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Little Tomodachi (ともだち)

Little Tomodachi (ともだち)

04
Fev23

As melhores livrarias de Lisboa (são realmente imperdíveis)

Niel Tomodachi

Das lojas históricas às mais recentes, de primeiras edições a estantes dedicadas ao desenho. A capital é o sonho dos amantes de livros.

A literatura, tal como qualquer outra arte, conhece-se às camadas. Começamos pelas amplas estantes das grandes livrarias, apaixonamo-nos por um ou outro tema, um ou outro ator. Escavamos cada vez mais fundo.

À medida que escavamos, vamos procurando mais e mais. Vamos aprofundando o tema e, aos poucos, damos por nós profundos conhecedores de um nicho, seja a poesia, o desenho, a banda desenhada ou as viagens. É preciso encontrar quem alimente este vício e, neste aspeto, a sorte é toda dos lisboetas.

Apesar do encerramento de várias lojas históricas nos últimos anos, Lisboa está recheada de livrarias, das mais antigas como a Bertrand — perdão, a mais antiga em funcionamento em todo o mundo — ou a Ferin, às mais recentes Tantos Livros, Livreiros e Menina e Moça. Em cada uma delas é possível encontrar preciosidades e um espaço adaptado a cada um.

Há livrarias amplas, arejadas, que servem de espaço de galeria, para eventos; e há também as mais aconchegantes, que primam pela intimidade — e pelo cuidado e personalização do atendimento; além daquelas que, sabendo bem o que acompanha um bom livro, oferecem espaços de café e restaurante, petiscos e bebidas.

Um dos destaques vai para a Tantos Livros, Livreiros, instalada desde 2020 nas Avenidas Novas. Entre novidades e livros em segunda mão, ficção e categorias técnicas, para adultos e miúdos, têm um catálogo impressionante com cerca de 71 mil títulos disponíveis.

Numa onda mais relaxada, pode passar pela Menina e Moça, em plena Rua Cor de Rosa, no Cais do Sodré, um café literário que não destoa do ambiente boémio que o rodeia. Mas para quem prefere as estantes com história, vale a pena conhecer a Livraria Ler, que foi referência no pré-25 de abril. Ali passavam, à socapa, muitos livros proibidos pelo regime.

 

20
Set22

Milhares de livros, café e wi-fi na esplanada: eis a nova Livraria Martins em Lisboa

Niel Tomodachi

Tem dois pisos, um pequeno café e livros para todos os gostos e idades, das grandes às pequenas editoras.

Chama-se Livraria Martins e é a mais recente livraria independente de Lisboa. Fica na conhecida Avenida Guerra Junqueiro, na zona da Alameda, e abriu de forma lenta desde o final de julho. Ao todo, há 12 mil títulos à venda — mas os responsáveis querem atingir a marca dos 20 mil nos próximos tempos.

O espaço amplo, de dois pisos, é uma das grandes qualidades da livraria. Ali funcionou durante muitos anos uma loja da Massimo Dutti, que entretanto deu lugar a um pop-up de uma galeria de arte. O projeto da Livraria Martins, do empresário Gonçalo Martins — responsável pelo Grupo Editorial Atlântico — já estava a ser planeado há muito tempo.

“Foi uma ideia que surgiu do sonho do Gonçalo Martins, que tinha explorado a livraria do cinema King, em Lisboa. O fecho do cinema implicou, claro, o fecho da livraria. Era uma coisa de que ele gostava bastante e ficou sempre com essa vontade, com esse bichinho de ter um dia uma livraria, um espaço próprio, para desenvolver um conceito”, explica à NiT a porta-voz da livraria, Sara Butler, responsável pela comunicação do espaço.

“Os anos foram passando e o sonho foi sempre resistindo. Nunca desapareceu — e entretanto há pouco tempo começámos a pensar a sério os dois em procurar um espaço para desenvolver o projeto. Andávamos a ver espaços por toda a cidade de Lisboa, em todas as zonas possíveis, e quando entrámos na loja da Avenida Guerra Junqueiro sentimos de imediato que seria o espaço ideal para desenvolver o conceito que tínhamos em mente, de uma livraria independente, mas com alguma dimensão”, explica.

As obras de remodelação serviram sobretudo para “dar uma nova roupagem” ao espaço: pintaram as paredes, afagaram o chão; mas não fizeram alterações substanciais e até mantiveram uma série de prateleiras embutidas.

Naquelas estantes há um pouco de tudo. Tanto encontra as novidades das grandes editoras como os mais recentes lançamentos das editoras independentes. Encontra por ali obras clássicas da literatura, mas também trabalhos mais técnicos ou de não ficção. 

Sara Butler aponta que a livraria tem recebido bastantes clientes diversificados — numa zona por onde passam muitos professores, estudantes, pais com miúdos e donos de cães. Porque a Livraria Martins é pet-friendly: até dão água e biscoitos aos animais de estimação que por lá passarem.

O espaço tem ainda um pequeno café, que apenas serve bebidas, e conta com uma esplanada no exterior. Convidam assim os leitores a permanecerem durante mais algum tempo no espaço, visto que podem, por exemplo, usufruir da Internet gratuita e aproveitarem para folhear alguns livros.

