com regimes autoritários e que não respeitem os direitos humanos, pode ter um impacto mais negativo do que benéfico. “Geralmente, os maiores lesados com os boicotes não são os regimes, são as pessoas que vivem do turismo, como os guias, alojamentos, pequenos negócios e comerciantes que vendem os seus produtos a estrangeiros com maior poder de compra. Quando boicotamos as viagens, podemos estar a colocar em causa o rendimento de muitas famílias, o seu acesso a uma vida digna ou o acesso dos seus filhos à escolaridade. Estas consequências não podem ser ignoradas”, reflete Pedro Gonçalves.

Também Artur Pegas vê a entrada de divisas nestes países como um ponto-chave e reconhece que uma questão sensível, quando se viaja para países com regimes autoritário, é: ‘para onde vai o dinheiro?’. “Uma das questões centrais é saber quem é que beneficia com a ida de turistas: se o povo ou o governo. Ou seja, se o dinheiro vai ou não parar às mãos daqueles que insistem em ações menos democráticas e pouco respeitadoras dos direitos humanos”, refere. E a resposta não é linear. Admite que “uma parte do dinheiro, seguramente que sim [vai para o Estado], quanto mais não seja porque a agência local e os pequenos alojamentos com que trabalhamos pagam impostos”. Mas muito fica nas mãos dos cidadãos, que vinca, “não devem ser confundidos com o regime ou governo do país onde vivem”.

 

Onde traçar a linha?

 

“Há organizações internacionais intergovernamentais, como as Nações Unidas, que não se podem furtar a lidar com países que violam os direitos humanos”, realça Jorge Ferraz, docente da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, onde leciona e investiga em áreas como a Sociologia do Turismo, Interculturalidade e Direitos Humanos no Turismo. “Mas a FIFA não é uma organização intergovernamental: não tem de atuar com base na moral da responsabilidade, pode atuar com base na moral da convicção. Por isso, podia – e devia – ter uma posição diferente e não organizar eventos nestes sítios”, argumenta.

Mas o docente acredita que há que fazer uma separação entre o comportamento das organizações e o dos indivíduos. As escolhas pessoais, aponta, são “uma zona mais cinzenta”. “Pessoalmente, penso que não se deve ir. Mas tenho mais dúvidas do que certezas definitivas. Eu evito alguns países.” Há um país onde não iria, mesmo: “À Coreia do Norte, exceção feita se fosse com a justificação de fazer uma observação sociológica.”

Compreende os argumentos usados contra os boicotes e a favor das viagens para estes estados, que alegam que isso acaba por punir os cidadãos. Reconhece que é preciso fazer perguntas: “Não indo, estamos a contribuir para enfraquecer o regime? Se formos, estamos a contribuir para mudar alguma coisa? Mas eu sou muito cético: acho que não contribuímos para mudar nada, temos só essa ilusão.”

A verdade é que, se tivermos uma posição muito rígida sobre este tema, podemos acabar a olhar para o mapa e a perguntarmo-nos: “Assim, onde é que posso ir, afinal?”. Há leis e práticas que violam padrões de direitos humanos na maioria dos países do Mundo: regimes opressivos, governos que criminalizam a homossexualidade, países onde o trabalho infantil é aceite, onde há restrições aos direitos das mulheres, onde existe pena de morte, onde se pratica tortura nas prisões.

“Claro que também encontramos violações dos direitos humanos em países como os Estados Unidos da América”, sustenta Jorge Ferraz, “mas creio que há uma diferença fundamental que não pode ser ignorada: uma coisa são países em que há violações de direitos humanos, outra países nos quais isso faz parte da própria natureza da constituição e do regime, como é o caso do Catar ou da Arábia Saudita”. Para si próprio essa é a fronteira entre ir ou não ir: “Não sou um adepto do relativismo cultural e há dimensões desse relativismo que não aceito: com violências e desigualdades instituídas na lei, sinto que não posso pactuar”.

