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Little Tomodachi (ともだち)

Little Tomodachi (ともだち)

19
Mar23

Endometriose volta à rua a 25 de março para sensibilizar para a doença

Niel Tomodachi

A EndoMarcha - movimento mundial que visa dar voz a mulheres com endometriose - realiza-se no Parque das Nações, em Lisboa, no dia 25 de março, pelas 14.00 horas. Estima-se que existam 350 mil portuguesas com a doença, que leva em média dez anos a ser diagnosticada

endometriose

No âmbito do movimento mundial WorldWide EndoMarch, a MulherEndo – Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose – convoca uma marcha pela maior sensibilização e divulgação da doença. A EndoMarcha vai acontecer a 25 de março, no Parque das Nações, a partir das 14.00 horas.

À semelhança dos anos anteriores, o evento visa representar Portugal numa iniciativa que acontece, simultaneamente, em vários países do mundo, com o intuito de reforçar a mensagem para a importância de haver uma maior consciencialização sobre a Endometriose.

A Endometriose – que se caracteriza pelo aparecimento de tecido do endométrio fora do útero – é uma doença que provoca dores pélvicas crónicas incapacitantes e infertilidade.

Existem cerca de 350 mil mulheres com esta doença em Portugal, uma estatística que resulta da certeza de que uma em cada 10 em idade fértil é atingida com este problema, que é mais comum em idades compreendidas entre os 30 e os 35 anos, segundo a ginecologista-obstetra, Filipa Osório. A médica também afirma que a “desvalorização dos sintomas permite a evolução da doença.” Este facto pode explicar-se pelo facto dos sintomas poderem ser confundidos com outras doenças, visto que se caracterizam pela dor na zona pélvica, manifestada durante a menstruação, durante as relações sexuais e ao urinar e evacuar. Por este motivo, não deve recorrer a nenhum tratamento sem efetuar primeiro o diagnóstico.

De acordo com a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, os custos diretos e indiretos associados aos cuidados de saúde com a endometriose são comparáveis aos de outras doenças, como diabetes tipo 2 ou com a artrite reumatóide. No entanto, a atenção que lhe é dada não é proporcional ao seu peso. A médica ginecologista-obstetra considera que esta constatação se deve à falta de conhecimento sobre a enfermidade.

O tratamento aplicado à endometriose que, por enquanto, não cura, visa “levar à atrofia do endométrio, seja ele dentro ou fora do útero, o que faz com que não cresça, estabilize e acabe por não se desenvolver, pelo uso de terapêutica hormonal”, remata Filipa Osório.

Em fevereiro, a endometriose e adenomiose estiveram a debate parlamentar, com a larga maioria dos partidos a apresentar propostas e resoluções no sentido de melhorar condições das mulheres que sofrem destas doenças quer no trabalho, quer na saúde. Porém, a maioria socialista chumbava a maior parte dos diplomas.

Tendo em conta o o que observámos e a unanimidade de todos os partidos políticos da implementação destas medidas para a Endometriose e Adenomiose, todas estas rejeições no Parlamento foram mesmo um balde agua fria”. O desabafo é da presidente da MulherEndo — Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose, Susana Fonseca.

 

15
Mar23

Novo tratamento contra o cancro da mama apresenta “resultados promissores”

Niel Tomodachi

Os cientistas desenvolveram um método de eliminar metástases baseado na estimulação da resposta do sistema imunitário.

O cancro da mama é a patologia oncológica mais comum entre as mulheres portuguesas. Segundo os dados do Serviço Nacional de Saúde (SNS), são detetados sete mil novos casos todos os anos. A investigação científica tem produzido cada vez mais conhecimento sobre a doença e novas abordagens terapêuticas — a mais recente está a ser considerada “muito promissora” nos casos em que o cancro se espalha pelo resto do corpo.

Quando detetada numa fase inicial, a taxa de sucesso dos tratamentos desta patologia é elevada. Porém, se já se existirem metástases que afetem outros órgãos os casos são ainda mais graves, porque não existe, ainda, cura. A mais recente terapêutica desenvolvida para o cancro da mama metastático passa por combinar dois procedimentos para provocar um ataque organizado e em força do sistema imunitário, refere o jornal “Público”. Esta nova abordagem já está a ser testada e os resultados em ratos mostram a eliminação das células cancerígenas que, entretanto, se tinham disseminado nos ossos.

A investigação divulgada a 8 de março na revista “Cancer Discovery”, explica que durante a fragilização imunitária é possível diminuir a dimensão do tumor, que, ainda assim, não é eliminado na totalidade. Na segunda fase, a molécula inibidora p38MAKP (que tem a função de enfraquecer o tumor) torna-o mais vulnerável e visível — e são ativados os linfócitos T, para que se consiga descobrir e destruir as células com cancro. Os linfócitos T são células do sistema imunitário que respondem a vírus ou células cancerígenas.

Ao fim de 80 dias de tratamento, os ratos continuaram vivos e sem reincidência de cancro. Já no grupo dos animais que só receberam um dos dois tratamentos, 60 dias depois, metade já tinha morrido.

A memória do sistema imunitário é outro aspeto realçado nas conclusões pelos cientistas da Universidade de Washington, autores do estudo.  Numa investigação posterior os especialistas comprovaram que as células do sistema imunitário se recordam do tumor combatido e, em caso de reincidência, voltam a atacá-lo.

Os tratamentos atualmente disponíveis para o cancro da mama metastizado são muito menos eficazes, por isso, esta nova investigação com resultados promissores traz uma nova esperança para uma possível cura da doença.

 

01
Mar23

Cancro. Investigadores querem ajudar sobreviventes a melhorar capacidades cognitivas

Niel Tomodachi

Entre as falhas cognitivas mais comuns reportadas pelos sobreviventes do cancro estão o esquecimento de nomes ou datas, dificuldades de concentração e dificuldades em fazer mais do que uma tarefa ao mesmo tempo

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Investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) estão a recrutar sobreviventes de cancro para identificar as necessidades e as barreiras relacionadas com a reabilitação cognitiva e, consequentemente, ajudarem-nos a melhorar essas capacidades.

