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Little Tomodachi (ともだち)

Little Tomodachi (ともだち)

22
Abr23

Mulheres apagadas da história protagonizam festival de cinema Porto Femme

Niel Tomodachi

Mulheres cineastas oriundas de diferentes lugares do mundo, que se cruzam no Porto Femme Festival, a decorrer até domingo, têm em comum a vontade de dar protagonismo a outras mulheres apagadas da história, porque não podem ser esquecidas.

Mulheres apagadas da história protagonizam festival de cinema Porto Femme

Vindas da América Central e da Europa, das Honduras, de França e dos Países Baixos, as mulheres cineastas com quem a agência Lusa falou, partilham a preocupação de conquistar, através da arte, um protagonismo feminino que "não pode ser esquecido" em lugar algum do mundo, dando voz a outras mulheres, às suas vidas e aos problemas que enfrentam.

A 6.ª edição do Porto Femme - Festival Internacional de Cinema Feminino começou na passada terça-feira, no Batalha - Centro de Cinema, no Porto, onde tem o seu epicentro, com uma programação centrada em 126 filmes, entre curtas e longas-metragens, documentais ou de ficção, de cineastas de 41 países.

As diferenças geográficas atribuem a cada uma das realizadoras presentes contextos políticos, culturais e sociais distintos, mas as histórias que traduzem têm elementos comuns, em muitos casos de abuso e violência, levando-as a trabalhar a sua arte no sentido de dar poder às mulheres e fazer com que possam "sentir-se orgulhosas de quem são".

A Lusa falou com Andrea Arauz, das Honduras, Lotte Van Raalte, dos Países Baixos, e Bénédicte Charpiat, de França.

O abuso sexual e a violência doméstica sofridos quotidianamente por mulheres nas Honduras são assuntos que fazem parte da obra de Andrea Arauz, que trouxe o documentário "Cuerpos Vivos" ao Porto.

A produtora e realizadora decidiu fazer da sua câmara uma "arma para defender os direitos humanos no país" e relatar a violência vivida na América Central.

De acordo com dados de 2021 do Observatório de Igualdade de Género da América Latina e do Caribe, os números de homicídios qualificados por questões de género nas Honduras foi de 4,6 casos por 100 mil mulheres, a taxa mais alta entre os 11 países da América Latina.

Criada nas Honduras, mas com pais de Nicarágua e El Salvador, Andrea Arauz encontrou no cinema "uma forma de falar sobre a sua mensagem e promover uma mudança no mundo, mesmo que pequena".

"Principalmente durante a pandemia, os números de abusos sexuais e as taxas de violência doméstica aumentaram muito nas Honduras", contou a realizadora à Lusa. "O governo não fazia nada e aquelas mulheres estavam sem esperança, sozinhas, tentando sobreviver àquela realidade".

Foi a partir da vontade de usar a arte como ferramenta de mudança que nasceu "Cuerpos Vivos", que, ao longo dos seus 17 minutos, acompanha relatos de mulheres hondurenhas que sofreram violência doméstica e, algumas delas, que se tornaram mães jovens, na sequência de violações e abuso sexual.

"Decidi falar com mulheres de diferentes classes sociais e essas mulheres partilharam comigo as suas vidas, os seus traumas, os seus medos e as suas lágrimas, falaram comigo sobre abusos sofridos na infância", prossegue a cineasta.

Muitas das vítimas não receberam apoio na altura dos abusos e tinham-se tornado jovens mães sem oportunidades e sem certezas quanto ao futuro. Uma realidade vivida há muito pelas mulheres do seu país, que a cineasta centro-americana quis refletir no seu trabalho.

Do outro lado do mundo, em Amesterdão, a realizadora Lotte Van Raalte tinha um objetivo parecido com o de Andrea Arauz, o de "utilizar a arte para falar de igualdade de género e dar poder às mulheres para fazer com que elas possam sentir-se orgulhosas de quem são". Foi assim que foi até ao México e trouxe o retrato de "Guerreras".

A trajetória da produtora dos Países Baixos começou na fotografia, mas a vida levou-a ao cinema e, no início deste ano, concretizou o seu primeiro documentário, que apresentou no Porto esta semana.