 

O turista traz e leva

 

Na Papa-Léguas há ocasiões em que é feita uma reflexão sobre iniciar ou não viagens para certos países. “Fizemo-nos essa pergunta, por exemplo, antes de começarmos a fazer viagens no Tibete”, explica Artur Pegas. O governo chinês tem sido acusado de violações sistemáticas no Tibete, como restrição de liberdade religiosa, prisões arbitrárias, violência e tortura. Encontraram a resposta às dúvidas em palavras proferidas pelo líder espiritual do país. “O próprio Dalai Lama pediu para as pessoas não deixarem de viajar para o Tibete, apresentando um ângulo que me fez todo o sentido: sejam testemunhas da opressão e contem a vossa experiência. Assim, se me pergunta se devo ou não viajar para o Tibete, a minha resposta é: sim, penso que devo. Devo continuar a ir e devo continuar a dizer o que é que se passa lá quando regresso”, argumenta.

Pedro Gonçalves tem a mesma opinião. “Ao boicotarmos viagens para um lugar onde os direitos humanos não são respeitados, estamos também a ajudar a perpetuar o problema.” Considera que quem visita essas culturas, e partilha no regresso o que viu, é um agente de mudança, que cria uma consciência global do que se passa e pode ajudar a introduzir mudanças.

Além disso, não se trata apenas do que o turista traz, mas do que leva e pode deixar. “Levar pessoas a viajar no Irão, nas Filipinas, na China ou noutro país onde o regime vigente tenha pouco respeito pelos direitos humanos do seu povo, vai levar aos habitantes desses lugares as perspetivas dos cidadãos de outros lugares do Mundo e ajudá-los a perceber ou validar a indignação perante alguns atos”, refere o responsável e guia da Nomad.

A decisão de ir para um país com um regime autoritário ou com práticas pouco éticas não significa que nada se possa fazer. “Recentemente, no Sri Lanka, por haver dúvidas sobre como os animais eram tratados num orfanato de elefantes a que fazíamos visitas, optámos por retirá-lo do nosso itinerário porque não queremos contribuir para isso. Da mesma maneira, na Índia, optamos por fazer a pé um trajeto que tradicionalmente é feito [às costas] de elefantes pintados”, exemplifica Artur Pegas.

Até porque as violações de direitos humanos não são apenas um problema dos regimes ou governos, podem ser problemas sociais. Pedro Gonçalves conta que, no Peru, a agência apoia uma pequena associação local que abriga crianças com deficiência e procura proporcionar-lhes condições para que possam estudar. “Esta é também uma questão de direitos humanos, embora tenha a ver com uma cultura e não com um regime”, salienta. “As pessoas com deficiência são muito marginalizadas nesta sociedade, frequentemente vistas como um fardo para as famílias.” Ao apoiar uma associação que mostra que são pessoas que podem ter um contributo válido para a sociedade e para as suas famílias, o impacto desta pequena ação pode ser realmente grande: “Ajuda a mudar crenças antigas enraizadas”.

 

Source: https://www.noticiasmagazine.pt/2023/devemos-viajar-para-paises-que-nao-respeitam-os-direitos-humanos/estilos/comportamento/285186/

 

 

30
Jan23

França apresenta plano de luta contra racismo, antissemitismo e discriminação por orientação sexual

Niel Tomodachi

França apresenta plano de luta contra racismo, antissemitismo e discriminação por orientação sexual

A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, apresentou hoje um plano de combate ao racismo, ao antissemitismo e à discriminação com base na origem, visando, em particular, tornar os jovens menos vulneráveis a mensagens de ódio.

É ao dar a conhecer que impedimos que a história se repita“, disse Borne, cujo pai, judeu, foi deportado e depois se suicidou quando ela tinha 11 anos.

Num procedimento pouco vulgar, o plano do Governo francês inclui explicitamente o combate à discriminação de pessoas de etnia Roma ou cigana.

Durante a sua escolaridade, cada aluno terá de participar na “visita de um sítio histórico ou memorial relacionado com racismo, antissemitismo ou anticigano“, porque “é desde a infância que se podem estabelecer estereótipos“, declarou a chefe do executivo francês.

É na nossa juventude que abundam algumas teorias da conspiração. É também sobre os nossos jovens que as mensagens de ódio nas redes sociais têm mais efeito“, sublinhou.

O novo plano 2023-2026 prevê uma série de medidas que afetam setores desde a educação ao emprego, à justiça e ao desporto.

Tem como objetivo detetar e combater a discriminação no emprego, nas empresas, na escola, nos transportes e outras áreas e “desenvolver ferramentas” com plataformas digitais e influenciadores. 