Os objetivos futuros passam por acolherem apresentações e lançamentos de livros, oficinas e atividades infantis.

 

13
Set22

Tome nota, leitor. Estas são as melhores livrarias pet friendly do País

Niel Tomodachi

A maior parte está em Lisboa, mas não ficamos pela capital — sobretudo com as que pertencem a uma das maiores editoras do País.

Se os portugueses leem mais ou menos hoje em dia é uma questão que ainda está por decifrar em bom rigor. Sabe-se que leem pouco — sobretudo os mais jovens —, mas isso não aponta para conclusões inequívocas acerca dos hábitos de leitura da generalidade da população. Isto porque, apesar e por causa da invariável alienação provocada pelos ‘smartphones’, a verdade é que, muito provavelmente, a grande maioria das pessoas passou a ler inevitavelmente mais no quotidiano, graças ao acesso à informação centralizada nos telemóveis.

E os livros? Continuam nas livrarias, que continuam, também elas, a resistir ao domínio avassalador dos conteúdos digitais. Mas os leitores de páginas encadernadas também continuam a existir e a privilegiar as pequenas livrarias em vez das grandes superfícies que monopolizam as já reduzidas vendas de edições.

E alguns desses mesmos leitores continuam a ser tutores de animais de estimação, que continuam, nos casos exemplares e para aqui chamados, a ser tratados como verdadeiros membros da família. E esses mesmos tutores continuam, por isso, à procura (dentro de uma oferta ainda parca mas, apesar de tudo, em crescimento) de estabelecimentos onde possam entrar com os filhos/irmãos/melhores amigos de quatro patas. Desde os sítios mais óbvios e comuns, como cafés e restaurantes, até aos espaços culturais — tais como, a título de exemplo, as livrarias.

À partida, ter animais rodeados de livros por estrear não parece a melhor das ideias. Mas quem compra livros e tem animais, certamente não terá problemas em tê-los por perto destes objetos tão preciosos. E por que razão há-de ser diferente nas livrarias? Basta tomar o exemplo destas, reunidas numa lista delineada pela PiT, para perceber que livros e animais co-habitam pacificamente na mesma equação, ou no mesmo espaço. E quem sabe se não aprendem, também eles, a ler…

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A Livraria Martins contraria a fatídica sentença vaticinada às livrarias: enquanto umas, infelizmente, fecham portas, esta abriu-as há bem pouco tempo, em plena Avenida Guerra Junqueiro, na Alameda, em Lisboa. O espaço, sendo ele novo, apresenta-se acolhedor, sofisticado, atraente, convidativo de leituras sem fim. Paragem obrigatória para quem passeia os patudos pelo centro da capital — com direito a café na esplanada!

 

Morada

Avenida Guerra Junqueiro 18D, 1000-180 Lisboa
 

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Esta fica na capital portuguesa mas estende a mão até ao outro lado do Atlântico, ao país-irmão que partilha a mesma língua, ainda que com diferentes nuances também ao nível da escrita. A Livraria da Travessa, na Rua da Escola Politécnica, que, junto ao Jardim Botânico de Lisboa, atravessa o Príncipe Real, é uma filial da livraria homónima, sediada em Ipanema, no Rio de Janeiro. Foi inaugurada em 2019 e trouxe a leveza de espírito que se vive no Brasil: pet entra? Claro, tudo legal.  

Morada

Rua da Escola Politécnica 46, 1250-096 Lisboa

 

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Insentato é, diga-se desde já, passar por Tomar e não visitar este café-livraria. A comida, por si só, já vale bem a pena a passagem, mas a estante única é um extra de peso nesta experiência. Palavra de quem já lá passou e, enquanto esperava pelo lanche, encontrou de Voltaire a Tolstói, de Mário de Sá-Carneiro a Mário de Carvalho. Uma estante única em termos numéricos, mas principalmente a título distintivo. E no Insensato os animais são muito bem-vindos. Não há melhor que isto em terras da Ordem de Cristo.  

Morada

Rua da Silva Magalhães 25, 2300-593 Tomar

 

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"Tantos livros, tão pouco tempo" é, seguramente, um lugar comum de todos os ávidos leitores. Não há consolo que lhes sirva em saber que ficarão muitos mais por ler do que aqueles que hão-de ser lidos, mas livrarias como a Tantos Livros, Livreiros — localizada a poucos metros dos jardins do Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa — prometem remar contra essa maré. Neste espaço que se destaca pela sua amplitude, a oferta é significativa, e ainda mais variada, e encontros entre leitores e escritores são eventos recorrentes. Entre salas, estantes e "tantos livros", é fácil aos leitores perder de vista a companhia quadrúpede — isto porque, aqui, os animais também entram.  