Em comunicado, o centro esclarece que os investigadores estão a recrutar os sobreviventes de cancro “com o objetivo de identificar as necessidades, os elementos facilitadores e as barreiras relativas à participação em programas de reabilitação cognitiva”.

Citada no documento, a investigadora Ana Filipa Oliveira, do CINTESIS/Universidade de Aveiro, esclarece que um estudo recente realizado em Portugal “verificou que mais de 8% de sobreviventes de cancro (da mama) parece apresentar queixas cognitivas decorrentes do diagnóstico de cancro e dos seus tratamentos”.

Entre as queixas mais comuns incluem-se o esquecimento de nomes ou datas, dificuldades de concentração e dificuldades em fazer mais do que uma tarefa ao mesmo tempo.

“Estas alterações perturbam, muitas vezes, o funcionamento social, familiar e laboral dos sobreviventes, afetando negativamente a sua qualidade de vida”, destaca o CINTESIS.

Ana Filipa Oliveira salienta que o estudo se reveste de “grande importância” para dar informação crucial sobre as necessidades específicas de intervenção a nível cognitivo que a população oncológica apresenta.

Na investigação desenvolvida pelo CINTESIS/Universidade de Aveiro podem participar homens e mulheres, residentes em Portugal, com idades entre os 18 e 65 anos, que tenham sido diagnosticados com qualquer tipo de cancro (exceto tumor cerebral) e que apresentam dificuldades cognitivas relacionadas com a doença ou tratamentos.

A informação recolhida junto dos participantes, através de um conjunto de questionários ‘online’, permitirá criar uma plataforma ‘online’ onde ficará disponível “um programa de reabilitação cognitiva específico para melhorar as capacidades dos sobreviventes de doença oncológica”.

Financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), o estudo integra investigadores do CINTESIS@RISE/Universidade de Aveiro e do William James Center for Research, resultado de uma colaboração internacional com a Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos da América.

O Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro e a Academia Portuguesa de Psico-Oncologia são também parceiros desta investigação.

 

11
Fev23

ONG alertam para a importância de preservativo para prevenir doenças

Niel Tomodachi

Organizações não-governamentais vão distribuir, na segunda-feira, preservativos e realizar rastreios a doenças sexualmente transmissíveis, para assinalar o Dia Internacional do Preservativo e sensibilizar a população para a importância do seu uso na prevenção destas doenças.

ONG alertam para a importância de preservativo para prevenir doenças

Liga Portuguesa Contra a SIDA (LPCS), a mais antiga entidade na área da prevenção da sida em Portugal e a Junta da Misericórdia de Lisboa, promovem a campanha de incentivo à utilização do preservativo "Nunca te esqueças do Topping" que decorre na segunda-feira, Dia Internacional do Preservativo, e na terça-feira, Dia dos Namorados.

A LPCS refere em comunicado que, através da distribuição de postais e de preservativos femininos e masculinos de forma gratuita pretende "informar os mais jovens e menos jovens sobre como é importante não esquecer o uso do preservativo, prevenindo assim as infeções sexualmente transmissíveis".

A presidente da Liga, Maria Eugénia Saraiva, citada no comunicado, afirma que a LPCS pretende continuar a sensibilizar para os comportamentos mais seguros e para relações protegidas, bem como angariar fundos para dar continuidade aos seus projetos.

A data também vai ser assinalada na segunda-feira no Largo do Intendente, em Lisboa, pelo GAT -- Grupo de Ativistas em Tratamento, com animação de rua, distribuição de preservativos e rastreios rápidos, gratuitos e anónimos ao VIH, sífilis, hepatite B e hepatite C.

O GAT junta-se à sua parceira internacional AIDS Healthcare Foundation, organizando em Lisboa um dos vários eventos comemorativos "Sempre na Moda", que ocorrerão simultaneamente em 45 países.

Para o diretor executivo do GAT, Ricardo Fernandes, "defender o uso do preservativo é mais vital do que nunca", elucidando que mais de um milhão de infeções sexualmente transmissíveis são reportadas diariamente no mundo, o que "está muito atrás das metas de prevenção do VIH definidas pela ONUSIDA".

"Portugal continua a ser o país da Europa Ocidental com mais casos de infeção pelo VIH por 100.000 habitantes, mas podemos virar a página, trabalhando para garantir que toda a gente possa ter acesso a preservativos, um dos vários métodos de prevenção existentes, independentemente de onde vivam. No interior ou no litoral, em Portugal como no estrangeiro", salientou.

Em 2022 o GAT distribuiu gratuitamente mais de 1,5 milhões de preservativos.

Em 2019, o total nacional de preservativos distribuídos foi de 5.500 milhões, sendo que em 2022 foi de 3.739 milhões.

"Embora este número represente um aumento em relação a anos anteriores (2020/2021), está ainda assim longe dos valores pré-pandemia que já se demonstravam insuficientes para as necessidades nacionais", refere o GAT.

Ricardo Fernandes defende que "as organizações comunitárias precisam de mais apoios e o Estado deveria fazer um maior esforço na disponibilização gratuita desta forma de prevenção".

"É inaceitável que o preservativo não seja disponibilizado de forma acessível e consistente nas escolas e nas prisões, bem como em outros contextos de maior vulnerabilidade", sublinha.

 

12
Jan23

Automutilação. Os adolescentes precisam de ajuda

Niel Tomodachi

A filha de Sónia deu recentemente entrada nas urgências, com um grande corte no braço que a obrigou a levar pontos. A de Armando marcou os pulsos com um x-ato e o pai ainda hoje dá voltas à cabeça para perceber porquê. Helena usou a lâmina de barbear do pai. Queria fugir à dor de um bullying mortificante. Um em cada quatro adolescentes portugueses já se feriu de propósito. E as sirenes disparam. Não estamos a fazer o suficiente para acudir ao sofrimento dos mais jovens, avisam os especialistas.