Os suportes para denúncia por todos aqueles que sejam vítimas de discursos de ódio nos transportes, por exemplo, estão previstos para março e o plano vai também focar-se no acesso à habitação para “destacar as boas práticas e denunciar as más“.

Borne prometeu “total firmeza na resposta a crimes” de racismo, antissemitismo e discriminação, permitindo “a emissão de mandados de detenção” contra pessoas que “usem indevidamente a liberdade de expressão” para esse fim. 

Não haverá impunidade para o ódio“, afirmou a chefe do governo francês, que escolheu o Instituto do Mundo Árabe para apresentar este plano que inclui 80 medidas.

Entre elas, prevê ainda o agravamento das sanções em casos de expressão racista ou antissemita por pessoas que pertençam às autoridades públicas ou que estejam adstritas a uma missão de serviço público, acrescentou.

O plano deve permitir “medir melhor” estes fenómenos, “educar e treinar melhor“, “punir melhor” os autores e “acompanhar melhor as vítimas“, resumiu a primeira-ministra francesa.

Será também implementado um código de conduta para videojogos e ‘e-sports’. 

Elisabeth Borne anunciou ainda, durante a apresentação do plano, a criação no local de um antigo campo de concentração, no oeste da França, de um museu em memória dos ali alojados durante a Segunda Guerra Mundial.

Em junho, o Governo francês deverá apresentar um outro plano contra a discriminação por orientação sexual.

 

17
Jan23

O padre não binário que está a tornar a Igreja de Inglaterra menos conservadora

Niel Tomodachi

"A criação está cheia de variedade. É isso que aprendemos com a criação — Deus ama a variedade", defende o sacerdote.

Bingo Allison, o primeiro sacerdote abertamente não binário — pessoa que não se identifica como sendo do género masculino ou feminino — a ser ordenado na Igreja de Inglaterra, tem-se dedicado a demonstrar que não há necessidade de escolher entre a fé e a identidade de género. A descoberta do sacerdote foi feita aos 29 anos, quando era já um homem casado, pai de três filhos e se encontrava a meio da formação necessária para ser padre da Igreja Anglicana.

“Não conhecia nenhuma pessoa trans e penso que, provavelmente, até ali só tinha conhecido dois gays na minha vida. Tinha questionado a minha identidade algumas vezes antes, mas faltava-me o vocabulário para descrever a minha experiência e não chegava a lado nenhum. O facto de ter crescido numa forma conservadora de cristianismo significava que isso estava muito além da minha imaginação. Estava em negação, nomeadamente em relação à identidade de outras pessoas”, disse em entrevista ao “Liverpool Echo”, aqui citada pela “Visão”.

Começou por pensar assumir a sua identidade apenas mais tarde, mas depois de saber definir-se, escondê-lo ficou complicado. “Foi muito mais difícil do que pensava ter feito o coming out para mim e depois continuar no armário”, conta. No processo de autodescoberta, que envolveu falar com a mulher e os filhos, que acabaram por se mostrar recetivos às novas informações, houve, contudo momentos decisivos. Um deles aconteceu enquanto escrevia um ensaio sobre como Deus criou a Terra. A frase “da masculinidade à feminilidade”, em Génesis 1:27, na Bíblia, permitia interpretar que Deus aceita a possibilidade das pessoas se transformarem.

“Estava ali sentado, a meio da noite, quando me apercebi de que talvez precisasse de virar a minha vida de pernas para o ar. Foi uma experiência espiritual profunda, senti que Deus estava a guiar-me até esta nova verdade sobre mim”, comenta. A partir daí procurou afastar-se da sua visão tradicional. “Tento envolver-me, não só no meu trabalho religioso, mas também fora dele, com os grupos de jovens LGBT locais”.


Para isso, o padre, ordenado em setembro de 2020, vai frequentemente a escolas, de modo a ajudar a normalizar a comunidade junto dos mais novos. “Quando estou a usar o meu colarinho, isso faz com que os mais novos saibam que está tudo bem e que há um lugar na Igreja e no mundo exterior para pessoas como eu”.

Também usa as redes sociais, onde já disse várias vezes que “Jesus adora sombras de olhos brilhantes”, para passar a palavra. Foi, contudo, numa entrevista há poucos dias, ao programa “This Morning”, da ITV, que captou maior atenção.

