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Little Tomodachi (ともだち)

Little Tomodachi (ともだち)

18
Dez22

Com o Mundial a terminar, como ficam agora os direitos humanos no Qatar?

Niel Tomodachi

A Amnistia Internacional recusa que se coloque uma "venda nos olhos" com o fim do campeonato do mundo e lembra que "tudo está por fazer" quanto à compensação dos trabalhadores migrantes que, para que o evento fosse possível, foram vítimas de abusos laborais.

Com o Mundial a terminar, como ficam agora os direitos humanos no Qatar?

Mundial'2022 chega ao fim, este domingo, e ficou inevitavelmente marcado pela chuva de críticas devido aos atropelos à Declaração Universal dos Direitos Humanos no Qatar, país que acolheu o evento. O campeonato do mundo de futebol dividiu opiniões - em Portugal, mas não só - sobre a representação de cada país no local, a conivência de empresas europeias e as suspeitas de corrupção em torno da atribuição do evento.

Mesmo com o campeonato a chegar ao fim, milhares de trabalhadores continuam a enfrentar dificuldades resultantes de salários em atraso ou que não foram pagos, acesso limitado à justiça, e continua, também, por investigar a morte de muitos dos trabalhadores.

"O Mundial já decorre. A justiça não pode tardar", dissera, no mês passado, o diretor da Amnistia Internacional Portugal, Pedro A. Neto. Agora, para Ângela Ferreira João, diretora de angariação de fundos da mesma organização, "estamos noutra fase", em que é necessário garantir que estes trabalhadores e as suas famílias "não ficam esquecidos".

"Não é porque Portugal já não está na competição ou porque o Mundial vai acabar dentro de dias que esta situação tem um ponto final", defendeu a responsável.

Está tudo por fazer. Estas pessoas precisam de apoio, precisam de profissionais da área ao lado deles, a Amnistia precisa de continuar a denunciar o que acontece no Qatar, porque não falamos apenas de violações de direitos humanos por causa da construção dos estádios e de infraestruturas associadas ao campeonato, mas falamos de o Qatar ser um país que viola os direitos humanos de forma reiterada e constante."

Depois de uma campanha em parceria com a MEO para sensibilizar os portugueses para os Direitos Humanos - divulgada através da televisão, imprensa, rádio e digital -, a Amnistia Internacional segue com a petição que "pede uma posição de responsabilidade tanto da FIFA como do governo do Qatar".

Para a diretora de angariação de fundos da Amnistia Internacional Portugal, "agora que já falámos sobre a face menos boa deste Mundial", é necessário dar novo fôlego à campanha, já que "estas pessoas não podem ser esquecidas".

"O que pretendemos é que as pessoas conheçam cada vez mais em detalhe, que consultem os relatórios e que percebam que o facto de acabar o Mundial num país como o Qatar não invalida que outros abusos não continuem a acontecer ali", alertou.

O que nós não queremos é que as pessoas coloquem uma venda nos olhos e que, agora que já acabou o Mundial, já ninguém queira saber de direitos humanos. Pelo contrário. Há muitos anos que o Qatar é um dos países que a Amnistia Internacional tem vindo a falar, muito antes de se saber que o Qatar iria receber o Mundial."

Futebol: o desporto rei. Vale tudo?

O Mundial 2022, no Qatar, teve início a 20 de novembro, e termina este domingo, dia 18 de dezembro. Contudo, as preocupações sobre o cumprimento dos direitos humanos naquele país não vêm de ontem.

Ângela Ferreira João frisou, aliás, que a Amnistia Internacional não se opõe à realização de eventos de futebol desta dimensão, mas considera que a FIFA "quando escolhe o local onde se vai realizar o Mundial, tem de ter em consideração se esse país respeita os direitos humanos", lembrando que, no caso do Qatar, "estamos a falar de um país onde as pessoas não têm liberdade para serem homossexuais, por exemplo". "Há aqui uma série de questões que a FIFA devia ter antevisto", defendeu.

Desde 2010, quando a FIFA atribuiu ao Qatar a organização do evento, que esta ONG tem investigado e produzido relatórios que divulgam "exatamente as condições em que estes trabalhadores se encontravam".

O pontapé de saída dos jogos "foi só um timing" em que o tema ganhou "mais relevância".