Sónia (nome fictício) lembra-se da primeira vez como se fosse hoje: o choque de chegar a casa e ver a filha deitada na cama, cheia de cortes nos braços, o sangue ainda ali à vista, o desvario que veio com aquela imagem desconcertante, antes que ela pudesse sequer parar para respirar fundo. “Fiquei possuída, confesso. Na altura, não entendi aquilo como um pedido de ajuda, mas sim como uma tentativa de chamar a atenção. E então passei-me. Dei-lhe uma palmada no rabo e depois ajudei-a a curar as feridas, mas sempre muito aborrecida.” O episódio tem anos, a filha, uma das três, estava então com 13 anos, entregue à adolescência, envolta num intrincado nó sombrio. “Enquanto criança, era extremamente sociável e popular. Os miúdos até se pegavam para ir às festas dela. Depois começou a recusar todos os convites e mais alguns, a deixar de querer fazer festas de anos, a fechar-se no mundo dela.” Por essa altura, já estava até a ser acompanhada por um pedopsiquiatra. Por causa de um episódio na escola envolvendo um bilhete com uma aparente mensagem suicidária, que levou a diretora de turma a chamar Sónia para lhe dar conta da sua preocupação. “Ela negou. Disse sempre que só se estava a referir ao facto de ir mudar de escola.”

Mas depois vieram os cortes. “Tentámos falar com ela, mas não dizia nada, ficava calada, nunca deu uma justificação .” E o coração de mãe a encolher, imerso num mar de dúvidas. “Entretanto fomos percebendo que havia uma questão relacionada com a identidade de género. Mas mesmo isso ainda não percebemos bem. Porque ela quer ser chamada por um nome masculino, mas quando lhe pergunto se, no futuro, quer fazer uma operação para mudar de sexo, ela diz: ‘Credo mãe, claro que não’. E noutras vezes diz que é só uma questão de pronome. De qualquer forma, nós nunca fomos castradores em relação a isso, nem em relação a nada.” Sónia vai divagando em ziguezagues, como quem continua à procura de explicações. “Sabemos que tem uma má relação com a irmã mais velha e que isso é parte do problema. Mas, se me pergunta se temos problemas em casa, eu acho sinceramente que não, que somos uma família normal. No outro dia, ouvi-a a dizer à irmã que, a dada altura, na escola antiga, chegou a sofrer de bullying. E eu pergunto-me: ‘Mas como é que nós nunca soubemos de nada? E será que isso também contribuiu?’.”

Sem respostas, e sem um guião exato para lidar com o problema, a família vai procurando “vigiar” como pode. “Tento estar sempre atenta. A minha filha do meio nisso também ajuda muito porque dão-se bem. Quando ela está a tomar banho e sabemos que anda mais nervosa, a do meio vai para a casa de banho também, tenta distraí-la, fazer conversa, ir espreitando. Percebemos que, volta a meia, quando anda mais nervosa, faz pequenos cortes, nas coxas ou nos antebraços, coisas discretas.” Mas, recentemente, a situação voltou a descontrolar-se. “Fez um corte muito grande no braço. Como não parava de sangrar contou à irmã e ela contou-me a mim, levei-a às urgências e teve de levar três pontos. Disse-nos que fez aquilo por causa de um pico de stress, motivado pelos exames da faculdade. Essa é outra coisa. Ela sempre teve excelentes notas, mas é extremamente perfeccionista e isso também não a ajuda.” Toma até medicação, “levezinha”, diz a mãe, para a ajudar a lidar com a ansiedade e a dormir melhor. Mas até ver não tem nenhuma outra patologia diagnosticada. E ainda assim Sónia continua a viver de coração nas mãos. “É inevitável pensar: ‘Agora é um corte, amanhã o que vai ser?’. É muito complicado. Ela já é acompanhada por uma psicóloga, por um pedopsiquiatra, eu também tento ajudar, mas ela fala pouco comigo. É uma sensação de impotência muito grande. É triste vermos um filho a sofrer e não conseguirmos fazer nada para ajudar.”

A angústia que aflige Sónia inquieta um número crescente de pais. A asserção é confirmada pelos dados apresentados no´último estudo “Health behaviour in school-aged children [comportamentos de saúde de crianças em idade escolar]”, realizado de quatro em quatro anos pela Organização Mundial de Saúde, em 51 países, entre os quais Portugal. A análise, conduzida pela equipa do projeto Aventura Social, em parceria com várias entidades, Direção-Geral da Saúde incluída, denota um agravamento da saúde mental dos jovens entre os 11 e os 15 anos (a amostra focada neste estudo), traduzido numa série de parâmetros com resultados preocupantes: 28% dos adolescentes sentem-se infelizes, 9% estão “tão tristes que não aguentam mais”, 21% sentem-se nervosos quase todos os dias (16% admitiram mesmo ter tomado medicação por este motivo no mês anterior), 9% sentem medo diariamente, 64,1% têm dificuldade em adormecer à noite. Em todos estes pontos, há um agravamento, quando comparando com os resultados obtidos em 2018 (ver gráficos). A própria perceção de infelicidade escalou quase dez pontos percentuais, dos 18,3% para os 27,7%. E é neste quadro negro que sobressai um outro resultado inquietante: um em cada quatro adolescentes portugueses (24,8%) já se feriu de propósito pelo menos uma vez, através de cortes, queimaduras ou outro tipo de lesões. Um número que traduz um aumento superior a cinco pontos percentuais face aos resultados de 2018 e que faz soar os alarmes.

 

“Se não fosse a minha mãe não estava aqui”

 

“É uma forma de os jovens lidarem com as emoções negativas e uma manifestação de mal-estar psicológico muito preocupante, que requer apoio especializado”, alerta Tânia Gaspar, coordenadora nacional do estudo. Sofia Ramalho, vice-presidente da Ordem dos Psicólogos, chama a atenção para um “agravamento do sofrimento psicológico na sua generalidade, que se manifesta em mais ansiedade, mais quadros de depressão, mais distúrbios alimentares e também mais automutilações”. No caso destas últimas, a especialista sublinha que tanto podem ser “sintoma de um problema de saúde mental”, nomeadamente de depressão, como uma situação “isolada e situada no tempo, que não implica a existência de uma perturbação subjacente”. Em ambos os casos, há “uma tentativa de autorregulação emocional e de autocontrolo da dor [psíquica] e da ansiedade”. E em ambos os casos está inerente “um sofrimento psicológico intenso”, que impõe a necessidade de uma “intervenção psicológica e especializada”.