Morada

Avenida Marquês de Tomar 1B, 1050-066 Lisboa

 

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O nome não é sugestivo do valor desta livraria: apesar de "Barata", fica numa das mais nobres avenidas — designadamente, a de Roma — do centro da capital portuguesa, zona tradicionalmente rica que viu a Livraria Barata abrir em 1957 nessa localização privilegiada. Há quem defenda, porém, que um livro é um objecto de valor incalculável, pelo que, entre a generosa oferta disponível neste espaço, qualquer exemplar considera-se um achado. E nem só de livros vive este polo cultural de Lisboa: exposições, conferências, lançamentos e eventos culturais acontecem frequentemente aqui. E até vinhos pode comprar — acompanhado pelo seu cão, claro.  

Morada

Avenida de Roma 11-A, 1049-047 Lisboa

 

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A Bertrand Livreiros foi pioneira a acolher a vertente pet friendly nos seus espaços. E, por isso mesmo, estendeu essa permissão a vários pontos do País. Nas livrarias de Aveiro, Castelo Branco, Póvoa do Varzim, Faro, Coimbra e Viana do Castelo os animais podem entrar desde 2018. E nas duas maiores cidades de Portugal também há espaços abertos a patudos: em Lisboa, na célebre livraria Bertrand do Chiado, eles também entram; e o mesmo vale para a da Avenida de Roma, ainda na capital, e para a da Rua da Fábrica, no Porto.

 

07
Set22

Piena: a nova livraria de Arroios só tem livros em italiano

Niel Tomodachi

Foi inaugurada em junho por duas amigas italianas que vivem na capital. Têm um clube de leitura e apresentações com escritores.

Na nova livraria de Arroios, em Lisboa, só se fala — perdão, só se lê — em italiano. Chama-se Piena e foi inaugurada no final de junho por duas amigas italianas residentes na capital portuguesa, Elisa Sartor e Sara Cappai, ambas com 37 anos.

Conheceram-se através do Instagram. Da Sardenha, Sara Cappai tinha acabado de se mudar para Lisboa, em 2020, com experiência no mercado livreiro e no setor editorial independente em Itália. Comprou uma T-shirt de um projeto que Elisa Sartor tinha por cá — a milanesa vive em Portugal de forma permanente mais ou menos há uma década, após se ter apaixonado pelo nosso País quando cá estudou arquitetura. Dinamizadora de muitos projetos, fazia peças de design e teve até um coletivo de workshops de culinária italiana chamado Mani in Pasta.

“Fiquei a seguir a Sara no Instagram e ela falava regularmente de livros, fazia entrevistas a autores. E fui eu que lhe escrevi com uma proposta para criarmos um clube de leitura juntas. Foi durante a pandemia e todos precisávamos de alguma coisa nova, para sair, para conhecer pessoas novas porque no meu caso muitos amigos foram embora”, conta Elisa Sartor à NiT.

Fundaram então o Azuleggo, clube de leitura focado na literatura italiana, que brinca com a palavra “azulejo” — tão associado à cultura portuguesa — e a palavra “leggo”, o italiano para “leio”. Criaram um canal no Telegram e têm feito sessões informais desde então.

“A Sara disse-me que o sonho dela era abrir uma livraria italiana e perguntou-me o que é que eu achava, como morava aqui há mais tempo, e eu ficaria a fazer isso com ela. Foi a primeira vez que falámos da livraria.” A partir de agosto do ano passado, começaram a elaborar um plano de negócio e iniciaram a procura por um espaço. Queriam muito ficar na zona de Arroios.

“É onde saímos mais, onde conhecemos outras entidades portuguesas independentes… Também há restaurantes italianos, bares de amigos, conhecemos mesmo esta zona a nível de vivência. A freguesia de Arroios é super multicultural e identificamo-nos com isso.”

Demorou algum tempo, mas conseguiram ficar com um antigo escritório de um contabilista chinês que se tinha mudado para um espaço maior. Depois de uma remodelação do local, assim nasceu a Piena. Significa “cheia” e é mesmo assim que tem estado. Apesar de ser uma livraria de livros italianos em Lisboa, tem sido visitada por muitos italianos residentes, turistas e também portugueses.

“Quando abres um negócio há sempre uma ligeira componente de medo, mas ficamos contentes, temos tido mais pessoas do que pensávamos… E agora em setembro parece que toda a gente voltou à cidade e só vamos no dia 6 e já estamos a ter uma semana de loucura [risos], aparece gente de todo o lado.”

Na Piena, a preponderância vai para as edições independentes de autores italianos, mas também têm os clássicos e obras das grandes editoras. Têm disponíveis perto de mil títulos — e Elisa Sartor frisa que ainda existe espaço para mais, uma vez que falta instalar uma ilha central e continuam com uma parede livre. Há também muita literatura internacional traduzida em italiano.

Esta terça-feira, 6 de setembro, vão arrancar com uma newsletter que vai informar os clientes habituais de que irão abrir um clube de leitura mais à séria. Vai chamar-se Regione e Sentimento, em alusão a “Razão e Sentimento” — o título em português do Brasil para “Sensibilidade e Bom Senso”, de Jane Austen. Vai centrar-se em autores contemporâneos das diferentes regiões de Itália. Os que desejarem participar no clube terão de se comprometer a comprar o livro do mês na Piena e haverá uma programação mais completa associada ao clube. O Azuleggo vai continuar em paralelo, de forma mais informal, mas com o mesmo núcleo de pessoas.