"Guerreras", o filme, resultou de uma viagem ao México, a exatamente 9.208,26 quilómetros de distância do seu lugar de origem, a capital neerlandesa. Foi no México que Lotte Raalte conheceu as três protagonistas do seu documentário durante as semanas que passou no país rodeado pelos oceanos Atlântico e Pacífico.

"Nesta viagem, conheci mulheres mexicanas incríveis, e quando voltei tive a clara sensação de que precisava de fazer um filme sobre elas, pois representam o que significa ser uma mulher forte", disse a cineasta à Lusa.

O ponto de partida era a ligação daquelas mulheres com a natureza, com a ancestralidade e com os seus corpos. Lotte Raalte encontrou, porém, mais uma vez, relatos de abusos sexuais, à semelhança de Arauz, assim como do sofrimento e do silêncio que cai sobre as histórias, mas também exemplos de superação.

"Na verdade, eu queria que o filme tivesse uma certa melodia a partir da natureza, dos corpos, das emoções e também [queria] falar sobre o silêncio. Então eu questionei uma das protagonistas, Alicia, sobre a relação dela com o silêncio [...]. E ela respondeu-me que o silêncio era conduzir o poder que as mulheres têm, e contou-me sobre o abuso sexual que tinha sofrido".

Lotte Raalte garante que não é possível descrever em palavras o que sentiu quando ouviu a resposta, mas foi "muito tocada pelas histórias", e sabia que "precisava de produzir o documentário", porque existem muitas Alicias esquecidas em todo o mundo, que utilizam o silêncio como modo de sobrevivência.

Outras realizadoras criaram histórias não só sobre luta política e vivências quotidianas, mas também sobre a dificuldade e obstáculos de se ser uma mulher de 60 anos, no meio cinematográfico, em plena Europa, como é o caso da atriz e produtora francesa Bénédicte Charpiat, que se estreou na realização com "What really matters".

"A coisa mais difícil é a idade", garantiu Charpiat à Lusa. "Eu preciso de trabalhar no meu próprio projeto, porque quando se tem 50 anos de idade em França, já se é velha demais".

O seu filme aborda a questão do que "realmente interessa". No encontro do Porto Femme Festival, enquanto falava com a Lusa, Bénédicte sorriu muito e deixou a certeza de não se importar com a idade.

E apesar de a temática da sua obra ser muito diferente das abordadas por Andrea Arauz e Lotte Van Raalte, o seu objetivo é o mesmo: "Dar poder às mulheres".

 

17
Abr23

Manamiga: a primeira escola feminista do País vai abrir em Lisboa

Niel Tomodachi

O projeto vai ser inaugurado na quarta-feira, 19 de abril, no Largo das Residências. Os cursos e formações começam em maio.

Lisboa vai ser a casa da primeira escola feminina do País, dirigida a todos aqueles que têm interesse em saber mais sobre a luta pela igualdade de géneros enquanto “atitude perante a vida”. O projeto, fundado por Marta Martins e Valquíria Porto, terá o nome de manamiga e será inaugurado já na próxima quarta-feira, 19 de abril, no Largo dashy54 Residência, o antigo quartel de Cabeço da Bola,

O projeto de criar a manamiga surgiu de conversas e partilhas diárias sobre “camadas de opressão, de desigualdade e de exploração” que muitas mulheres sofrem e, muitas vezes, nem dão por isso. “Sendo mais ténue ou mais acentuada, essa desigualdade, essa opressão é patente, existe e vivemo-la no dia a dia”, esclareceu Marta Martins, citada pelo “Expresso”. 

Sem esquecer a violência doméstica, o feminicídio, a discriminação, a desigualdade salarial e tantos outros aspetos do quotidiano. “Não somos valorizadas, somos caladas, temos menos oportunidades de acesso a determinados espaços ‒ espaços de poder, por exemplo”, sublinha. A manamiga será, então, um espaço de educação feminista que irá abrir caminho a uma tomada de consciência, com portas abertas para “toda a gente”:  seja a quem já tem algum conhecimento ou interesse sobre o feminino, como para os que defendem a igualdade de género, mas não querem ser rotulados de feministas.