Também João Bessa, da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, põe o dedo na ferida. “A questão não são tanto os números, porque esses dependerão sempre da metodologia adotada em cada estudo. O que me parece mais relevante é que este é um problema de saúde pública que está cá, que obviamente não se verifica só a nível nacional, mas que é preocupante, que tem que ser reconhecido e valorizado, e que exige a adoção de novas estratégias.” Até porque, lembra o psiquiatra e docente da Escola de Medicina da Universidade do Minho, apesar de os comportamentos autolesivos não terem, à partida, “uma intencionalidade focada no fim da vida”, são “um fator preditivo importante do aparecimento de comportamentos suicidários no futuro”. Para tranquilizar os pais que possam estar a ler estas linhas, vale a pena reforçar que a correlação não é obrigatória. Mas é mais um sinal de que o assunto é grave e deve inspirar cuidados e reflexão.

O caso de Helena Maia, 21 anos, é um bom exemplo disso. Pede que a chamemos pelo nome verdadeiro porque não se envergonha do que ficou para trás. E porque, repete uma e outra vez, quer muito poder ajudar outros jovens que estejam a passar pelo mesmo. Helena vive com uma depressão. Assume-o às claras. Toma antidepressivos e ansiolíticos (estes últimos só em SOS). E ainda assim diz com orgulho que se transformou, que conseguiu escapar do buraco onde viveu durante tanto tempo. Fala despachada, confiante, parece toda senhora de si. A história começa quando tinha uns 12, 13 anos. “Era muito gordinha, cheguei a pesar 105 quilos, e sofria imenso bullying. Desde ouvir coisas como ‘olha, vai ali a passar a gorda’ até fazerem rodinhas à minha volta para me humilharem e chamarem nomes.” Acresce que mal falava sobre o assunto. Os pais trabalhavam muito, ela também não se sentia à vontade para puxar o tema, tinha vergonha, começou a fechar-se em copas. E a espiral de sofrimento começou aí. Depois, veio a “inspiração”. Uma amiga que “andava sempre com a caixinha das lâminas” e que um dia se automutilou à beira dela. “Porque no fundo partilhávamos o mesmo sofrimento.”

Helena viu ali um possível escape para a dor. “Durante a noite, quando os meus pais estavam no quarto, fui buscar uma lâmina de barbear do meu pai e cortei-me no braço.” Lembra-se que chorou, que o alívio que achou que ia encontrar foi engolido por uma tristeza imensa, que se culpou e ficou ali abatida, a braços com um peso inultrapassável: “Como é que cheguei a este ponto?” E ainda assim optou por continuar a calar aquela dor, a sofrer em silêncio. “Durante duas semanas, tive que andar sempre preocupada em tapar os braços, em esconder, porque fiquei mesmo muito marcada.” Na altura, uma amiga mais próxima, que se apercebeu de que ela não estava bem, tentou apoiá-la. Mas os pais de nada souberam. Essa confissão, aos pais – ou melhor, à mãe -, tardaria ainda uns dois anos. “Curiosamente, até foi por causa de um comentário de um professor de Educação Física. Na altura íamos ter um corta-mato e ele, num telefonema para a diretora da escola, disse qualquer coisa como: ‘Não te esqueças que para a Helena tem de ser uma camisola maior.’” E aquela saída aparentemente desprovida de maldade deixou-a desvairada, como um gatilho que traz à tona o que tentamos a todo o custo remeter para as entranhas. “Fui-me embora da escola a correr, cheguei a casa muito triste, a chorar, enraivecida, tão enraivecida que dei um soco num vidro e tive de ir para o hospital, porque abri o braço todo. Levei imensos pontos.” Naquele momento, decidiu abrir o jogo com a mãe. Contar-lhe do bullying, do sofrimento, de como tentou fazer mal a ela própria. E a partir dali o jogo virou: começou a ter acompanhamento especializado, deixou a escola antiga, mudou-se de Matosinhos para o Porto. “Aí comecei a minha transformação.”

Tudo parecia estar por fim a entrar nos eixos. Mas com 18, 19 anos, nem sabe ao certo, teve um momento de desespero e tentou pôr fim à vida. “Tenho uma depressão e naquele dia não estava em mim. Acho que sofri tanto naqueles anos que acabei por ficar com uma série de traumas.” Mas prefere focar-se na parte boa da história. “Os meus amigos foram muito importantes neste processo. E a minha mãe também. Se não fosse a minha mãe não estava aqui hoje.” Por isso, faz questão de deixar um conselho a quem possa rever-se nas angústias que acedeu a partilhar. “Não tenham medo de falar. Se não quiserem falar com a vossa mãe ou o vosso pai, falem com outra pessoa. Numa fase inicial nós temos sempre vergonha, mas é o primeiro passo. O pior é sempre guardar.” E não termina sem dar graças por se dar hoje “muito mais valor à saúde mental”. “Há uns anos, quando eu andava na escola, ainda era uma questão muito subvalorizada. A minha mãe ainda hoje se culpa por não ter reparado antes na minha tristeza, por não ter conseguido apagar o fogo a tempo.”

A relação com os pais não é uma nota lateral nesta história. Tânia Gaspar, coordenadora do estudo que dá o mote para este trabalho, salienta isso mesmo. “O estudo fornece uma visão abrangente, em que tentámos ver a ‘big picture’. Por um lado, há a questão dos indicadores de saúde mental e bem-estar destes jovens; por outro, é percetível também um agravamento da relação com os pais, uma maior dificuldade de comunicação, uma perceção de menor apoio dos pais e de que a relação já não é tão positiva.” A psicóloga clínica destaca ainda dois outros pontos, que lhe parecem relevantes para uma interpretação mais ajustada: “Por um lado, a questão do aumento do uso das novas tecnologias.” Que em si mesmo não é mau, mas que pode ser preocupante na medida em que há um aumento da dependência e um aparente “enfraquecimento das competências socioemocionais” na socialização cara a cara. E há ainda a questão dos medicamentos. O estudo mostra que aumentou o uso do fármacos como espécie de droga, bem como a medicação sem prescrição médica. “E isto também inibe as competências para lidar com as coisas de outra forma. Todo este panorama acaba por pesar na questão da saúde mental e do bem-estar.”