A Piena já começou também a receber algumas iniciativas e há-de ter uma programação bastante mais alargada. O objetivo é que acolha apresentações, conversas informais com autores italianos, leituras de obras infantis ou ateliers. Equacionam mesmo, caso consigam contar com a presença de escritores célebres, organizar as sessões em espaços maiores, em parceria com o Instituto Italiano de Cultura de Lisboa.

Tendo em conta que Sara Cappai tem experiência no mundo editorial, e Elisa Sartor vem da área do design e ilustração, também planeiam, um dia, fazer as próprias edições independentes. “Estamos só no início”, promete Elisa Sartor. Gostavam de organizar um pequeno festival de literatura italiana no próximo ano e promover uma noite mensal dedicada à poesia. Mais do que uma livraria, querem ser um ponto de divulgação da cultura italiana em Lisboa. “O objetivo não é sermos apenas uma loja.”

 

29
Jun22

Miosótis: a nova livraria de bairro de Lisboa que vende livros que ficam na memória

Niel Tomodachi

Tem espaço para as edições independentes mas também para livros comerciais. A ideia é que seja um sítio confortável e acolhedor.

A1 de junho, no 14A da Avenida Rovisco Pais, perto do Arco do Cego, abriu a mais recente livraria de Lisboa, a Miosótis. O nome é o de uma flor azul muito usada como símbolo da memória — daqueles que partiram, por exemplo. Neste caso, representa os livros que permanecem na lembrança dos leitores.

O projeto é da portuguesa Adelaide Nikolic, que fundou a editora independente Adelaide Books em 2019, em Nova Iorque, nos EUA — o marido é americano e o casal vive entre os dois lados do Atlântico. Com base na editora, decidiu abrir uma livraria.

“Uma das nossas maiores dificuldades sempre foi conseguirmos ter algum posicionamento no mercado. Precisamente por sermos independentes e pequenos é difícil termos os nossos livros à venda [em espaços físicos]. É uma dificuldade que todos os pequenos editores têm. A certa altura começámos a pensar se não faria sentido abrirmos o nosso próprio espaço, porque quando tínhamos lançamentos estávamos sempre dependentes das localizações de terceiros”, explica à NiT.

Começaram a desenvolver a ideia de abrir uma livraria e, depois, a procurar um espaço. Encontraram uma antiga Papelaria Fernandes, que ali existiu durante os últimos dez anos, e que antes tinha sido uma outra papelaria — desde “os anos 50 ou 60”.

“Permite-nos ter os nossos livros, mas não só. Temos a preocupação de ter livros de outros pequenos editores, não só dos grandes. E temos esse feedback, de que faz toda a diferença verem os livros disponíveis na montra. Ou até projetos que não são de editoras — por exemplo, obras ilustradas feitos por designers que não têm visibilidade”, diz Adelaide Nikolic.

Portanto, dos “bons milhares” de livros que existem na Miosótis, cerca de metade são edições independentes; e a outra metade são títulos das grandes editoras. A responsável pela livraria diz que cerca de 95 por cento das editoras portuguesas estão representadas — o objetivo é mesmo serem abrangentes.

“Temos oferta para quem quer romances mais comerciais, como um Pedro Chagas Freitas, e temos a poesia ou o livro de teatro daquela editora de uma ou duas pessoas que muitas vezes é uma edição mais cuidada, mais pensada, para outro tipo de público.” Enquanto editora, a Adelaide Books centra-se sobretudo em ficção — tem autores portugueses, mas também alguma literatura traduzida, e livros infantis ou de memórias, entre outros formatos.

“Acabamos por ter poucos livros editados, mas são coisas que acreditamos que têm mais qualidade, favorecendo novos autores, que achamos que têm qualidades e merecem uma oportunidade para estarem no mercado”, explica Adelaide Nikolic, sobre os critérios que utiliza na hora de escolher o que editar.

Adelaide Nikolic é a responsável pelo projeto.
 
 

A ideia é que a Miosótis funcione como uma “livraria de bairro”, que seja um local confortável onde os leitores possam passar tempo a folhear livros ou a trocar impressões sobre literatura. Não querem ser vistos, de todo, como uma espécie de hipermercado de livros. Também por isso, Adelaide Nikolic preferiu manter a mobília original.

“Não só tinha bastante qualidade, mas porque quisemos manter esse feeling de um sítio não estéril, um sítio acolhedor onde as pessoas podem vir, ficar e sentirem-se à vontade. E temos conseguido isso.”

Na frente de loja, a Miosótis tem a secção geral de livros. Depois existe uma área só com títulos em segunda mão — onde se encontram clássicos da literatura em várias línguas e algumas raridades; uma sala infantil, onde os miúdos podem ler, brincar e fazer desenhos; e um espaço de galeria e eventos, onde se podem fazer apresentações de livros, tertúlias ou sessões de clubes de leitura, por exemplo. Este último espaço funciona também como galeria e acolhe exposições de artes plásticas. 