“Queremos que percebam que são feministas exatamente por serem a favor da igualdade de género e que o feminismo é uma atitude perante a vida, uma forma de imaginar um outro futuro, um futuro mais igual, mais justo, mais solidário”, realça Marta Martins.

O projeto educativo terá uma oferta ampla de cursos e formações, do mais elaborado ao mais simples. “Direito Feminista: uma nova perspetiva”, “Introdução ao conceito de género”, “Cisgeneridade  e Transfeminismo” são alguns dos cursos que vão estar disponíveis já a partir do mês de maio.

Uma das propostas passa também por um curso mensal, “mais leve”, chamado “Feminismo no dia a dia”. Aqui, vão poder entender um pouco sobre género, saber como é a linguagem não-binária e como falar com os filhos sobre machismo sistémico.

Por enquanto, a manamiga subsiste com recursos e financiamentos próprios, mas poderá tornar-se uma associação em breve — e a ambição é chegar às escolas. Todos os cursos podem ser consultados online.

 

12
Abr23

Câmaras de vigilância instaladas em locais públicos para controlar mulheres no Irão

Niel Tomodachi

A polícia iraniana está a instalar câmaras de vigilância em locais públicos para identificar e penalizar as mulheres que andem sem véu. A medida está a ser criticada pela opinião pública ocidental, mas também no Irão, onde os protestos se mantêm desde a morte de Mahsa Amini, em setembro do ano passado.

A member of Iran's morality patrols (l) in Tehran admonishes a young woman (c) for her dress in April 2007.

O líder espiritual do Irão deixou clara a importância que dá ao uso do véu e, por isso, as câmaras de vigilância vão apertar o policiamento da maneira de vestir.

“A questão do hijab é uma restrição legal da sharia. Não uma questão do Governo. É legal e religiosa. Remover o hijab é proibido na sharia”, explicou o líder supremo do Irão.

Com a aplicação da sharia de forma cada vez mais ortodoxa e fundamentalista no Irão, as mulheres estão a perder cada vez mais direitos, como trabalhar ou ter acesso a educação escolar.

“Com a utilização da tecnologia e equipamento avançado, a pessoa é identificada. Será avisada. Depois, a pessoa será introduzida no sistema judicial, com os documentos para lidar com problema”, descreveu o chefe da polícia do Irão.

Desde setembro do ano passado que há protestos violentos no Irão contra a radicalização religiosa do poder, depois de Amina Masha ter morrido sob custódia da polícia detida por uso incorreto do hijab.

 

12
Abr23

Mulheres sem hijab serão expulsas do metro em Teerão

Niel Tomodachi

As mulheres que não usarem o véu islâmico serão impedidas de entrar no metro na capital do Irão. A medida do Governo tem como intuito forçar órgãos públicos do país a assumir maior responsabilidade no que diz respeito à aplicação da lei que obriga ao uso do hijab.

Mulheres iranianas andam na rua sem usar lenço na cabeça na capital do Irão

São muitas as mulheres iranianas, especialmente nos centros urbanos, como em Teerão, que se recusam a cumprir as regras de vestimenta. De acordo com ativistas, os protestos pela liberdade de escolha das mulheres iranianas ("Mulheres, vida, liberdade"), iniciados em setembro, irão continuar, ainda que de forma individual.

O Governo iraniano anunciou este sábado que irá instalar câmaras de vigilância nas ruas com o propósito de detetar mulheres que não cumprem o código de vestimenta, ameaçando com multas. O chefe da Justiça do Irão está disposto a impor coimas de 1 milhão de tomans (o equivalente a cerca de 21 mil euros) a mulheres que não usem o véu islâmico e a apreensão de carros por 20 dias às que viajarem sem hijab. Para além disso, as infratoras receberão "mensagens de texto a alertar sobre as consequências", alertou a Polícia.

Várias imagens de uma emissora estatal iraniana já mostraram trabalhadores do metro a impedir mulheres que tentavam entrar sem hijab e que, consequentemente, ficaram sem poder ir trabalhar.

Uma investigação do jornalista iraniano Abbas Abdi mostrou que 31% dos entrevistados observam um grande número de mulheres do Irão que não usam hijab e que apenas 10% da população é a favor da aplicação de multas por incumprimento, avança o jornal britânico "The Guardian".