"A verdade é que há 12 anos que falamos sobre isto e que questionamos o que é válido para acontecer um campeonato de futebol no Qatar. Não há limites? Não deveriam existir sanções? Onde é que estão as compensações para os trabalhadores e para as famílias dos trabalhadores que morreram para que este Mundial pudesse existir no Qatar?", questionou a responsável.

Para Ângela Ferreira João, esta é "a luta, a reivindicação e o pedido de justiça que tem de ser feito", até porque "a investigação exaustiva tem de continuar".

Mesmo em relação aos trabalhadores que acabaram por morrer no Qatar, muitas das autópsias dizem que morreram de causas naturais. Morrer depois de estar a trabalhar 24 horas seguidas, com temperaturas de 42 graus, não me parece causas naturais, parece-me que houve aqui negligência. É isto que nós pedimos: uma investigação exaustiva que nos diga efetivamente o que é que aconteceu no Qatar, quem é que tem de ser responsabilizado e os números oficiais.

Além disso, a Amnistia Internacional pede "uma compensação": "O dinheiro que a FIFA ganha com a realização do Mundial no Qatar pode perfeitamente ser direcionado para este fundo de compensação para os trabalhadores e as suas famílias".

Para a responsável, nem a dimensão do evento nem o facto de este estar a terminar devem impedir que se investiguem todas as mortes até às últimas instâncias.

"É inegável que o futebol é o desporto rei. Falando num campeonato do mundo, nós sabemos que a visibilidade que o evento destes tem é massiva. Claro que torna exponencial toda a concentração de preocupações que existem. Obviamente que a investigação tem de decorrer normalmente", asseverou.

A esse propósito, a instituição insistiu para que as figuras de Estado que foram a Doha se manifestassem sobre "a responsabilidade que existe na realização de um campeonato de futebol, que tem uma visibilidade brutal e que não deve usar a escravatura para poder acontecer". Nesse sentido, congratulou-se por o Presidente da República ter abordado a questão dos direitos humanos.

"Do nosso lado, obviamente que nos agrada que haja uma mensagem forte sobre o que aconteceu de pessoas que têm influência e que estão no Qatar", referiu, dando o exemplo do discurso de Marcelo Rebelo de Sousa ou do protesto da seleção da Alemanha. "Não invalida o mal que aconteceu, que a situação esteja errada e que se continue a trabalhar por isso, mas obviamente que qualquer mensagem forte como a que Marcelo Rebelo de Sousa passou é algo que consideramos que é adequado e que deve existir, sim."

 

O que está em causa

Para a diretora de angariação de fundos da Amnistia Internacional Portugal, as condições em que se encontravam os trabalhadores ligados à construção dos estádios e outras infraestruturas "são de uma atrocidade brutal".

"Tudo começa numa fase inicial. Através de agências de recrutamento, as pessoas aceitam ir trabalhar para o Qatar. Falamos de pessoas que não são qataris, são pessoas que vêm da Índia, do Bangladesh, do Nepal, e estão à procura de condições melhores, e começam por se endividar à chegada. Têm de pagar a uma agência para ficarem trabalhadores", explicou.

"Depois, a partir do momento em que chegam, há uma lei no Qatar, um procedimento que é o 'kafala', basicamente, e é como se o empregador tivesse uma espécie de tutela sobre o trabalhador. O empregador fica com os seus dados pessoais, o passaporte, e, portanto, a partir desse momento dificilmente o trabalhador se consegue mexer no Qatar. Não consegue sair do país, não consegue pedir apoio jurídico porque não tem sequer os seus documentos e fica à mercê do empregador que tem", prosseguiu.

Ângela Ferreira João explicou que muitas dessas pessoas "não receberam salários" ou "receberam salários em atraso", "trabalharam horas e horas consecutivas com negação de dias de descanso, sob temperaturas muitíssimo elevadas, em condições completamente inseguras de trabalho". Além disso, denunciou, houve intimidação, discriminação, trabalho forçado e "mortes que continuam inexplicáveis".

"Não se pode esquecer isto", atirou, admitindo que houve reformas à lei laboral em 2018, mas que estas não saíram do papel. Ainda assim, a especialista acredita que "há muita coisa que se pode fazer", embora isso não invalide que o dano esteja feito.