Adelaide Nikolic assume estar “aberta a receber propostas de artistas” e de eventos. “Não precisam de ser apenas lançamentos ou clubes de leitura — desde que faça sentido para nós e para o nosso espaço a nível artístico e cultural, todos os projetos são bem-vindos. É realmente uma questão de analisarmos.”

A livraria inclui também uma secção considerável de livros em mirandês, com mais de 20 títulos. “Não costumam ter relevância nas livrarias, mas temos ainda uma boa secção. As pessoas ficam muito surpresas porque nem sabiam que existiam, não têm noção. Temos, por exemplo, ‘Os Lusíadas’ e ‘Mensagem’, e depois as coisas feitas por autores locais e regionais que acabam também por não ter tanta visibilidade. Eu ainda sou uma falante muito inicial [risos], mas faz sentido dar visibilidade a este tipo de literatura, até porque é a segunda língua oficial do País.”

site da editora, onde existe alguma informação sobre a Miosótis, só tem disponíveis os livros lançados pela Adelaide Books. No futuro, a ideia é criar um site com todo o catálogo disponível na livraria. 

“O objetivo é que seja um sítio inclusivo, onde haja um match entre o livro e o leitor, por mais difícil que seja. Há poesia para quem é do nicho, há o romance que saiu esta semana e existem as alternativas que muitas vezes não estão disponíveis em mais lado nenhum”, remata Adelaide Nikolic. 

E acrescenta: “Temos recebido um feedback bastante positivo. Dizem que é um sítio confortável, com uma grande variedade de bons livros. E isso deixa-me bastante satisfeita”.

 

28
Jun22

Livraria Aberta quer ajudar a resgatar a história 'queer' em Portugal

Niel Tomodachi

A Livraria Aberta, no Porto, que na terça-feira celebra o primeiro aniversário, usa a curadoria de livros e avança para a edição própria para resgatar a história 'queer' em Portugal e "fixar conhecimento".

Livraria Aberta quer ajudar a resgatar a história 'queer' em Portugal

Em entrevista à agência Lusa, a propósito do primeiro aniversário, os criadores e gestores da livraria, Paulo Brás, formado em literatura, e Ricardo Braun, do teatro, explicam a vontade de entrar no campo da edição e também como "não há ainda uma grande preocupação em Portugal em escrever a história 'queer'", defende o primeiro.

"Nem há muitos livros publicados, ou os que existem esgotam e não são reeditados. Acontecem colóquios e as atas não são publicadas. O conhecimento não se fixa, parece que estamos sempre a começar do zero. Isto cria uma ideia geral de que 'ah, os autores não existiram'", acrescenta.

Com um catálogo "bastante abrangente" na livraria, sita na Rua do Paraíso, no Porto, o seu universo aborda questões não só do espectro LGBT mas também com "uma preocupação interseccional de ter textos feministas, narrativas raciais e outro tipo de exclusões".

Para o movimento LGBT no país, "é preciso é haver conhecimento, investigação", um trabalho que fazem, pela livraria, ao ir às editoras encontrar os livros que lá estão, e que "noutro sítio se calhar ficam perdidos", encontrando estantes de onde não saem "após três meses de exposição", com outro "tempo de vida".

"Mesmo da parte das editoras que vão lançando coisas que se encaixam no nosso catálogo, se calhar há menos medo, ou pudor, em que as sinopses já levantem ou assumam que os livros falem dessas questões", lembra Ricardo Braun.

As edições ligadas ao tema sofrem de um "código", alerta, em que não se diz "que as personagens são LGBT, fala-se de amores proibidos ou tendências desviantes", uma "maneira muito críptica de falar das coisas para não alienar ninguém".

As editoras mais independentes, completa Paulo Brás, já criam "um diálogo", seja a perguntar por livros especificamente 'queer' que ainda não estão publicados em português, num país sem editoras em papel especificamente dedicadas.

"Os próprios distribuidores foram percebendo que os livros LGBT não são só os livros com os meninos nus na capa a namorar, ou com LGBT na sinopse. Não são só esses. Um caso muito flagrante: na poesia, é preciso conhecer a obra, e por vezes a vida do poeta, para saber que o livro pode estar cá", refere Paulo Brás.

A possibilidade de editar em nome próprio está "prevista desde o início", mas ainda falta "dinheiro para isso".

A sustentabilidade é a prioridade antes de assumirem esse risco, com o qual querem "suprir lacunas no catálogo", e aplicar o conhecimento que têm para acrescentar e não duplicar.

Editar é para poder "contribuir para fazer história" do movimento no país, "para mostrar que aquelas coisas existiam", que "tiveram o seu impacto" e trazê-las de volta, contornando a dificuldade da falta de acesso quando algumas obras -- ou autores -- esgotam.

"Não tiramos da mesa e percebemos a importância de também ajudar de alguma maneira autores 'queer' a tentar publicar sem conseguir. Há áreas pouco exploradas. Um autor trans português? Há poucas edições", acrescenta Paulo Brás.

Entre a programação do primeiro aniversário está uma série de sessões informais moderadas por Paulo Brás, pelas 18:00 das segundas-feiras, até 01 de agosto, sobre referências LGBTQ na literatura portuguesa.