De acordo com uma declaração do ministério do Interior iraniano datada de 30 de março, que descreve o véu como "um dos princípios práticos da República Islâmica", não haverá recuo sobre a aplicação da lei.

 

08
Mar23

"A nossa luta é todo o dia": centenas marcham em Lisboa pelos direitos das mulheres

Niel Tomodachi

Largas centenas de pessoas iniciaram, esta quarta-feira, pelas 19 horas, em Lisboa uma marcha pelos direitos das mulheres, no âmbito da Greve Feminista Internacional, gritando palavras de ordem como "A nossa luta é todo o dia".

Associações feministas e sindicatos marcham hoje em 12 cidades portuguesas.

Em Portugal, a iniciativa já acontece de 2019, indo para sua quinta edição.

Debaixo de chuva, as milhares de pessoas que se juntaram junto à Fonte Luminosa não arredaram pé e vincaram a sua presença com cartazes, palavras de ordem e tambores.

À Lusa, Patrícia Vassalo e Silva, do Coletivo Por Todas Nós, disse que o Dia Internacional da Mulher não serve apenas para celebrar que são "mulheres, rosas e muito bonitas"."É um dia para mostrarmos que queremos direitos iguais [aos homens], desde a saúde, salários e habitação", realçou.

Também, segundo Patrícia Vassalo e Silva, pretende-se mostrar que as mulheres, em clima de guerra, como na Ucrânia e no Irão, são "as mais atacadas". "Há muita discriminação. Posso falar nas questões LGBT, por exemplo. Mulheres trans [transexuais] é terrível. É um tema, como sabemos, no qual as pessoas gostam de mostrar o seu ódio", sublinhou.

Para a ativista, há também mais discriminação pública, porque as pessoas "deixaram de ter medo de falar", demonstrando esse ódio na rua.

No entanto, por sua vez, a porta-voz do Coletivo Por Todas Nós considerou que as marchas pelos direitos das mulheres têm cada vez mais adesão. "Há mais gente a querer ser mais ativista, há mais mulheres querer fazer parte, homens também, pessoas não binárias... Acho que nisso é positivo. Estamos mais na rua", afirmou.

Colorindo a marcha da Greve Feminista Internacional com guarda-chuvas e com bandeiras do Irão, em referência ao regime de Ebrahim Raisi, as pessoas sublinhavam sempre que "as mulheres têm os mesmos direitos dos homens".

Aos jornalistas, no meio dos participantes da marcha, surgiu a coordenadora do BE, Catarina Martins, que disse que "o maior problema de segurança em Portugal é a violência contra as mulheres". "É o maior perigo da nossa sociedade", salientou, referindo que, além disso, "as mulheres continuam a ganhar menos" do que os homens.

Para Catarina Martins, é "importante continuar na rua", lembrando as mulheres do Irão que têm mantido as manifestações contra a repressão do presidente Raisi. "Está tanto por fazer para garantir a igualdade e para garantir que as mulheres são respeitadas", sublinhou.

Catarina Martins realçou ainda uma nova vaga de jovens mulheres feministas que "levam a igualdade a sério, que não querem ser controladas, que não permitem julgamentos sobre o seu corpo, que exigem ser respeitadas". "Estas jovens que saem à rua são um dos momentos mais extraordinários que o país tem", acrescentou.

Na terça-feira, Cheila Collaço Rodrigues, ativista do núcleo de Lisboa da Rede 8 de Março, dizia à Lusa que a Greve Feminista Internacional servia para "dar visibilidade às violências, às opressões, às desigualdades que as mulheres são alvo numa sociedade desigual, quer as mulheres cis [cisgénero], quer as mulheres trans [transexuais]".

A greve, que acontece no Dia Internacional da Mulher, vai para a sua quinta edição e decorre hoje nas cidades de Aveiro, Barcelos, Braga, Bragança, Coimbra, Évora, Faro, Guimarães, Leiria, Lisboa, Porto e Vila Real, e, no sábado, em Chaves.

 

07
Mar23

Mulheres grávidas e lactantes que passam fome ou estão subnutridas subiu 25% no mundo

Niel Tomodachi

As Nações Unidas dizem que a crise alimentar mundial está a empurrar as mulheres e as crianças para uma situação cada vez mais vulnerável.