“A criação está cheia de variedade. É isso que aprendemos com a criação — Deus ama a variedade. Deus cria todos estes animais diferentes, ainda estamos a descobrir novos animais, e o facto de ainda estarmos a descobrir novas formas de compreender o género faz todo o sentido para um Deus que ama a variedade”, explicou quando um dos apresentadores comentou achar “encantador” Bingo dizer que tem a identidade masculina e a feminina.

 

01
Dez22

Abraço diz que estão a aumentar sem-abrigo com VIH e que as respostas estão a falhar

Niel Tomodachi

Abraço diz que número de sem-abrigo com VIH está a aumentar

A presidente da associação Abraço, Cristina Sousa, alertou esta quinta-feira que tem aumentado a população sem-abrigo que vive com VIH e que estão a falhar as respostas para dar um apoio imediato em termos de alimentação e alojamento.

No Dia Mundial da Luta Contra a Sida, assinalado hoje, Cristina Sousa disse que a crise já está a fazer-se refletir na população que a Associação de Apoio a Pessoas com VIH/SIDA (Abraço) acompanha.

"O que nós sentimos é que tem aumentado o número da população sem-abrigo [com VIH], ou seja, estamos num limiar de pobreza muito maior face aos últimos tempos", salientou.

Cristina Sousa contou que a Abraço sempre acompanhou a população sem-abrigo e conseguiu dar resposta, mas disse que agora estão a sentir "características um bocadinho diferentes" quando procuram apoio noutras instituições.

"As respostas falham a nível da sociedade em geral, o que significa que quase todas as instituições estão a dar resposta para esta população [sem-abrigo] e depois não são suficientes em termos de uma resposta imediata, para conseguirmos pôr de imediato as pessoas a comerem, a terem um alojamento para dormirem", salientou.

Para a presidente da Abraço, esta é uma situação "muito preocupante" devido à vulnerabilidade destas pessoas.

"O nosso papel na sociedade é quando alguém nos procura neste limiar de pobreza conseguirmos encontrar uma resposta imediata e tirar as pessoas diretamente da rua e assegurar as necessidades básicas: comer, dormir e dar conforto, para garantir principalmente que pessoas como as que nós acompanhamos que tomam medicação e têm outras patologias associadas estejam estáveis", defendeu.

Mas o que está a acontecer, disse Cristina Sousa, é quando vão procurar respostas para a população com VIH que recorre à Abraço encontram respostas para pessoas sem-abrigo, mas os parceiros dizem que já não conseguem responder porque, no geral, esta população aumentou.

"As respostas estão a ser insuficientes para esta população", lamentou Cristina Sousa.

A crise económica também começa a ter impactos na própria associação, mas Cristina Sousa disse que como "dinheiro nunca é suficiente" para gerir a instituição já há "quase um treinamento" para governar "com pouco".

"Mas começamos mensalmente a perceber o impacto que isto tem na associação ou que virá a ter na associação", o que faz ponderar a realização de projetos que tencionavam desenvolver que, por enquanto, vão ficar parados.

Relativamente ao trabalho que a Abraço desenvolve, Cristina Sousa disse que não sentiram "grandes alterações" a nível da infeção por VIH por comparação aos últimos anos.

"Mantemos a mesma necessidade de rastrear o máximo possível da população em geral para conseguirmos detetar os diagnósticos tardios e fazer diagnósticos atempados para que a infeção não evolua", salientou.

Segundo Cristina Sousa, as pessoas não estão devidamente informadas em relação a quem tem o vírus da imunodeficiência humana (VIH), que provoca a sida.

A responsável explicou que quem tem VIH se estiver em tratamento não transmite o vírus e considerou ser muito importante esta informação chegar à população, porque ainda continua a existir "um receio muito grande" em relação às pessoas que vivem com a doença.

"Quanto mais pessoas souberem que a infeção VIH, ainda que não tenha cura, é controlada e não é transmitida para quem está em tratamento, acreditamos que isso é um avanço gigante para acabar com a discriminação e o mal-estar de quem vive com a doença", disse Cristina Sousa.

 

20
Set22

A cada quatro segundos morre uma pessoa por falta de comida

Niel Tomodachi

A cada quatro segundos morre uma pessoa de fome, denunciaram hoje mais de 200 organizações não-governamentais, pedindo aos líderes mundiais reunidos na 77.ª Assembleia Geral da ONU que "adotem ações que travem a crise".