Assentarão num "formato de 'não-aula', uma coisa mais de partilha, leitura, descoberta", explica Ricardo Braun, sobre referências da literatura portuguesa LGBT, que Paulo Brás assumiu quase como "um dado adquirido".

"Essas conversas vão ser moderadas por mim e a ideia é eu trazer para a mesa cópias e excertos, [que] lemos e comentamos em conjunto. Não sou professor, e depois, porque eu venho inicialmente desse contexto mais académico, de comunicações, e não sinto que isso proporcione um diálogo. Até porque eu não sei quem vem a essas conversas. Posso estar a falar do António Botto e está aqui um 'superfã' do Botto e que quer falar sobre ele", explica.

Para a frente, numa fase de primeiro aniversário, além da edição, é "importante que as pessoas percebam que a livraria tem de ser sustentável", refere Paulo Brás, para que não corra o risco de ser "mais um projeto que dura dois ou três anos e desaparece".

"Além disso, queremos intensificar a questão da programação, porque sabemos que são sempre momentos de cruzamento de muitas pessoas, e é importante para o ambiente que queremos na livraria", acrescenta Paulo.

Para Ricardo, há pontes com outros agentes culturais e trabalho em rede que pode ser intensificado, e o espaço infantojuvenil, demarcado do resto da livraria, continuará a ser uma aposta para que livros infantis dedicados à temática possam "facilitar a conversa".

"Para que pais, tios, avós, possam falar descomplicadamente destas coisas às crianças. O facto de virem cá, porque querem falar de algo à criança da família é bom, é ótimo", acrescenta.

24
Mai22

Tigre de Papel: a livraria independente de Lisboa que é obrigatório conhecer

Niel Tomodachi

Abriu em 2016 e tanto vende livros novos como clássicos. O espaço acolhe ainda eventos diversos, sobretudo ligados à literatura.

É em Arroios, em Lisboa, que fica a Tigre de Papel, uma das mais conceituadas livrarias independentes da cidade. Abriu portas em junho de 2016 e desde então mantém-se como uma referência — sobretudo para os leitores mais dedicados, curiosos e interessados em edições independentes e de autor.

“Na raiz está uma espécie de projeto a dois, que resultou de uma série de conversas com um amigo de há muitos anos, o Bernardino Aranda, que já tinha experiência de trabalho em livrarias e papelarias, no negócio dos livros escolares, etc.”, explica à NiT o gerente da Tigre de Papel, Fernando Ramalho.

“Em conversa foi surgindo esta questão de eventualmente podermos, a dada altura, ter uma livraria, com determinadas características, com certo perfil literário, de seleção de livros, e ao mesmo tempo um espaço onde pudessem acontecer alguns eventos”, acrescenta. “Entretanto foram-se juntando outras pessoas — a minha colega Rita, outros que foram entrando e saindo — e em junho de 2016 abriu a Tigre de Papel.”

Fernando Ramalho destaca uma série de vertentes que acabam por diferenciar a Tigre de Papel. “Tínhamos três ou quatro ideias que usámos mais ou menos como base: uma é a questão de vendermos livros novos e usados, sem que no espaço da organização da livraria haja uma distinção clara entre os dois. Ou seja, os livros estão misturados, há uma divisão normal temática e por género.”

O espaço acolhe vários eventos.
 
 

E acrescenta: “não é tanto aquela lógica das livrarias de alfarrabista, que existem e têm o seu papel e que se centram sobretudo naquela ideia da circulação dos livros mais raros e difíceis de encontrar — numa lógica quase de colecionador e de pesquisa muito dirigida. Aqui, de vez em quando, aparecem alguns desses livros, mas no geral a nossa lógica é fazer circular os livros. É vendê-los a um preço acessível e sublinhar a ideia de que um livro depois de ser lido continua vivo. Pode passar para outras mãos, para outras pessoas e é isso que nos interessa com esta atividade dos livros em segunda mão, procurando que tenham um preço suficientemente acessível para que continuem a circular”.

Fernando Ramalho conta que várias pessoas se dirigem à Tigre de Papel para venderem ou oferecerem livros que têm em casa e de que já não precisam. “Nos livros novos também procuramos que a oferta livreira se centre sobretudo nas editoras independentes, mais pequenas, temos muitas edições de autor que dificilmente se encontrarão nas grandes superfícies livreiras. Eventualmente será uma diferença em relação a outras livrarias que existem pela cidade. Não nos fazia sentido criar uma livraria que fosse igual às grandes.”

Outra das vertentes tem a ver com a programação regular que a Tigre de Papel acolhe no seu espaço. Por ali costumam acontecer lançamentos e apresentações de livros, debates, encontros, atividades para os miúdos, projeções de filmes ou concertos. 

Tem livros novos e usados.
 
 

“Quem tenha interesse em organizar atividades aqui terá sempre muita facilidade e abertura da nossa parte. É só uma questão de vermos se se adequa ao tipo de programação que temos — regra geral, sim — e, por outro lado, se é possível conciliar as datas e os horários. Mas tem acontecido muito. À medida que a livraria vai ficando um pouco mais conhecida, as pessoas acabam por nos vir propor fazer cá atividades”, explica Fernando Ramalho.

