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24
Mar23

Iémen. Oito anos de guerra deixaram 11 milhões de crianças na pobreza

Niel Tomodachi

Os oito anos da devastadora guerra civil no Iémen deixaram mais de 11 milhões de crianças a necessitar de ajuda humanitária, denunciou hoje o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), apelando a donativos da comunidade internacional.

Iémen. Oito anos de guerra deixaram 11 milhões de crianças na pobreza

Num comunicado, a UNICEF apresenta os números trágicos de um conflito que matou ou feriu mais de 11.000 crianças entre março de 2015 e novembro de 2022, lembrando que, sem uma ação urgente, milhões de iemenitas, sobretudo jovens, irão enfrentar um risco cada vez maior de subnutrição.

"Mais de 540.000 crianças menores de cinco anos sofrem de subnutrição aguda grave, e uma criança morre a cada 10 minutos de causas preveníveis. Sem o apoio da UNICEF nesta complexa crise humanitária, as hipóteses de sobrevivência e desenvolvimento das crianças reduzem-se significativamente", escreve a organização no comunicado.

Para a UNICEF, que apelou a donativos no valor de 484 milhões de dólares (445 milhões de euros), a crise humanitária no Iémen resulta de "uma convergência devastadora de fatores agravantes".

"Após oito anos de conflito, o colapso económico e o sistema de apoio social fragilizado afeta os serviços básicos. O conflito também exacerbou a atual crise de subnutrição no país, onde 2,2 milhões de crianças sofrem de subnutrição aguda", alerta ainda.

Segundo o representante da UNICEF no Iémen, Peter Hawkins, a vida de milhões de crianças vulneráveis naquele país "continua em risco" devido às "consequências quase inimagináveis e insuportáveis" de uma guerra "esmagadora e interminável".

"Mais de 4.000 crianças foram recrutadas e utilizadas pelas partes envolvidas no conflito e houve mais de 900 ataques contra instalações de educação e saúde ou a sua utilização militar, o que impede o exercício dos direitos básicos das crianças, como o acesso seguro e adequado à saúde e educação. Como estes são apenas os números oficialmente verificados, o verdadeiro impacto desta guerra é provavelmente muito mais elevado", denuncia Hawkins.

Segundo a UNICEF, os anos de conflito provocaram "miséria e sofrimento", deixando cerca de oito milhões de pessoas a necessitar de acesso a serviços de saúde mental e psicossociais no Iémen.

"Devido às múltiplas ameaças e deslocações, verifica-se frequentemente o recurso a mecanismos de resposta negativos como o casamento infantil, o trabalho infantil e, em muitos casos, o recrutamento de crianças para combater", refere a agência da ONU. 

Segundo os dados da UNICEF, a situação das crianças deslocadas internamente continua a ser motivo de grande preocupação, pois mais de 2,3 milhões de crianças ainda vivem em campos de deslocados, onde o acesso a serviços básicos de saúde, nutrição, educação, proteção, água, higiene e saneamento continua a ser inadequado.

"Muitas crianças e famílias sentem-se presas num ciclo perpétuo de desespero. Ao visitarmos recentemente uma família deslocada há mais de sete anos, apercebemo-nos de que, para muitas famílias, pouco mudou na sua situação para além dos rostos das crianças. Elas cresceram a conhecer apenas o conflito e dar-lhes alguma esperança num futuro de paz é absolutamente vital", relata Hawkins.

Em 2023, a UNICEF precisa "urgentemente" dos 445 milhões de euros para continuar a responder aos desafios de cariz humanitário, pois, caso contrário, "poderá ser forçada a reduzir a sua assistência às crianças vulneráveis".

"As crianças do Iémen deveriam poder olhar para o futuro com esperança e não com medo. Apelamos a todos que nos ajudem a concretizar essa esperança de uma população cansada e à da beira do abismo," afirma Hawkins, que destaca que, em 2022, a UNICEF conseguiu salvar, apesar dos poucos meios, milhares de iemenitas.