A este quadro juntou-se, nos últimos dois anos, um outro fator que assume particular relevância no agravamento do estado emocional dos jovens (e não só): a pandemia. E tudo o que veio com ela. Diogo Guerreiro, especialista em psiquiatria de adultos e adolescentes e autor de uma tese de doutoramento datada de 2014 que foca precisamente a questão dos comportamentos autolesivos, ressalva que não há explicações 100% precisas “porque são sempre multifatoriais”, mas recorda que a crise pandémica, os confinamentos, o isolamento fizeram com que o aumento da prevalência da ansiedade e da depressão seja “avassalador em todo o Mundo”. Com natural repercussão ao nível dos comportamentos autolesivos.

“Estes comportamentos têm dadas funções. Por um lado, são uma forma de comunicação. Por outro, são uma tentativa destes jovens regularem emoções que não estão a conseguir controlar.” E o facto de os adolescentes se terem visto privados da socialização, a incerteza que veio com a pandemia, a instabilidade financeira e familiar redundaram numa espécie de “tempestade perfeita” para os potenciar. “Quando somos adultos, temos outras formas de lidar com a frustração, com o tédio, com os estados mais depressivos. Os adolescentes nem tanto. Até porque muitas vezes também há um efeito de contágio.”

 

“Para não lhe bater, parti-lhe o telemóvel”

 

Armando (nome fictício) não tem certezas, mas está convencido de que esse fator também há de ter contribuído para que, há uns meses, a filha (13 anos) tenha decidido cortar ambos os pulsos com um x-ato. “Creio que se inspirou numa colega da escola que passou pelo mesmo. Nestas idades as companhias influenciam muito.” Armando nem sabe bem por onde começar a desenrolar o novelo. Sabe que a filha sempre foi algo tímida, mas que se tornou mais introvertida com a entrada na adolescência. Sabe que a pandemia e a “telescola”, como lhe chama (neste caso, o “Estudo em Casa”), não ajudaram. “Se ela já passava muito tempo no quarto, começou a passar ainda mais.” Sabe que a filha foi ficando mais calada e mais murcha. Desconfia até dos animes (desenhos animados japoneses) que a filha começou a ver. “Eu não sei, mas acho aquilo muito depressivo.” Até que, um dia, a mulher recebeu um telefonema da mãe de uma colega da escola da filha. A avisá-la de que algo de estranho se passava. “Nesse dia, quando chegámos à beira dela, a mãe puxou-lhe as mangas da camisola para cima e vimos que tinha os pulsos cortados.”

“Não foi bonito”, reconhece. “Muitos gritos, choro, fiquei tão cego que, para não lhe bater, parti-lhe o telemóvel.” A reação imediata de quem é tomado de súbito pela frustração e a angústia. Pela incompreensão também. “Ainda hoje não consigo perceber.” Depois, com mais calma, tentaram conversar. “O passo seguinte foi procurar ajuda na escola, falar com os professores, pedir para estarem atentos. Nessa altura, começou também a ser acompanhada pela psicóloga da escola. Fomos insistindo no diálogo em casa, tentando puxá-la para sair mais, e as coisas foram acalmando.” Que se tenham apercebido, o episódio não se repetiu. “E ela até está mais comunicativa. Mas mesmo assim ando sempre de pé atrás. Porque quem passa por uma situação destas fica sempre desconfiado.” Tanto mais quanto Armando continua a deparar-se com umas quantas pontas soltas. “Ela nunca conseguiu explicar-nos bem por que razão o fez. Mas havia claramente inseguranças e falta de autoestima próprias de uma adolescente. Problemas com o corpo. Mas, caramba, eu também tive, quando era adolescente. Acho que todos passámos por isso e não andámos propriamente a cortar-nos com um x-ato.”

O desabafo de Armando toca num ponto relevante, desconstruído pela pedopsiquiatra Bárbara Romão. “Os jovens podem sofrer de uma forma mais internalizante, que é aquele sofrimento que provoca maior apatia, que puxa mais para estar deitado, ou mais externalizante, que é quando o sofrimento é exteriorizado. E hoje em dia o sofrimento mais comum é o externalizado. Já não há tanto aquela inibição de incomodar o outro, de não querer dar nas vistas, que se devia muito a uma educação mais autoritária. Neste momento, como o modelo parental mais prevalente é um modelo mais permissivo, isso faz com que o sofrimento seja mais externalizado. Mas também faz com que haja jovens mais narcísicos, menos gratos, mais exigentes, mesmo em relação aos próprios pais.” E, embora admita que a percentagem apresentada no estudo (um quarto dos jovens) a surpreende, não tem dúvidas de que “é um fenómeno crescente”, que atende cada vez mais jovens com “pequenos cortes” e que há um “agravamento enorme”, a todos os níveis. “A procura disparou com a pandemia. Já não estou a aceitar primeiras consultas porque não tenho capacidade de resposta.”

Ivone Patrão, psicóloga clínica e coordenadora do projeto “Geração Cordão”, aponta outros fatores, mais relacionados com a esfera pessoal, que podem pesar. “As questões relacionadas com a imagem corporal, os problemas ligados ao comportamento alimentar, as dificuldades na socialização e interação com o grupo de pares ou mesmo as disfuncionalidades familiares, tudo isso pode contribuir para que haja comportamentos autolesivos. Depois, os estudos dizem-nos que adolescentes com uma personalidade mais introvertida ou com características de um neuroticismo mais elevado estão mais sujeitos. Mas claro que isto não quer dizer que todos os miúdos introvertidos se vão cortar.” Chama ainda a atenção para outros dois pontos relevantes: o primeiro é que estes comportamentos são mais típicos nas raparigas, mas “também há rapazes a fazê-lo”; o segundo é que quando acontece uma vez, “a probabilidade de se repetir é grande”.