"Estas pessoas precisam de apoio, estas pessoas precisam de profissionais da área ao lado deles, a Amnistia precisa de continuar a denunciar o que acontece no Qatar, porque não falamos apenas de violações de direitos humanos por causa da construção dos estádios e de infraestruturas associadas ao campeonato, mas falamos de o Qatar ser um país que viola os direitos humanos de forma reiterada e constante", conclui, incentivando aos donativos para que se alavanque o financiamento das investigações. "Isto é o muito que as pessoas podem fazer", rematou.

 

24
Nov22

Josh Cavallo critica FIFA: “Para sermos grandes líderes no desporto, nunca devemos desistir de reunir todas as pessoas”

Niel Tomodachi

Josh Cavallo critica FIFA: "Para sermos grandes líderes no desporto, nunca devemos desistir de reunir todas as pessoas"

O australiano Josh Cavallo, que se tornou em 2021 o primeiro futebolista no ativo a sair do armário, insurgiu-se contra a decisão da FIFA de impedir as braçadeiras arco-íris no Mundial de Futebol Masculino no Qatar. Para o jogador, a proibição da FIFA contra as braçadeiras “One Love” mostra que o futebol continua longe de ser um espaço inclusivo.

Josh Cavallo disse que com a falta de apoio à iniciativa de várias seleções europeias pela inclusão ele perdeu todo o respeito pela FIFA. “Eu amo a minha identidade“, escreveu o jogador do Adelaide United. “Ao proibirem todas as equipas de usar a braçadeira “One Love” para apoiar ativamente a comunidade LGBTQ+ no Mundial de Futebol Masculino fazem com que eu perca o respeito [pela FIFA].”

Todo o trabalho que os meus colegas aliados e a comunidade LGBTQ+ estão a fazer para tornar o futebol inclusivo, a FIFA mostrou que o futebol não é um lugar para todas as pessoas.”

Sete países europeus, entre os quais não constava Portugal, tinham previsto usar a braçadeira “One Love”, mas recuaram face à ameaça de “sanções desportivas” feitas pela FIFA.

Os ataques à comunidade LGBTQ+ pelos líderes do Mundial de Futebol Masculino afetam muitas pessoas que vivem em silêncio. Para sermos grandes líderes no desporto, nunca devemos desistir de reunir todas as pessoas“, reforçou.

Josh Cavallo joga no campeonato australiano no Adelaide United e tornou pública a sua homossexualidade em outubro de 2021.

 

21
Nov22

Pantone protesta contra o Qatar com nova bandeira pró-LGBTQIA+

Niel Tomodachi

pantone

A Pantone, em conjunto com a associação Stop Homofobia, decidiu protestar contra as regras do Qatar e lançou o projeto Colors of Love – uma forma de protesto à proibição do uso da bandeira LGBTQIA+ durante o Campeonato Mundial de Futebol no Qatar.

Devido às leis do país anfitrião do Campeonato Mundial de Futebol, a bandeira com as cores do arco-íris foi proibida. A nova proposta da Pantone apresenta uma bandeira a preto e branco com os códigos das cores que estão na bandeira LGBTQIA+.

Além da Pantone, outras marcas e pessoas têm apoiado a causa da diversidade ao recusar convites da FIFA para participar no evento. Recentemente, as cantoras Dua Lipa e Shakira recuram o convite para cantar na cerimónia de abertura do campeonato. Outras marcas lançaram campanhas com mensagens críticas às leis locais. A marca de energéticos Lucozade, patrocinadora da seleção britânica de futebol, decidiu retirar sua marca do país em resposta às denúncias de abuso aos direitos humanos. Segundo o jornal londrino The Sun, a empresa que patrocina a seleção desde 2008 não terá sua marca exposta em jogos, treinos ou entrevistas à imprensa.

 

Vídeo: Instagram oficial @pantone

 

21
Nov22

FIFA obriga Bélgica a alterar camisola: "'LOVE' tem de desaparecer"

Niel Tomodachi

Diretor executivo da Federação considera "triste" a atitude do organismo.

FIFA obriga Bélgica a alterar camisola: "'LOVE' tem de desaparecer"

FIFA obrigou a seleção belga a alterar o equipamento alternativo com que esta se irá apresentar no Campeonato do Mundo, exigindo que seja retirada, por completo, a palavra 'LOVE', que se encontra estampada nas costas.