Entre julho e setembro, a Tigre de Papel aposta também nos livros escolares. “É um tipo de livros que já muito poucas livrarias têm. Ou seja, durante muitos anos era onde se compravam os livros escolares. Depois, com a concentração do mercado livreiro, as grandes editoras passaram a ter os próprios meios de venda dos livros e o negócio foi ficando cada vez mais difícil e menos rentável. Por isso, muito poucas livrarias subsistiram com essa atividade. No nosso caso havia esta experiência passada e resolveu-se aproveitá-la e mantê-la aqui.”

A Tigre de Papel expandiu a sua atividade ao criar uma pequena editora, que entretanto também se tornou numa distribuidora. “Permite-nos manter um contacto muito regular com as outras livrarias independentes que existem em Lisboa e no resto do País — e que nos dá a oportunidade de editar alguns livros de que gostamos e que achamos que devem ser publicados e estarem disponíveis.”

A Tigre de Papel pode ser seguida no Facebook e no Instagram, sendo que no site oficial encontrará mais informação sobre a livraria e os respetivos projetos. Está aberta todos os dias — durante a semana, entre as 10 e as 20 horas; aos fins de semana, entre as 10 e as 18 horas. Se não se quiser deslocar ao espaço, pode encomendar livros para casa.

 

10
Abr22

Livrarias alemãs participam em concurso para difundir literatura lusa

Niel Tomodachi

Quase trinta livrarias espalhadas por toda a Alemanha participaram num concurso de montras, organizado pelo Camões Berlim, com o objetivo de difundir a literatura em língua portuguesa neste país.

Livrarias alemãs participam em concurso para difundir literatura lusa

A iniciativa, cujo período de inscrições terminou a 31 de março, teve 28 livrarias a concorrer que tinham como missão a decoração das montras da maneira "mais criativa e apelativa possível", utilizando "elementos portugueses", sobretudo obras da literatura lusófona.

"Raras foram as candidaturas que apresentaram as montras só com livros", revelou à Lusa a conselheira cultural da Embaixada de Portugal em Berlim, Patrícia Salvação Barreto.

"Em muitos casos aparecem imensos elementos relacionados com Portugal. Por exemplo, com Lisboa, através de imagens dos elétricos, houve umas que pintaram propositadamente azulejos. Outras têm fotografias de ferro forjado das fachadas portuguesas. Em muitos casos, uma garrafa de vinho do Porto ou de outro vinho português", descreveu.

Nos últimos 18 meses, foram traduzidas para alemão mais de 50 obras de autores portugueses e de países africanos de língua portuguesa.

Para este concurso foram definidos três critérios fundamentais: o destaque dado à literatura portuguesa, não só na montra, mas também espalhada pela livraria; o aspeto estético e apelativo; e o recurso a iniciativas extra livraria, como publicação nas redes sociais ou uma 'newsletter'.

A vencedora foi a livraria Lesezeichen Werther, na Renânia do Norte-Vestefália.

"Contou com uma oferta muito variada de autores portuguesas com obras recentemente traduzidas, por um lado, o cuidado na decoração da montra (...), socorreu-se de iniciativas extra livraria como as redes sociais (...) e [pelo] facto de não ter apenas autores portugueses, mas sim lusófonos", justificou Patrícia Salvação Barreto.

A cerimónia oficial de entrega do prémio ao vencedor será a 06 de maio, e inclui a ida e estadia em Óbidos, para participar no Folio -- Festival Literário Internacional.

A conselheira cultural da Embaixada de Portugal em Berlim admite a repetição da iniciativa no próximo ano, depois de feita a avaliação ao "impacto do ponto de vista da venda dos livros".

 

27
Mar22

Livraria Poetria muda de poiso e mantém o espírito

Niel Tomodachi

É uma das livrarias mais acarinhadas pelos portuenses e já esteve algumas vezes perto de fechar. Agora, está num espaço maior, a poucos metros das Galerias Lumière, onde se fundou e viveu durante quase 20 anos.

Depois do susto que quase fez encerrar as suas portas nas Galerias Lumière, a livraria Poetria instalou-se num espaço maior, mais arejado e luminoso, a cem metros do local original. “Tínhamos acabado de adquirir a livraria quando fomos informados que o espaço tinha sido vendido e o novo proprietário não queria manter os contratos”, conta Francisco Reis, que com Nuno Pereira gere esta livraria focada em poesia e teatro.

Não foi a primeira vez que a livraria, aberta desde 2003, esteve perto de encerrar. “Éramos clientes assíduos e ficámos amigos de Dina Ferreira [antiga proprietária]”, lembra Francisco. Um dia, ela confessou estar cansada e tinha em mente encerrar, “sem levantar muitas ondas”, lembra. Francisco, na altura, não gostava do trabalho que fazia; e Nuno estava a tirar um mestrado em Estudos Literários.