Hugo Tavares, pediatra no Hospital Lusíadas Porto, onde é responsável pela “consulta do adolescente”, também tem notado um aumento substancial do número de jovens que adota comportamentos autolesivos. “Os últimos tempos têm sido inacreditavelmente pródigos neste tipo de episódios.” O pediatra distingue três situações-tipo. “Há casos em que, quando nos chegam, já temos conhecimento de que estes comportamentos ocorreram; há outros em que os pais se apercebem que há uma mudança de atitude e depois, durante o exame da consulta, vamos dar com as marcas dos cortes; e há ainda aquelas situações em que não há qualquer indício percecionado pelos pais e acabamos por ser nós a descobrir.” Frequentemente, os pacientes tentam esconder, arranjam justificações, dizem que foi o gato que os arranhou ou invocam outra qualquer desculpa. Noutros casos, “até fazem gala disso”. “Há situações em que a questão é a transferência da dor psicológica para a dor física. E há outras em que o veem como um castigo que têm de cumprir. Porque se portam mal, porque só causam problemas à família, porque a escola não corre bem, porque os amigos não gostam deles. Seja como for, é sempre um sinal muito importante de perda do controlo, que nos deve preocupar. Porque dali para outras situações que põem em causa a vida pode ser um passinho.” Bárbara Romão também realça que estes fenómenos “nunca devem ser negligenciados”. “O mais importante é não desvalorizar. Uma automutilação pode ter vários significados, mas é sempre caso para consultar um especialista. E também é importante não culpabilizar, mostrar compreensão, comunicar.”

E num plano mais alargado, o que pode ser feito para reduzir estes números e cuidar da saúde mental dos mais jovens? O psiquiatra Diogo Guerreiro aponta alguns pontos cruciais. “É preciso falar mais, aumentar a literacia dos pais e dos professores, para que saibam reconhecer os sinais de alarme. É preciso que os próprios jovens saibam a quem podem recorrer. Tem havido um aumento brutal das patologias de saúde mental e, com os meios que temos, é muito difícil encontrar uma resposta cabal na rede. Tem de haver uma abordagem mais geral, que envolva a escola, a sociedade, em que os professores estejam à vontade para falar sobre estes temas, em que tenham ao seu dispor um kit básico de ferramentas para abordar o assunto, em não haja tabus. Há muito a ideia de que falar sobre estes comportamentos vai exponenciá-los, mas uma das medidas que mais eficácia tem é falar sobre eles.” Além do imperativo reforço da rede de psicólogos e pedopsiquiatras do SNS. Até porque, como lembra João Bessa, da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, o “sofrimento psíquico na infância e adolescência pode suscitar o desenvolvimento de patologia psiquiátrica na idade adulta”. Por isso, não tem dúvidas: “O foco de intervenção deve virar-se cada vez mais para estas janelas temporais que sabemos que são cruciais no desenvolvimento pessoal”.

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Vira(l)Solidariedade – Rede de Apoio Telefónico da Sociedade Portuguesa de Psicanálise
Horário: 08 horas – 00.00 horas
Contacto telefónico: 300 051 920

 
 

Source: https://www.noticiasmagazine.pt/2023/os-adolescentes-precisam-de-ajuda/historias/284402/

 

11
Jan23

Por que motivo ajudar os outros faz com que nos sintamos bem

Niel Tomodachi

https://asset.skoiy.com/whsrsqapdgmduxce/onx5kgijc05a.jpg

 

A explicação encontra-se no bem-estar eudaimônico. Descubra o que é.

 

Já se perguntou sobre o porquê de se sentir bem quando faz algo de positivo para outra pessoa ou participa de uma causa de caridade? A ciência determinou que é o bem-estar eudaimônico que explica este fenómeno. Realizar atos de bondade e ajudar os outros pode ser bom para a saúde e para o bem-estar das pessoas, de acordo com pesquisa publicada pela American Psychological Association no 'Psychological Bulletin'. “O comportamento pró-social (altruísmo, cooperação, confiança e compaixão) é um ingrediente necessário de uma sociedade harmoniosa para funcionar bem. Faz parte da cultura partilhada pela humanidade, e a nossa análise mostra que também contribui para a saúde física e mental”, disse Bryant PH Hui, professor assistente de investigação da Universidade de Hong Kong e principal autor da pesquisa.

“Os seres humanos são realmente projetados para serem recompensados ​​quando praticamos ações altruístas. O egoísmo é natural no ser humano e é necessário para a sobrevivência. Porém, quando fazemos algo pelos outros sem esperar nada em troca, é como se o cérebro nos recompensasse ativando a dopamina, a hormona da felicidade e do prazer. É por isso que algumas pessoas se sentem mais felizes quando oferecem presentes do que quando recebem,” explica Inma Brea, especialista em comportamento humano, coach e mentora de executivos e líderes organizacionais.

“Ser generoso deixa-nos felizes. É uma emoção que está associada ao altruísmo e à solidariedade. Faz-nos sentir orgulho de nós mesmos e dá-nos uma imagem de autoconfiança. Também gostaria de comentar o quão é importante poder ser generoso, mas também receber a generosidade dos outros. Alguém que é generoso fala-nos de independência, capacidade de agir (não só financeiramente), mas também de ser gentil, ensinar alguém, dedicar tempo a uma atividade... Ou seja, alguém que pode ajudar, mas também é importante saber ser ajudado" , acrescenta Alicia Reinoso, psicoterapeuta.

Existem pessoas que não conseguem fazer uma boa ação sem avisar os outros... Estamos a falar de alguém que precisa de aplausos? Inma Brea acredita que sim. “De fato, há pessoas que precisam ser reconhecidas como “gente de bem”, porque isso faz parte da sua identidade. Quando alguém tem necessidade de ser reconhecido socialmente por essa qualidade, realmente é capaz de esforçar-se muito para conseguir isso; é alguém que está sempre atento aos outros, pergunta sobre a família, oferece-se para ajudá-la nas mudanças, etc. Não é tanto pelos aplausos, mas por reafirmar a própria identidade”, explica.

“Claro que isto é uma faca de dois gumes, porque no fundo essa pessoa sabe que espera algo em troca: amor e reconhecimento. Portanto, por não ser inteiramente altruísta, gera uma certa culpa, inconscientemente, criando um círculo vicioso da necessidade de dar para receber”, esclarece a especialista em comportamento humano, coach e mentor de executivos e líderes organizacionais.