A revelação foi feita, esta segunda-feira, pelo diretor executivo da Federação do país, Peter Bossaert, que, em entrevista concedida ao jornal Nieuwsblad, não escondeu a desilusão para com a postura assumida pelo organismo presidido por Gianni Infantino.

"A palavra 'LOVE' tem de desaparecer. É triste, mas a FIFA deixou-nos sem qualquer outra opção. O resto do equipamento vai permanecer inalterado", referiu o dirigente, a propósito da camisola que contém as cores do arco-íris.

O CEO da Federação belga mostrou-se, ainda, surpreendido com o facto de o capitão, Eden Hazard, ter sido proibido de usar a braçadeira de capitão contendo as cores do movimento LGBTQ+ e a inscrição 'OneLove', na prova que decorre no Qatar.

"Todos os países estão perplexos. A maior parte dos meus colegas que se encontravam no jogo de abertura não viram nada do espetáculo. Tínhamos outras preocupações. A verdade é que não podemos conviver com a atitude da FIFA", referiu.

"Nem eu próprio. A dureza da FIFA é chocante. Temos de analisar criticamente a nossa relação. Nós precisamos da FIFA, mas a FIFA também precisa de nós. Vamos ver, no futuro, como podemos proceder", completou.

 

21
Nov22

Afinal, seleções não vão usar braçadeira LGBT após ameaça da FIFA

Niel Tomodachi

Comunicado conjunto explica que capitães seriam alvo de cartão amarelo.

Afinal, seleções não vão usar braçadeira LGBT após ameaça da FIFA

Afinal, os capitães das seleções de Inglaterra, País de Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Países Baixos e Suíça não vão utilizar a braçadeira arco-íris, que reivindica os direitos da comunidade LGBT, nos jogos do Mundial'2022. A decisão foi anunciada na manhã desta segunda, em comunicado conjunto, após a FIFA avisar que os jogadores seriam penalizados com um cartão amarelo. 

"A FIFA foi muito clara que iria sancionar os nossos capitães se usassem a braçadeira em campo para jogar. Como federações, não podemos colocar os nossos jogadores nesta posição, porque as sanções podem incluir cartões, portanto tivemos que pedir aos capitães que não usem a braçadeira nos jogos do Mundial", pode ler-se no comunicado conjunto, revelado pela BBC, que prossegue. 

"Estávamos preparados para pagar multas que normalmente originam este tipo de violação de vestuário. Ainda assim, não podemos colocar os nossos jogadores nesta situação porque podem até ser forçados a deixar o relvado. Estamos muito frustrados com a decisão da FIFA. Informámos da nossa intenção em setembro, mas não obtivemos resposta. Os nossos jogadores e treinadores estão desiludidos. Eles continuam determinados em apoiar a inclusão e mostrar isso todos os dias", garantem. 

18
Nov22

Mundial2022: FIFA e organização "estão a sacudir-se de responsabilidades", diz Amnistia

Niel Tomodachi

A FIFA e a organização do Mundial2022 de futebol, que vai ser disputado no Qatar a partir de domingo, estão "a sacudir-se de responsabilidades", disse à Lusa a Amnistia Internacional Portugal, relativamente aos abusos de direitos humanos naquele país.

Mundial2022: FIFA e organização

“Tanto a FIFA como a organização do Mundial2022 estão a sacudir-se de responsabilidades. Até vimos que o presidente da FIFA disse que a organização não se mete em política. Quer dizer, os direitos humanos não são política, são direitos fundamentais”, explica à Lusa o diretor-executivo da Amnistia em Portugal, Pedro A. Neto.

Dadas as violações de direitos humanos na preparação e construção de infraestruturas e estádios no Qatar, documentadas e denunciadas há anos por esta e outras organizações, a Amnistia lembra o pedido de compensação, por parte do organismo de cúpula do futebol mundial e do Estado do Qatar, aos trabalhadores e às suas famílias, por acidentes e mortes nestes trabalhos.

Pedro A. Neto lembra ainda “todos os processos de pouca transparência e pouca corrupção com que se escolhem os campeonatos do Mundo”, mas compreende que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) não se pronuncie, “porque se candidata” à organização do Mundial2030, com Espanha e Ucrânia.