O número de mulheres e adolescentes, grávidas ou a amamentarem, que passam fome ou estão mal nutridas, aumentou 25% nos últimos 3 anos, nas nações mais pobres do mundo.

A ONU diz que os números são assustadores e que, se nada for feito, as consequências vão ser trágicas para as próximas gerações.

O número de mulheres que vivem em insegurança alimentar no mundo é mais do dobro do número de homens na mesma situação. E a crise é ainda mais grave para as mulheres e adolescentes grávidas ou a amamentarem.

O número de mulheres e adolescentes, grávidas ou a amamentarem, que passam fome ou estão mal nutridas, aumentou 25% por cento, nos últimos 3 anos, nas nações mais pobres do mundo.

A crise alimentar mundial, provocada pela seca e pela pobreza piorou com a guerra na Ucrânia e a dificuldade na distribuição de cereais, que são a base da alimentação da maior parte das populações.

O sul da Ásia e a região sub-sahariana são o epicentro da crise alimentar feminina - 2 em cada 3 meninas e mulheres estão abaixo do peso ideal e têm anemia.

Mais de mil milhões de mulheres e meninas adolescentes sofrem de má nutrição, no mundo.

As principais consequências são graves problemas de saúde, de crescimento e de desenvolvimento cognitivo e a óbvia diminuição da esperança média de vida.

Por outro lado, aumentam as complicações na gravidez e no parto, os abortos espontâneos e o nascimento de bebés doentes ou com deficiências graves, pondo em risco a sustentabilidade das próximas gerações.

 

07
Mar23

António Guterres: "Igualdade entre homens e mulheres está cada vez mais distante"

Niel Tomodachi

Arquivo

O secretário-geral das Nações Unidas lançou um aviso aos líderes mundiais: a igualdade entre mulheres e homens no mundo é um objetivo cada vez mais distante.

António Guterres disse que "os direitos das mulheres estão a ser abusados, ameaçados e violados em todo o mundo" e que "o progresso feito durante décadas está a desaparecer diante dos nossos olhos".

Segundo o secretário-geral da ONU, "serão necessários 300 anos para alcançar a igualdade".

Guterres disse na abertura da sessão da Comissão da ONU sobre o Estatuto da Mulher: "A igualdade de género está cada vez mais distante. No caminho atual, a UN Women coloca-a a 300 anos de distância. Juntos, vamos lutar contra o recuo nos direitos das mulheres, contra a misoginia e contra o avanço das mulheres, das raparigas e do nosso mundo. "

A 67ª sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher, que teve início em Nova Iorque, aborda a grande lacuna de género na inovação e tecnologia.

Pauline Tallen, Ministra dos Assuntos da Mulher da Nigéria afirmou: "As tecnologias digitais têm o potencial de acelerar o progresso para os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), permitindo a criação de novas oportunidades de educação, saúde, agricultura e empreendedorismo, entre outras".

A primeira-ministra da Islânida, Katrín Jakobsdóttir, disse, por seu turno: "Se não tivermos dados sobre as mulheres e se os algoritmos forem principalmente concebidos por homens, o risco é que as novas tecnologias tornem o nosso mundo ainda mais desigual".

Ao longo de duas semanas, os participantes de todo o mundo examinarão como a igualdade de género pode ser alcançada na era digital e promoverão uma maior inclusão das mulheres nos campos da ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

 

07
Mar23

Peça que aborda guerra e violência contra mulheres estreia em Vila Real

Niel Tomodachi

O espetáculo 'Conto Contigo - Contos de Mulheres' estreia na quarta-feira, em Benagouro, aldeia do concelho de Vila Real, e levanta a discussão sobre a guerra e a violência contra as mulheres, anunciou, esta segunda-feira, a Peripécia Teatro.

Peça que aborda guerra e violência contra mulheres estreia em Vila Real

nova criação da companhia de teatro, sediada em Vila Real, tem estreia marcada para o Dia Internacional da Mulher e está inserido no projeto Lua Cheia - Arte na Aldeia, que promove espetáculos em todas as noites de lua cheia.