“Ser generoso deixa-nos felizes. É uma emoção que está associada ao altruísmo e à solidariedade."

“Como mencionei antes, estamos aludindo ao assunto da chapadinha nas costas, de poder ser feliz com o que faz, sem a necessidade do reconhecimento do outro. Mas isto acontece com absolutamente tudo, até com a saúde (há pessoas que comem de forma mais saudável quando estão com outras pessoas, ou que se cuidam pelo efeito que isso tem no corpo, não para elas mesmas, mas para os outros verem) . Neste caso, são pessoas que só têm o sentimento de valor ou de que algo que fizeram é valioso se alguém lhes disser ou reconhecer. No final, também pode ser um traço de insegurança”, comenta Alicia Reinoso.

“Outra possibilidade é ser duas caras. Só quando alguém me vê é que eu comporto-me bem, mas dentro das paredes da minha casa sou o oposto... Portanto não é uma generosidade desinteressada (que nunca é, porque faz-nos sempre bem sermos generosas), mas neste caso procura algo além do suposto gesto de generosidade”, alerta a psicoterapeuta.

As redes sociais estão a lançar cada vez mais ações com fins filantrópicos, por isso são uma ótima ferramenta para ajudar. A área de filantropia do Twitter, chamada TwitterForGood, em trabalha constantemente com ONGs e instituições de caridade para aproveitar o poder positivo do Twitter para tornar o mundo num lugar melhor. Eles fazem isto fortalecendo as suas comunidades através da sua plataforma, os seus funcionários e os seus recursos.

“No Twitter, estamos convencidos de que a conversa pública e a troca aberta de informações podem ser uma força imparável para o bem no mundo. Com base nessa ideia, a nossa missão filantrópica concentra-se em refletir e ampliar o poder positivo de nossa plataforma por meio de uma interação cívica, voluntariado de funcionários, contribuições de caridade e doações de publicidade pro bono ou de outra espécie. Desta forma, o Twitter pode promover uma maior compreensão, igualdade e oportunidades nas cidades e países em que atua. Os funcionários do Twitter estão envolvidos numa ampla variedade de causas e iniciativas filantrópicas, como resposta a crises e emergências ou alfabetização tecnológica, entre muitas outras”, explica a equipa do Twitter.

“Fortalecer as nossas comunidades faz parte de nosso ADN e esforçarmo-nos para unir a nossa empresa e comunidade como uma força para o bem social. E fazemos isto de uma perspetiva ampla, onde não apenas procuramos ajudar a arrecadar fundos, mas também garantir que as organizações possam usar o Twitter para alcançar comunidades vulneráveis ​​e divulgar o seu importante trabalho por meio de nosso programa #AdsforGood.social, no qual a filantropia está presente diariamente através do poder democratizante da plataforma e do altruísmo das pessoas que utilizam o seu serviço. Assim, eles arrecadam dinheiro para quem precisa, partilham causas que necessitam de apoio e mobilizam mudanças por meio de poderosos movimentos sociais.

 

05
Dez22

Casos de cancro em Portugal aumentaram quase 20% numa década

Niel Tomodachi

Os homens continuam a ser os mais afetados por tumores malignos. A idade mais crítica é entre os 60 e os 74 anos.

Nos últimos dois anos, a pandemia colocou o mundo inteiro concentrado numa nova emergência, mas outras doenças, apesar de terem ficado para segundo plano, continuam a existir. É o caso do cancro, que tem sido diagnosticado cada vez mais nos últimos dez anos.

Entre 2010 e 2019, os diagnósticos de cancro dispararam quase 20 por cento (19,3 por cento), de acordo com os dados do Registo Oncológico Nacional (RON), apresentados neste domingo, 4 de dezembro, pelo “Jornal de Notícias”. Só em 2019, foram diagnosticados mais de 57 mil novos casos de cancro, tendo sido registadas 28,464 mortes com esta doença.

Segundo o relatório do RON, por cada 100 mil pessoas (em 2019), existem 561,1 casos. Os homens continuam a ser mais afetados do que as mulheres por tumores malignos, mas o risco de cancro aumentou de forma global para ambos os géneros, sendo que a idade mais crítica é entre os 60 e os 74 anos.

O cancro da mama continua a ser o mais frequente em mulheres: em 2019, foram diagnosticados 8482 novos casos. De acordo com Maria José Bento, diretora do serviço de epidemiologia do IPO do Porto, “um em cada três cancros da mulher são da mama”.

No caso dos tumores do pulmão, é mais frequente nos homens, embora comecem a surgir sinais de alerta para as mulheres, uma vez que as taxas de incidência estão a aumentar no sexo feminino. Em causa está o aumento do tabagismo.

 

09
Nov22

Startup vai desenvolver aplicação para detetar doenças através de selfies

Niel Tomodachi

Um biocientista indiano apresentou hoje, na Startup de Santarém, uma aplicação que, com uma 'selfie', deteta potenciais doenças, a qual quer produzir e comercializar complementada por roupas inteligentes que permitem exercitar o corpo para que este se mantenha saudável.

Startup vai desenvolver aplicação para detetar doenças através de selfies

Aseem Gupta, fundador da MI.BO, apresentou hoje, na Startup Santarém as duas vertentes de um projeto que tem vindo a desenvolver nos últimos anos e que visa permitir que as pessoas vivam mais tempo de forma saudável.

"Hoje em dia a nossa vida é mais longa, mas há um hiato entre o tempo de vida e o período em que vivemos com saúde. Atualmente, este hiato é de 9,2 anos. Assim, nos últimos anos da nossa vida, apesar de vivermos mais, sofremos bastante e a maior parte deste sofrimento é completamente desnecessário", disse à Lusa.

O projeto, o primeiro ao abrigo do programa Startup Visa (programa de acolhimento de empreendedores estrangeiros que pretendam desenvolver um projeto de empreendedorismo e/ou inovação em Portugal) a instalar-se na incubadora dinamizada pela Associação Empresarial da Região de Santarém (Nersant), foi um dos "20 produtos mais interessantes" criados por 'startups' selecionados para apresentação na Web Summit, que se realizou a semana passada em Lisboa.