“Não quererá fazer frente à FIFA. Os órgãos de soberania portugueses que tomem as suas posições e comuniquem os valores que defendemos, que são o respeito pelos direitos humanos. No Qatar, não eram respeitados antes do Mundial, na preparação foram muito ofendidos, e tudo leva a crer que também durante o Mundial haverá problemas, e também depois”, lembra.

Além dos trabalhadores migrantes, o alerta vale também para os direitos das mulheres e das comunidades LGBTQIA+, num país em que a homossexualidade é crime e, recentemente, um embaixador do torneio a denunciou como “um distúrbio mental”.

“É uma pena que um evento desta dimensão, com este mediatismo, não tivesse como obrigação prévia o respeito pelos direitos humanos. E o futebol tem força mediática para exigir este tipo de melhorias no mundo e não o tem feito. Os valores, no futebol, têm sido outros”, critica o responsável.

Na opinião de Pedro A. Neto, “um boicote a ver os jogos em casa já não terá efeito”, enquanto sociedade civil, pedindo antes que se boicote “na medida do possível este negócio pouco ético que está a enriquecer a FIFA de forma ilegítima”.

“Infelizmente, a FIFA até enviou um e-mail a todas as seleções para abdicarem de tomar posições sobre direitos humanos, ou usar a braçadeira arco-íris, pela perseguição das pessoas LGBTQIA+. O que apelo é, talvez, à desobediência civil de atletas e treinadores, não usando coisas proibidas, mas quando falarem à imprensa”, alertando para a questão, acrescenta.

Pedro A. Neto lembrou as duras críticas do médio internacional Bruno Fernandes, membro da seleção portuguesa que na sexta-feira viaja para o Qatar para disputar o torneio.

“Que representem Portugal não só na qualidade de jogo, assim espero como fã deste desporto tão bonito, mas também dos nossos valores, e é o que se espera também dos órgãos de soberania”, explica.

A Amnistia Internacional Portugal, lembra o diretor executivo, também se opôs ao torneio realizado na Rússia, em 2018, “e hoje mais pessoas compreenderão porquê”.

“A FIFA não pode continuar a branquear Governos de países que abusam sistematicamente dos direitos humanos com estes grandes eventos que mereciam ser festas sobre chão limpo. E o chão do Qatar está cheio de sangue”, atira.

Embora as autoridades do Qatar neguem, várias organizações apontam para milhares de mortes naquele país entre 2010 e 2019 em trabalhos relacionados com o Mundial, com um relatório do jornal britânico The Guardian, de fevereiro deste ano, a cifrar o valor em 6.500 óbitos, número que muitos consideram conservador.

Além das mortes por explicar, o sistema laboral de ‘kafala’ e os trabalhos forçados, sob calor extremo e com longas horas de trabalho, entre outras agressões, têm sido lembradas e expostas há anos por organizações não-governamentais e relatórios independentes.

Várias seleções, como Dinamarca, Austrália ou Estados Unidos, posicionaram-se ativamente contra os abusos ou a favor da inclusão e proteção quer dos migrantes quer da comunidade LGBTQI+, tanto a viver no país como quem pretenda viajar para assistir aos jogos.

O Mundial2022 vai ser disputado entre domingo e 18 de dezembro, com a seleção portuguesa apurada e inserida no Grupo H, com Uruguai, Gana e Coreia do Sul.

 

18
Nov22

Ação de Solidariedade para com os trabalhadores no Qatar restringida no Estádio de Alvalade

Niel Tomodachi

Foi com tristeza e pesar que a Amnistia Internacional Portugal viu hoje ser restringida uma ação de solidariedade para com os trabalhadores migrantes no Qatar pelos seguranças no estádio de Alvalade, aquando do jogo entre a seleção portuguesa e a Nigéria, na preparação para o Mundial do Qatar.