"[A UNICEF conseguiu] apoiar o tratamento contra a subnutrição aguda grave de mais de 375.000 crianças em 4.584 instalações de cuidados saúde primários e em 34 centros de alimentação terapêutica, proporcionar transferências monetárias de emergência a quase 1,5 milhões de agregados familiares por trimestre, beneficiando cerca de nove milhões de pessoas", enumera o representante da agência da ONU.

Hawkins destaca também os programas de ajuda alimentar, sanitária, educacional, psicossocial e acesso a água potável, apoiando, no total, mais de 5,2 milhões de crianças.

Desde março de 2022 que vigora um frágil cessar-fogo, momento a partir do qual não foram registados quaisquer ataques aéreos perpetrados pela coligação militar internacional liderada pela Arábia Saudita e apoiada pelos Estados Unidos contra os rebeldes xiitas Huthis (apoiados por Teerão), que controlam a maior parte do país, incluindo a capital Sanaa.

O cessar-fogo, porém, expirou em outubro, apesar dos esforços diplomáticos para renová-lo, gerando receios de que a guerra poderá escalar novamente. 

Os combates associados à guerra civil no Iémen causaram a morte a mais de 150.000 pessoas, incluindo mais de 14.500 civis.

O conflito é considerado pela ONU como a maior tragédia humanitária do planeta, atualmente, com 80% da população do país a necessitar de algum tipo de assistência para colmatar as suas necessidades básicas.

Localizado no Médio Oriente, junto ao Mar Arábico, Golfo de Aden e Mar Vermelho, e com fronteiras com Omã e a Arábia Saudita, o Iémen tem uma população de cerca de 33 milhões de pessoas.

 

01
Mar21

Iémen: ONU dececionada com menos de metade dos fundos de ajuda pedidos

Niel Tomodachi

A ONU mostrou-se hoje dececionada com a resposta dos doadores internacionais, após recolher menos de metade dos fundos que pediu para responder à crise humanitária no Iémen e evitar a fome.

naom_579da7aaea9ab.jpgONU, que realizou hoje uma conferência virtual para angariar fundos, indicou que o total de compromissos obtidos foi de 1,7 mil milhões de dólares (1,41 mil milhões de euros), menos de metade dos 3,85 mil milhões de dólares (3,2 mil milhões de euros) solicitados.

Num comunicado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou que o total da ajuda seja menor do que os compromissos anteriores, nomeadamente nos últimos dois anos, advertindo que os cortes no apoio constituem uma "sentença de morte" para muitos iemenitas.

"Milhões de crianças, de mulheres e de homens iemenitas precisam desesperadamente de ajuda para viver. Reduzir a ajuda equivale a uma condenação à morte", afirmou Guterres.

Antes, no início da conferência, Guterres implorou aos doadores para que financiem "com generosidade" a ajuda humanitária ao Iémen, "a fim de evitar que a fome engula" um país que já devastado pela guerra.

"Cada dólar conta", garantiu na conferência virtual coorganizada pela Suécia e pela Suíça com o objetivo de arrecadar quase 3,2 mil milhões de euros para o Iémen.

"A fome está a acabar com o Iémen. Temos de correr se queremos evitar que a fome e a inanição roubem milhões de vidas", alertou Guterres na conferência.

A guerra do Iémen começou em 2014, quando os rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão, tomaram a capital, Sanaa, e grande parte do norte do país.

A coligação liderada pelos sauditas e apoiada pelos EUA interveio meses depois para desalojar os rebeldes e restaurar o governo internacionalmente reconhecido.

O conflito matou cerca de 130.000 pessoas, gerou o pior desastre humanitário do mundo e reverteu o desenvolvimento conquistado nos últimos 20 anos, de acordo com o Programa de Desenvolvimento da ONU.

Metade das instalações de saúde do Iémen foram fechadas ou destruídas e quatro milhões de iemenitas foram expulsos das suas casas.

A pandemia de covid-19, várias epidemias de cólera e a desnutrição severa de crianças causaram milhares de mortes adicionais.

A agência da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários advertiu que mais de 16 milhões de pessoas no Iémen vão passar fome este ano, sendo que cerca de meio milhão já vive em condições semelhantes.

 

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