Em entrevista à Lusa, Aseem Gupta afirmou que, após um episódio dramático na sua vida, foi a necessidade de "habilitar as pessoas a viverem mais tempo de forma saudável" que o motivou para a criação de uma aplicação que, através de uma foto, consegue detetar se a pessoa corre o risco de vir a sofrer uma das doenças atualmente responsáveis pela morte de 21 milhões de pessoas em todo o mundo, como ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou diabetes.

"A primeira coisa é o diagnóstico. Hoje temos de fazer exames, ir ao hospital para o médico poder dizer se se é diabético, ou se tem a tensão alta, etc", informação que a aplicação disponibiliza em minutos, disse.

Sabendo como está a saúde da pessoa, a MI.BO (que significa mente e corpo, numa abordagem da "pessoa como um todo") propõe-se disponibilizar um programa para melhorar a condição física e o bem-estar através de um sistema de eletroestimulação incorporado na roupa do dia-a-dia, que exercita o corpo durante as atividades diárias de acordo com a informação específica de cada pessoa.

Aseem Gupta afirmou que o investimento na Startup Santarém, instalada na antiga Escola Prática de Cavalaria, vem sendo trabalhado com a Nersant desde 2019, depois de ter visitado várias cidades do país, acabando por se render à forma como foi recebido, bem como à pacatez e proximidade da cidade a Lisboa.

A MO.BI assinou, em setembro, um protocolo com o Instituto Politécnico de Santarém, com cujas escolas de Saúde, Desporto e Tecnologia e Gestão quer continuar a desenvolver uma tecnologia que, segundo afirmou, foi já testada em 35.000 pessoas.

Atualmente em fase de aprovação, o projeto vai entrar em fase "piloto", estando a decorrer contactos com empresas e instituições que se queiram constituir como parceiras para lançar os produtos no mercado em 2023, disse.

Entre potenciais parceiros, apontou a saúde pública, os municípios, as seguradoras, os empregadores, salientando que "todos têm interesse em que as pessoas tenham melhor saúde".

"Se, por exemplo, o presidente da Câmara de Santarém quiser saber o estado de saúde da sua população, podemos dizer-lho em cinco dias, podemos dizer qual a percentagem da população em risco de sofrer ataque cardíaco nos próximos cinco a 10 anos, qual a percentagem em risco de diabetes. Também a saúde pública pode ter acesso a esta informação e usá-la", afirmou.

Uma das modalidades que a empresa quer comercializar é, através da aplicação descarregada nos telemóveis, disponibilizar um 'check-up' à saúde por mês, mediante uma subscrição anual de 12 euros, que pode ser adquirida individualmente ou por empresas e entidades que as cedem gratuitamente aos trabalhadores, aos clientes ou a grupos populacionais, acrescentou.

 

09
Nov22

É por isto que nos sentimos mais stressadas no outono

Tem-se sentido em baixo? Há uma razão para isso.

Niel Tomodachi

depressão sazonal

Achar cada vez mais difícil sair da cama quando o frio se aproxima é normal. Mas quando o outono e o inverno começam, também é comum encontrar-se com alguns sintomas depressivos. Nestas alturas pode estar a lidar com depressão sazonal.

A depressão sazonal (SAD) está relacionada com as mudanças de estação. Por isso, acontece sempre na mesma altura do ano: começa no outono, prolongando-se pelo inverno. “Tal como a maioria dos problemas de saúde mental, ela existe numa escala de gravidade, desde relativamente controlável até à interrupção da vida”, diz Michael Terman, diretor do Center for Light Treatment and Biological Rhythms da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos da América.

A depressão sazonal faz praticamente o que diz. O encurtamento das horas do dia e a falta de luz solar no outono e inverno podem causar um desequilíbrio bioquímico numa parte do cérebro chamada hipotálamo que regula o humor, o apetite e o sono. O resultado? Problemas de sono, ansiedade, depressão, falta de energia e comer compulsivamente em excesso.

 

Quanto tempo dura a depressão sazonal?

 

A SAD tem tendência a aparecer durante os meses de outono – desde o final de setembro ou início de outubro, até ao início de março. Para algumas pessoas que lidam com o assunto, os seus sintomas podem ser mais intensos nos meses mais frios e escuros: dezembro, janeiro e fevereiro.

 

Quais são os sintomas da SAD?

 

De acordo com o The National Institute of Mental Health, os sintomas clássicos de depressão sazonal são os seguintes:

  • A persistência do humor baixo durante a estação do outono e inverno.
  • Perda de prazer ou interesse em atividades normais
  • Sentir-se irritável, inútil, culpada ou em desespero
  • Falta de energia ou letargia durante o dia
  • Algumas pessoas anseiam por hidratos de carbono e podem, por vezes, ganhar peso como resultado.

 

27
Set22

Dentes limpos e sem mau hálito? Com este sabor a maçã é mais fácil

Niel Tomodachi

Basta adicionar diariamente um pouco da solução na taça de água do seu cão ou gato. Vai fazer a diferença.

Tal como nós, os nossos cães e gatos só têm uma dentição adulta, por isso é melhor tratá-la bem logo de início para evitar problemas mais tarde.

Além da pasta dentífrica, com a qual pode escovar os dentes do seu pet, ou até de gel próprio, há algo mais que pode fazer: tratar a água que ele bebe. Adicionando cuidados dentários à sua água, manterá os seus dentes saudáveis durante mais tempo.

Uma boa opção é o Dental Care da Trixie para a água, com sabor a maçã. Trata-se de uma solução de uso diário que inibe a formação de tártaro, combate a placa bacteriana e o mau hálito em cães e gatos.

O Dental Care oral é muito simples de usar, devendo ser diluído diariamente água da taça de beber do seu animal. Utilize 1 parte do produto para 50 partes de água e substitua diariamente a água (mesmo que não a beba toda), repetindo o processo.

Assim, estará a cuidar dos dentes do seu animal através da água que ele bebe, ajudando a prevenir bactérias nocivas e mantendo um hálito agradável e fresco.

Pode adquirir o frasco de 300 ml por 4,15€ na plataforma online NewPetClub e não se esqueça que só adiciona à água a dose recomendada. O suave sabor a maçã vai deixá-lo satisfeito.

 

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