Segundo explica a Peripécia, em comunicado, o novo espetáculo narra as histórias 'Guerra' e 'Ricocó' da autora Júlia Ribeiro e "levantam a discussão de dois temas da atualidade: a guerra e a violência contra as mulheres".

Interpretado por Patrícia Ferreira e com música ao vivo de Rui Fernandes, 'Conto Contigo - Contos de Mulheres' tem como encenador Luís Blat e é uma coprodução da Peripécia Teatro, Espaço Miguel Torga e do município de Sabrosa.

O espetáculo, que "está na fronteira da narração com a representação teatral", pretende "manter uma relação de proximidade entre a atriz e o espetador".

A companhia disse ainda que esta criação "nasceu da vontade de dar mais atenção à visão narrativa das escritoras do norte de Portugal, muitas vezes ignoradas e esquecidas, que apresentam histórias contadas com talento e originalidade".

O espetáculo que tem estreia marcada para a sala Peripécia, no Centro Cultural e Recreativo de Benagouro, em Vila Real, repete-se na quinta e sexta-feira.

A sessão de quinta-feira irá ter tradução para língua gestual portuguesa e adaptações para que o público invisual consiga desfrutar totalmente do espetáculo.

Já no dia a seguir, os espetadores poderão contar com serviço de 'babysitting', resultado de uma parceria entre a companhia, a Associação Brincar e a Associação Cultural e Recreativa Camilo Castelo Branco.

O projeto Lua Cheia - Arte na Aldeia, iniciativa promovida pela Peripécia Teatro desde 2014, irá apresentar espetáculo todos os meses, em todas as noites de lua cheia.

Serão, no total, 17 apresentações, de 11 espetáculos diferentes, ao longo do ano, que querem "colocar a arte em diálogo com o território e as pessoas que lhe estão mais próximas".

 

06
Mar23

Obras reeditadas com apelidos maternos para homenagear as mulheres

Niel Tomodachi

Obras clássicas e contemporâneas da Penguin Random House ganharam edições novas assinadas com o apelido materno dos seus autores, uma iniciativa que celebra o Dia da Mulher desafiando convenções e reavivando o debate sobre a discriminação feminina.

Obras reeditadas com apelidos maternos para homenagear as mulheres

Criada a pensar no dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, a campanha "Em nome da mulher" consiste numa edição especial de clássicos, de alguns dos autores mais famosos do mundo, e de obras contemporâneas de autores portugueses, mas cujos nomes surgem na capa com o apelido materno, anunciou hoje a editora.

"Otelo", de William Arden (em vez de Shakespeare), "Persuasão", de Jane Leigh (Austen), "A metamorfose", de Franz Löwy (Kafka), ou "O retrato de Dorian Gray, de Óscar Elgee (Wilde), são alguns dos livros que podem ser comprados através do 'site' da editora, que pensou nesta mudança de nomes com o objetivo de "mudar mentalidades".

O grupo editorial salienta que o uso, por defeito, do apelido do pai é uma "construção social enraizada em convenções datadas", que quer utilizar como ponto de partida para questionar a representação da mulher na sociedade.

O objetivo é reavivar o debate, pôr em causa esta convenção e dar visibilidade à mulher, sendo este um "primeiro e simbólico passo, para que se discutam as convenções que ainda discriminam silenciosamente as mulheres".

Entre os clássicos Penguin que ganharam agora uma nova edição, encontram-se também "O príncipe", de Nicolau Nelli (Maquiavel), "Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens", de Jean Jacques Bernard (Rousseau), e "Bartleby, O Escrivão", de Herman Gansevoort (Melville).

Os clássicos portugueses que ganharam uma nova versão com o apelido materno são "Toda uma literatura", de Fernando Nogueira (Pessoa) e "Amor de Perdição", de Camilo Ferreira (Castelo Branco).

Entre os contemporâneos, encontram-se "As Três Vidas", de João Tordo, nesta edição apresentado como João Branco, "Processo de Humanização em Curso", de Diogo Biu (Faro), "Raparigas como nós", de Helena Vilas Boas (Magalhães), e "Tudo o que aprendi com as minhas filhas", de Catarina Martins (Raminhos).