ONG's enviaram carta aberta aos líderes políticos reunidos na Assembleia da ONU

As organizações não-governamentais (ONG), provenientes de 75 países, assinaram uma carta aberta dirigida aos líderes de Estados presentes em Nova Iorque para expressar indignação pela "explosão do número de pessoas famintas" e fazer recomendações para travar a crise global de fome.

"Atualmente, 345 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de fome aguda, número que mais do que duplicou desde 2019", sublinham as 238 organizações em comunicado de imprensa.

A carta aberta foi publicada a propósito do início da Assembleia Geral das Nações Unidas, onde um grande número de líderes políticos, mas também representantes da sociedade civil se reúnem durante uma semana para aquele que é considerado o encontro diplomático mais importante do mundo.

"É inadmissível que, com toda a tecnologia agrícola (...) existente hoje, ainda estejamos a falar sobre fome no século XXI", afirmou Mohanna Ahmed Ali Eljabaly, da Yemen Family Care Association, um dos signatários da carta.

"Não se trata apenas de um país ou de um continente e a fome nunca tem uma causa única. Trata-se da injustiça de toda a humanidade", acrescentou.

A crise alimentar, a par da crise de segurança causada pela invasão russa da Ucrânia e das crises energética e climática são as principais questões que estarão em debate na Assembleia Geral da ONU, que hoje começa.

Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) referiu que mais de 12% dos africanos enfrentam insegurança alimentar e apelou aos governos da África subsaariana para serem criteriosos na definição das políticas e da despesa pública.

 

22
Ago22

Singapura vai despenalizar a homossexualidade

Niel Tomodachi

Singapura vai revogar uma lei que proíbe as relações sexuais entre homens, anunciou o primeiro-ministro este domingo. Casamento continuará a ser proibido.

Relações sexuais entre homens serão permitidas, mas casamento continua a ser proibido

"Acredito que esta é a coisa certa a fazer e algo que a maioria dos singapurianos aceitará agora", disse o primeiro-ministro Lee Hsien Loong no discurso anual do dia nacional, acrescentando que o governo vai revogar a Secção 377A do código penal, uma lei colonial que criminaliza o sexo entre homens. A lei, promulgada em 1938 durante o domínio britânico, não se aplica às mulheres.

Por outro lado, o governo não tem intenção de mudar a definição legal de casamento, isto é, entre um homem e uma mulher. "Deixe-me assegurar a todos que, ao lidar com a questão, o governo continuará a defender as famílias como os alicerces básicos da sociedade. Vamos manter as nossas políticas sobre família e casamento inalteradas e manter as normas e valores sociais predominantes da nossa sociedade", acrescentou o líder da Singapura, citado pela agência Reuters.

"Todos os grupos devem aceitar que não podem ter tudo o que desejam porque simplesmente não é possível. E devemos manter o respeito mútuo e a confiança que construímos meticulosamente ao longo dos anos e permanecer unidos como um só povo", rematou.

Legado britânico:

A Singapura não é a única ex-colónia britânica com uma versão da lei 377, que continua a existir em muitas partes da Ásia, África e Oceânia. Foi introduzida pelo governo colonial britânico na Índia no século XIX e proibiu a "relação carnal contra a ordem da natureza com qualquer homem, mulher ou animal".

Depois, espalhou-se para fora da Índia, uma vez que os britânicos usaram o Código Penal Indiano como base para códigos de direito penal noutros territórios que controlavam. Várias ex-colónias britânicas, como Quénia, Malásia e Myanmar, ainda têm alguma versão da lei 377.

Em 2018, o Supremo Tribunal da Índia aboliu a lei 377 num veredicto histórico. Nos últimos anos, outras partes da Ásia também legalizaram o casamento homossexual. Taiwan tornou-se o primeiro a fazê-lo em 2019 e, em junho, a Tailândia aprovou um projeto de lei que permite uniões do mesmo sexo.

 

28
Jun22

Governo espanhol propõe mudança de género desde os 12 anos sem parecer médico

Niel Tomodachi

Proposta aprovada torna possível mudar de género no registo civil, a partir dos 12 anos, sem parecer médico, mas será necessária autorização de um juiz até aos 14 anos.

Menores poderão se registrar com novo gênero na Espanha | Mundo | Pleno.News

O Governo espanhol aprovou esta segunda-feira uma proposta de lei que prevê a mudança de género no registo civil a partir dos 12 anos sem necessidade de pareceres médicos, sendo que a partir dos 16 basta a vontade da pessoa.