Nas imediações do estádio, a organização distribuiu cerca de mil camisolas amarelas da “Forgotten Team” (a equipa esquecida), em solidariedade para com os milhares de trabalhadores que sofreram abusos de direitos humanos e perderam a vida para que a realização do mundial fosse possível. Pouco depois, recebeu informação por parte de alguns adeptos que os seguranças no estádio estavam a obrigar as pessoas a tirar e a entregar-lhes as camisolas. A equipa de ativistas da organização comprovou isto tentando também entrar com estas camisolas, tendo-lhes sido dada a mesma indicação: que apenas poderiam entrar se despissem as camisolas e as deixassem fora, colocando-as no lixo. Por fim, os seguranças recusaram-se a restituir as camisolas abandonadas aos ativistas da organização.

Segundo os relatos, os seguranças justificaram esta ação respondendo às pessoas que estão a seguir indicações da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

A Amnistia Internacional Portugal pediu já esclarecimentos urgentes à FPF para que possa esclarecer o sucedido.

Pedro A. Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional – Portugal refere “Esperamos que tudo não passe de um mal-entendido e que a Federação Portuguesa de Futebol possa esclarecer ou dissociar-se deste triste episódio de falta de respeito pela liberdade de expressão dos adeptos da nossa Seleção”.

A organização não compreende esta restrição ao seu exercício da liberdade de expressão e manifestação pacífica, e teme que este episódio seja mais uma mancha num evento que deveria também ser uma oportunidade de inclusão, respeito e promoção dos direitos humanos.

 

18
Nov22

O Qatar não respeita os direitos humanos. Mas, enfim, esqueçamos isto"

Niel Tomodachi

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que “o Qatar não respeita os direitos humanos”, a três dias do arranque do Mundial2022 de futebol, mas vai assistir ao Portugal-Gana, em 24 de novembro.

Marcelo:

“O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal..., mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa. Começámos muito bem e terminámos em cheio”, disse hoje Marcelo Rebelo de Sousa, na zona de entrevistas rápidas no Estádio José Alvalade.

O Presidente da República falava após a vitória de Portugal sobre a Nigéria, por 4-0, no último particular antes da partida para o Qatar, na sexta-feira, para disputar o Campeonato do Mundo.
Rebelo de Sousa explicou aos jogadores que este será “um campeonato muito difícil”, não só por uma inédita calendarização no inverno europeu, como pelas “condições muito difíceis, da construção dos estádios aos direitos humanos”.

Hoje, a associação Frente Cívica pediu ao Presidente da República, ao primeiro-ministro, António Costa, e ao presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, que boicotem o evento.

Nesta entrevista, afirmou que estará no Qatar para assistir à estreia da seleção portuguesa: “Para a semana, no Portugal-Gana, lá estarei”.

Quanto à performance desportiva, apreciou o jogo de hoje, que mostrou que os 26 convocados poderão “estar à altura das circunstâncias” na fase final do Mundial, tendo mostrado “competência técnica e espírito de equipa”.

Marcelo Rebelo de Sousa disse, entretanto, que os jogadores devem encarar “cada desafio como uma final”, e que acredita numa possível vitória na final, “mas é muito difícil”.

Embora as autoridades do Qatar neguem, várias organizações apontam para milhares de mortes naquele país entre 2010 e 2019 em trabalhos relacionados com o Mundial, com um relatório do jornal britânico The Guardian, de fevereiro deste ano, a cifrar o valor em 6.500 óbitos, número que muitos consideram conservador.

Além das mortes por explicar, o sistema laboral de ‘kafala’ e os trabalhos forçados, sob calor extremo e com longas horas de trabalho, entre outras agressões, têm sido lembradas e expostas há anos por organizações não-governamentais e relatórios independentes.

Ao longo dos últimos anos, numerosas organizações e instituições têm apelado também à defesa dos direitos de adeptos, e não só, pertencentes à comunidade LGBTQIA+, tendo em conta a perseguição de que são alvo no Qatar.

Várias seleções, como Dinamarca, Austrália ou Estados Unidos, posicionaram-se ativamente contra os abusos ou a favor da inclusão e proteção, quer dos migrantes quer da comunidade LGBTQIA+, tanto a viver no país como quem pretenda viajar para assistir aos jogos.

O Campeonato do Mundo masculino de futebol vai decorrer entre 20 de novembro e 18 de dezembro, com a seleção portuguesa apurada e inserida no grupo H, com Uruguai, Gana e Coreia do Sul.