Além desta edição especial que tem como mote "uma mudança de nome pensada para mudar mentalidades", a editora lança também um desafio aos portugueses, para que alterem o nome para o apelido materno nas redes sociais e entrem na conversa usando a hashtag #EmNomeDaMulher.

 

 
25
Nov22

Mais de cinco meninas ou mulheres são mortas a cada hora, em média, em 2021

Niel Tomodachi

Novo estudo da ONU Mulheres e do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, revela que assassinatos ocorrem dentro de casa; divulgação ocorre às vésperas do Dia Internacional para Eliminação da Violência contra Mulheres, marcado neste 25 de novembro.

No México, as mulheres exigem o fim da violência contra as mulheres.

No ano passado, mais de cinco mulheres ou meninas foram assassinadas por hora no mundo. Os dados constam de um novo estudo das Nações Unidas sobre violência de gênero.

De todos os feminicídios cometidos em 2021, 56% foram pelas mãos de parceiros íntimos ou familiares. Para a ONU Mulheres, o número mostra que a casa deixou de ser um lugar seguro.

Instituto Igarapé
 

É preciso melhorar as investigações e protocolos

A pesquisadora-sênior do Instituto Igarapé, no Rio de Janeiro, Renata Gianini, disse à ONU News, que existe dificuldade para tipificar o crime contra a mulher no Brasil como feminicídio.

“De fato, a gente tem essa dificuldade. Eu acho que uma das principais necessidades é melhoras as investigações dos casos de feminicídio. Existem pistas bastante contundentes na hora de investigar que nos ajudam a determinar se um caso de assassinato de uma mulher é ou não é feminicídio. Isso tem a ver com as circunstâncias desse assassinato. Eu acho que Protocolo, treinamento adequado, eles são extremamente necessários.”

A pesquisadora informa que não existem dados sobre todos os estados brasileiros. O Igarapé recebe estatísticas de 23 das 27 unidades da federação. Houve um aumento na incidência do feminicídio em 12 estados e redução em oito.

Assinado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime e pela ONU Mulheres, a pesquisa está sendo divulgada pouco antes do Dia Internacional para Eliminação da Violência contra Mulheres, neste 25 de novembro.

Quando se trata dos crimes contra homens apenas 11% são cometidos numa esfera privada.  A diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, afirmou que por trás de cada estatística, existe uma história de uma mulher ou menina cuja morte poderia ter sido evitada.

Já a diretora executiva do Unodc, Ghada Waly, ressalta que ninguém deveria sentir medo de morrer por causa de sua identidade.
 
 

Ação em todos os setores da sociedade

Ela contou que as organizações de direitos das mulheres já começaram a monitorar os dados por mudanças de política e prestação de contas. Para Bahous, é hora de buscar ação concertada em todos os setores da sociedade para que as mulheres e meninas possam se sentir seguras em casa, na rua e em todas as partes.

Já a diretora executiva do Unodc, Ghada Waly, ressalta que ninguém deveria sentir medo de morrer por causa de sua identidade. Para ela, a única forma de acabar com assassinatos baseados em gênero é contar cada um deles.

Ela acredita que é preciso delinear melhores políticas de enfrentamento do feminicídio com respostas efetivas na prevenção e na justiça penal.

O estudo sobre feminicídio de 2022 revela que não houve mudança nesse tipo de crime na década passada. Para a ONU, é necessário prevenir o flagelo da violência a mulheres com ações mais fortes.

Embora os números sejam alarmantes, a verdadeira escala do feminicídio pode ser ainda maior.
 
 

Feminicídio começa com violência psicológica e moral

Embora os números sejam alarmantes, a verdadeira escala do feminicídio pode ser ainda maior.

A especialista do Instituto Igarapé, Renata Gianini, diz que para reduzir esse tipo de crime é preciso reduzir a desigualdade de gênero.