Ao abrigo desta proposta, que terá de ser aprovada pelo parlamento, será possível mudar de género no registo civil, a partir dos 12 anos, sem parecer médico, mas será necessária autorização de um juiz para os casos entre os 12 e os 14 e dos pais ou tutores legais entre os 14 e os 16.

Para maiores de 16 anos, bastará a própria vontade de quem quiser fazer a alteração.

É a segunda vez que o Governo espanhol aprova esta proposta, depois de há um ano ter avançado com o anteprojeto, que dividiu o Executivo.

Conhecida como a lei da “autodeterminação de género”, a proposta pretende retirar a carga de patologia à mudança de género.

“Reconhece-se o direito a todos serem quem são sem mediação de testemunhas”, afirmou a ministra da Igualdade, Irene Montero, numa conferência de imprensa no final do conselho de ministros que aprovou a proposta.

A proposta proíbe também cirurgias de modificação genital até aos 12 anos em crianças que nasçam com características físicas dos dois géneros (crianças intersexuais ou hermafroditas),

Por outro lado, o texto consagra o direito de lésbicas, bissexuais e transgénero com capacidade reprodutiva acederem às técnicas de reprodução mediamente assistida e permite a filiação dos filhos de mães lésbicas e bissexuais sem necessidade de casamento.

A proposta foi aprovada no mesmo dia em que a imprensa espanhola noticiou que um juiz de Ourense (na Galiza, noroeste de Espanha) autorizou a mudança do género nos documentos de uma criança de 8 anos.

A decisão, citada pela agência de notícias EFE, considera que a criança, um rapaz registado com o género feminino, tem “maturidade suficiente” e apresenta uma “situação estável de transexualidade”.

A mãe desta criança disse à EFE que esta é “uma grande vitória, um avanço enorme para as crianças e para todos os grupos que lutam pelo reconhecimento dos menores”.

Em relação ao filho, disse que “sempre falou no masculino na primeira pessoa” e que em casa sempre o deixaram “expressar-se livremente na forma de vestir e brincar”.

“Espero que isto sirva para alguma coisa e se oiçam os menores”, defendeu, dizendo que não tem sentido solicitar relatórios de equipas de psiquiatras “porque isto não é uma doença”.

A mulher lamentou que a proposta de lei que vai ser debatida pelos deputados não abranja as crianças.

 

27
Jun22

O stress social pode estar a envelhecer o seu sistema imunitário

Niel Tomodachi

Os problemas com dinheiro, família e trabalho podem estar a prejudicar a sua saúde mental e a envelhecer o seu sistema imunitário.

O stress social pode estar a envelhecer o seu sistema imunitário

Hoje em dia, o stress social é um dos problemas mais comuns da população em geral e, segundo um estudo, pode não estar a afetar só a sua saúde mental, mas também a enfraquecer o seu sistema imunitário.

Estas conclusões surgem de um estudo, onde foram analisados milhares de adultos, com mais de 50 anos, e que foi publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences.

A equipa conseguiu determinar que pessoas com níveis de stress altos podem ter um número elevado de ‘células T’ desgastadas, que são essenciais no combate a doenças e na eliminação de ‘células zombie’, isto é, aquelas que já não se dividem no organismo, mas que se recusam a desaparecer e não permitem a criação de novas. A sua acumulação pode resultar em condições como osteoporose ou até Alzheimer.

Os investigadores constataram ainda que estes indivíduos também têm falta de células “jovens e frescas”, necessárias para enfrentar novos invasores, explicou o autor principal é Eric Klopack, da Leonard Davis School of Gerontology, na University of Southern California, à CNN.

Pessoas com níveis elevados de stress e um sistema imunitário envelhecido podem vir a ser diagnosticadas com doenças cardiovasculares, cancro e outras condições de saúde que, normalmente, estão relacionadas com a idade. Além disto, estas condições podem reduzir a eficácia das vacinas, como a do Covid-19.

 

17
Mai22

Quatro em cada cinco alunos LGBTQ preferem não revelar orientação sexual aos professores

Niel Tomodachi

Estudo da Universidade do Porto revela que grande parte dos alunos LGBTQ preferem não revelar a sua orientação sexual aos professores ou funcionários da escola. Investigação mostra ainda como tópicos relacionados com pessoas lésbicas, gays ou bissexuais ou com bullying homofóbico e transfóbico ou sobre aceitação da população LGBTQ ainda estão fora das salas de aula. Um em cada 10 alunos desta inquérito sofreu alguma tentativa de conversão da sua orientação sexual.