 

08
Nov22

Organizações pedem à FIFA que proteja direitos da comunidade LGBTQI+ no Qatar

Niel Tomodachi

Quatro organizações não-governamentais protestaram, esta ter em frente à sede da FIFA, em Zurique, para pedir àquele organismo que proteja os direitos da comunidade LGBTQI+ no Qatar, país que acolhe o Mundial de futebol este ano.

ONGs pedem à FIFA que proteja direitos da comunidade LGBTQI+ no Qatar

A All Out, a Pink Cross, a Organização Suíça de Lésbicas e a Rede Transgénero da Suíça organizaram uma espécie de jogo de futebol, com personagens representativas das várias instituições ligadas ao Mundial, em Zurique, para chamar a atenção para os direitos da comunidade no Qatar, onda a homossexualidade é crime.

"Com esta ação, pedimos às seleções, aos jogadores e aos patrocinadores que mostrem o seu apoio e se comprometam com os nossos direitos no Qatar", declarou Justin Lessner, representante da All Out.

Para o líder da Pink Cross, Gaé Colussi, "depende da FIFA tomar responsabilidade e de facto agir por estes direitos, pela defesa de LGBTQI+ no Qatar, e não só os adeptos".

Hoje, um embaixador do Mundial, Khalid Salman, classificou a homossexualidade como "um distúrbio mental", e declarou que qualquer adepto que viaje para aquele país terá de "aceitar" as regras do Qatar, numa altura em que a FIFA tem pedido, nomeadamente numa carta aberta, que as atenções se virem para o futebol, instando federações e jogadores a absterem-se de declarações políticas e cívicas.

Embora as autoridades do Qatar neguem, várias organizações e estimativas apontam para milhares de mortes naquele país entre 2010 e 2019 em trabalhos relacionados com o Mundial, com um relatório do jornal britânico The Guardian, de fevereiro deste ano, a cifrar o valor em 6.500 óbitos, número que muitos consideram conservador.

Ao longo dos últimos anos, numerosas organizações e instituições têm apelado também à defesa dos direitos de adeptos, e não só, pertencentes à comunidade gay e trans, tendo em conta a perseguição de que são alvo em solo qatari.

Em maio, a seis meses do arranque da competição, a Amnistia Internacional assinou uma carta aberta endereçada ao presidente da FIFA, Gianni Infantino, ao lado de associações como a Human Rights Watch, pedindo-lhe que invista o mesmo valor dos prémios atribuídos às seleções pela performance no torneio num mecanismo de compensação.

O Campeonato do Mundo masculino de futebol vai decorrer entre 20 de novembro e 18 de dezembro, com a seleção portuguesa apurada e inserida no Grupo H, com Uruguai, Gana e Coreia do Sul.

 

08
Nov22

Embaixador do Mundial 2022: "Homossexualidade é doença mental"

Niel Tomodachi

Khalid Salman, ex-jogador catari, diz que os visitantes têm que aceitar as regras do país durante a competição. A entrevista terá sido suspensa de imediato.

O Mundial 2022 tem início marcado para 20 de novembro, no Catar

A duas semanas do início do Campeonato do Mundo de 2022, continua a haver muitas dúvidas sobre o que devem esperar os visitantes que estarão no Catar durante a competição, nomeadamente no contexto social. O conservadorismo e as regras muito apertadas no país continuam a dar que falar e a polémica reacendeu-se esta terça-feira.

Khalid Salman, ex-jogador e embaixador do Mundial 2022, deu uma entrevista à televisão alemã "ZDF" e quando questionado sobre a homossexualidade e o tratamento que está reservado a pessoas homossexuais no Catar respondeu assim:

"Relativamente aos homossexuais, o mais importante é aceitar que todos venham, mas terão de aceitar as nossas regras. A homossexualidade é proibida aqui", começou por dizer. "Porque é proibida? Porque é um problema de saúde mental", acrescentou.

De acordo com a "Reuters", a entrevista foi suspensa imediatamente.

A discriminação em relação aos homossexuais no Catar tem sido um dos temas relacionados com os Direitos Humanos mais discutidos nos últimos tempos, com muitas dúvidas a serem levantadas sobre como serão recebido os membros da comunidade LGBT. Em setembro, o emir do Catar, Sheikh Tamim bin Hamad Al-Thani, garantiu que todos serão recebidos "sem discriminação".

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