“A gente só vai conseguir reverter essa realidade, se a gente reverter essa desigualdade. É um trabalho de muito longo prazo, que exige investimento, muita educação, mas é um trabalho necessário que foca muito na prevenção. Mas uma coisa que acho importante a gente falar é que o feminicídio é antecedido por uma série de outras violências, que se consideram menos graves. E que na verdade não são. Violência psicológica, violência moral, esses tipos de violência contra mulheres são muitas vezes considerados menos graves, são violências altamente subnotificadas, e elas são um indício de um ciclo de violência. Inclusive, para a gente poder prevenir feminicídios, a gente precisa entender melhor o padrão de todos os tipos de violência contra mulheres, identificá-los, logo no início, para poder, justamente, ter uma atuação cirúrgica e interromper esses ciclos, e prevenir o feminicídio.”

No ano passado, o nível de assassinatos foi estimado em 2.5 em cada 100 mi mulheres africanas se comparado a 1.4 nas Américas, 1.2 na Oceania, 0.8 na Ásia e 0.6 na Europa.
 
 

Ásia, África e Europa

Muitas vítimas não são contadas. Vários países têm inconsistências na definição do feminicídios ou na tipificação dos critérios. Estima-se que cerca de 4 em 10 mulheres ou meninas assassinadas de forma dolosa em 2021, não existia informação suficiente para qualificar o crime como feminicídio. Especialmente quando o crime ocorria numa esfera pública.

Além disso, existem disparidades regionais. Enquanto o feminicídio é um problema que preocupa todos os países. A Ásia concentra o maior número de casos de mortes baseadas no gênero em esfera privada no ano passado.

Já a África é o continente onde meninas e mulheres têm o maior risco de serem mortas pelos parceiros e membros da família.

No ano passado, o nível de assassinatos foi estimado em 2.5 em cada 100 mi mulheres africanas se comparado a 1.4 nas Américas, 1.2 na Oceania, 0.8 na Ásia e 0.6 na Europa.

O relatório da ONU marca o início dos 16 dias de ativismo contra a violência baseada em gênero.
 
 

Melhorar coleta de dados de feminicídios e atacar causas na raiz

Ao mesmo tempo, os dados do estudo no início da Covid-19 em 2020 coincidiram com o aumento significativo de mortes baseadas no gênero na esfera privada na América do Norte e no oeste e sul da Europa.

Para a ONU Mulheres, é possível e necessário prevenir essas mortes identificando logo cedo as mulheres afetadas pela violência, dando acesso a elas um centro de apoio e proteção aos sobreviventes, assegurando que a polícia e o sistema judicial sejam mais proativos na resposta às necessidades das vítimas.

Um outro aspecto é a prevenção primária que ataca as causas na raiz da violência a meninas e mulheres incluindo no combate à chamada masculinidade tóxica, normas sociais e eliminação da desigualdade de gênero e estereótipos.

É preciso reforçar a coleta de dados em casos de feminicídios.

O relatório da ONU marca o início dos 16 dias de ativismo contra a violência baseada em gênero. O período termina em 10 de dezembro quando é marcado o Dia dos Direitos Humanos.

 

Evento na sede das Nações Unidas e mensagem do secretário-geral

Em Nova Iorque, Um evento comemorativo marcou o Dia Internacional, de forma antecipada, com uma mensagem do secretário-geral da ONU, António Guterres.

O chefe da ONU lembra que a “violência contra mulheres e meninas é a violação dos direitos humanos mais generalizada no mundo.”

Ele destaca que a cada 11 minutos, uma uma mulher ou menina morre pelas mãos de um parceiro íntimo ou de alguém da família. E nos últimos anos, com a Covid-19, a situação levou ao aumento de abusos verbais e físicos.

António Guterres ressaltou as mulheres e as meninas que enfrentam ainda uma violência desenfreada online, o discurso de ódio misógino, o assédio sexual, abuso de imagem e sedução inapropriada por predadores.

Para o secretário-geral da ONU, este é o momento para uma ação transformadora que ponha fim à violência contra as mulheres e meninas.

 

Presidente da Assembleia Geral visita centro de sobreviventes

Já o presidente da Assembleia Geral, Csaba Korosi, visitou um centro de apoio a sobreviventes da violência de gênero na cidade de Nova Iorque.

A visita marca o início dos 16 Dias de Ativismo.

O Centro de Justiça Familiar de Manhattan conecta os sobreviventes e seus filhos com organizações que oferecem gestão do caso, autonomia  econômica, aconselhamento e assustência jurídica e penal.

 

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