Quatro em cada cinco alunos LGBTQ preferem não revelar orientação sexual aos professores

Um inquérito feito por uma equipa do Centro de Psicologia da Universidade do Porto, e citado esta terça-feira pelo jornal Público, revela que quatro em cada cinco alunos LGBTQ (lésbica, gay, bissexual, transgénero, queer ou em questionamento), de minorias sexuais e de género, preferem não revelar a sua orientação sexual aos professores ou funcionários.

O mesmo trabalho revela que estes jovens são mais vezes vítimas de bullying do que os colegas heterossexuais ou cisgénero.

Questionados sobre a quem é que, na escola, os jovens contaram que são LGBTQ, 81% dos estudantes responde que nunca contou a nenhum professor ou funcionário e apenas 3,3% contaram a todos ou à maior parte dos adultos da escola.

Já entre colegas os números revelam mais confiança com 37% dos jovens a afirmar que tinha dito a toda a turma ou à maior parte, sendo que o valor baixa para 13% quando se colocam outras turmas na equação.

Relativamente ao grupo de amigos, 43,8% jovens LGBTQ afirmaram que todos sabiam, mas 27,4% contou a apenas alguns ou a nenhum amigo.

Para além destes números o inquérito evidencia ainda um problema na hora de levar os temas relacionados com a comunidade LGBTQ. Três em cada cinco estudantes dizem nunca ter aprendido nas aulas sobre bullying homofóbico e transfóbico ou sobre aceitação da população LGBTQ.

Mais: 40,6% nunca ouviram nas aulas tópicos relacionados com pessoas lésbicas, gays ou bissexuais, e 54,2% afirma que nunca foram abordados assuntos relacionados com pessoas transgénero. E ainda 56,3% dos alunos dizem que as aulas de educação sexual não abordaram a existência de diferentes orientações sexuais.

Os dados preliminares deste relatório revelam ainda outra realidade, a de que cerca de um em cada dez jovens LGBTQ já sofreu alguma tentativa de conversão da sua orientação sexual. Dos quase 700 alunos que responderam identificar-se como não heterossexuais, 8,6% foram vítimas de algum tipo de tentativa de mudança da orientação sexual: em oito casos foi conduzida por um profissional de saúde, em 15 casos por um líder religioso e em 44 casos por outra pessoa, maioritariamente um membro da família.

Este relatório faz parte de um estudo alargado sobre diversidade sexual e de género nas escolas, que foi aplicado também em Itália, Espanha, Grécia, Eslovénia, Letónia, Croácia, Irlanda, Áustria, França e Reino Unido no âmbito de um projeto europeu coordenado pela Universidade de Ghent, na Bélgica.

 

11
Mai22

Microsoft lança acessórios para pessoas com limitações motoras

Niel Tomodachi

O lançamento está previsto para o outono.

Microsoft lança acessórios para pessoas com limitações motoras

Microsoft anunciou que pretende lançar uma série de acessórios adaptativos que respondam às necessidades de pessoas com limitações motoras, as quais têm mais dificuldades em utilizar teclados e ratos convencionais.

Esta série de acessórios é composta por três tipos de dispositivos: o Rato Adaptativo, os Botões Adaptativos e o Hub Adaptativo. Estes três produtos permitem aos utilizadores personalizarem a sua experiência de interação com os respetivos computadores.

A Microsoft ainda não revelou os preços destes equipamentos e acessórios mas já indicou que o lançamento está previsto para o outono.

 

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Quotes:

“How wonderful it is that nobody need wait a single moment before starting to improve the world.” ― Anne Frank

Pesquisar

Nelson's bookshelf: currently-reading

Alfie - O Gato do Bairro
tagged: currently-reading

goodreads.com

2023 Reading Challenge

2023 Reading Challenge
Nelson has read 11 books toward his goal of 55 books.
hide

Arquivo

    1. 2023
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Afiliado Wook

WOOK - www.wook.pt

Comunidade Bertand

Afiliado Miniso

Read the Printed Word!

Em destaque no SAPO Blogs
pub