Poetria (Fotografia: Telmo Pinto/GI)

 

Depois de uma noite sem dormir, decidiram impedir que a livraria fechasse. “Ela aceitou que nós ficássemos e chegámos a um acordo. A Dina é uma mulher com muita garra e soube organizar este projeto e apresentá-lo à comunidade. Divulgou poesia e teatro de uma forma exemplar ao longo de 16 anos”, elogiam.

A livraria acabou por alicerçar também a vontade que Nuno e Francisco tinham de criar uma editora. Nasceu assim a Fresca, que ao longo dos últimos dois anos e meio publicou 14 títulos de novos poetas portugueses, todos eles nascidos depois de 1980.

 

O novo espaço, cedido pela autarquia, está a ser organizado aos poucos. “Quando começámos a mudança, percebemos que, apesar de maior, não tínhamos estantes suficientes para todos os livros. Lá, como era pequeno, os livros estavam arrumados até ao chão”, conta. Agora, o trabalho e curso consiste em reorganizar, e começar a fazer novos pedidos. O foco continua a ser a poesia e o teatro, mas também há ficção, biografias, diários, cartas, ensaios sobre cinema, dança, género, entre outros assuntos.

 

“Estamos num espaço que nos permite crescer. Podemos estar os dois aqui a trabalhar, antes estava só eu. E podemos trazer o Blake, o nosso cão”, refere. A livraria tem dois andares, sendo o de cima uma mezzanine para ser usada pela comunidade. “Estamos abertos a apresentações e projetos”, diz. Quem quiser, pode simplesmente sentar-se num dos sofás, abrir um livro e passar um bom tempo a ler.

::::::

MORADA:

Rua Sá de Noronha, 115, Porto

TELEFONE:

928129119

HORÁRIO:

Das 12 às 19 horas. Encerra ao domingo

 

(S)

17
Mar22

Rede de livrarias independentes com plataforma 'online' a partir de hoje

Niel Tomodachi

Uma nova plataforma de venda 'online' para as livrarias da Rede de Livrarias Independentes (ReLI), que permite consultar os respetivos catálogos e comprar livros novos, usados e raros, está disponível a partir de hoje, anunciou o Ministério da Cultura.

Rede de livrarias independentes com plataforma 'online' a partir de hoje

nova plataforma, disponível em https://livros.reli.pt/, agrega informação sobre os catálogos de cada uma das livrarias participantes, permitindo aos utilizadores pesquisá-los em simultâneo, de acordo com vários critérios e proceder à respetiva encomenda.

Dada a diversidade das livrarias registadas, é possível encontrar livros novos, usados, e ainda uma secção de livros raros, indica o ministério, adiantando que a plataforma conta atualmente com livros de 69 livrarias diferentes e com um catálogo "em crescimento".

No caso de um título não estar disponível 'online', pode ser feito um pedido às livrarias da ReLI, "que responderão diretamente ao interessado", acrescenta.

Esta plataforma é resultado de uma parceria entre o Ministério da Cultura, através da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) e da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), a Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM) e a ReLI, na sequência da assinatura, em setembro de 2020, de dois memorandos de entendimento no âmbito da promoção da língua e cultura portuguesas.

Na altura, os memorandos foram assinados com o objetivo de impulsionar o setor do livro, uma necessidade que se revelou urgente durante a pandemia.

Esta solução surgiu após o estado de emergência, da necessidade de identificar medidas para apoiar as livrarias independentes.

"Foi um trabalho que foi sendo feito ao longo de meses com a ReLI, de identificar medidas concretas e o que é que seria mais importante, mais estruturante, para o setor, das várias medidas que poderíamos fazer em conjunto. Esta, em particular, foi logo identificada pela ReLI, que tinha o projeto para o desenvolvimento de uma plataforma própria de comercio eletrónico", explicou então a ministra da Cultura, Graça Fonseca, que presidiu à cerimónia.

A grande questão era o financiamento de uma plataforma própria da ReLI, problema que foi contornado através de um acordo com a INCM, que já dispõe de uma plataforma, para que disponibilizasse parte desse espaço às livrarias e editoras independentes, para fazerem as suas vendas 'online'.

Para Graça Fonseca, este era um passo que tinha de ser dado, porque Portugal precisa de aumentar a sua capacidade de vender livros à distância.

A situação de estado de emergência, que obrigou ao encerramento das livrarias e, posteriormente, permitiu apenas a venda ao postigo, veio pôr a nu esta necessidade e veio arrasar ainda mais um setor que já estava enfraquecido.

"Temos mesmo que caminhar para promover o comércio eletrónico. Esta ferramenta é muito importante e a pandemia só veio revelar o quão relevante é. Já era antes da pandemia, tornou-se mais evidente durante a pandemia e queremos que constitua uma alavanca para o futuro, de poder ser uma forma diferente de chegar às pessoas com os livros", disse, frisando que nada pode ficar igual depois da pandemia e que o setor do livro tem de sair desta situação mais forte do que entrou.

Sobre o risco de o aumento das vendas 'online' conduz a um ainda maior encerramento das pequenas livrarias, Graça Fonseca mostrou-se descansada, considerando que ambas as formas de comércio podem coexistir de forma "equilibrada".

 

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