A Direção-Geral da Saúde preparou um conjunto de dicas para auxiliar todos os pais a lidar com as suas crianças em casa: https://covid19.min-saude.pt/wp-content/uploads/2020/07/Cuidados-Parentais.pdf
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As inovadoras máscaras são feitas a partir de anticorpos extraídos de ovos de avestruz.
Cientistas japoneses desenvolveram uma inovadora máscara que deteta se uma pessoa está infetada com a Covid-19. Para isso, é necessário que a máscara esteja sob a luz ultravioleta. Esta inveção foi possível gaças à extração de anticorpos de ovos de avestruz. Após a utilização da máscara, o filtro é retirado e pulverizado com um corante que contém anticorpos do novo coronavírus. Se a infeção for detetada, o filtro brilha na presença de uma luz ultravioleta.
Tsukamoto, um professor veterinário e presidente da universidade Kyoto Prefectural, no Japão, estudou durante anos avestruzes, à procura de formas de adaptar o seu poder imunitário para combater a gripe das aves, alergias e outras doenças.
“A vantagem destas máscaras é que as pessoas assintomáticas podem detetar facilmente o coronavírus”, disse o líder da investigação, Yasuhiro Tsukamoto, à agência Reuters, citado na SIC. Através da utilização das máscaras, as pessoas conseguem perceber se há ou não presença do vírus.
Em fevereiro de 2021, os cientistas injetaram uma versão mais leve de Covid-19 nas avestruzes fêmeas, o que permitiu que removessem anticorpos dos seus ovos. O próximo passo foi criar uma máscara revestida por um filtro que contém anticorpos dessas mesmas avestruzes.
Durante dez dias, voluntários usaram as máscaras desenvolvidas pela equipa de Tsukamoto por um período de oito horas. Os filtros foram removidos e pulverizados com um químico que brilha sob luz ultravioleta se o vírus estiver presente. Os filtros usados pelas pessoas infetadas com Covid-19 brilhavam à volta das zonas do nariz e da boca.
A equipa de cientistas quer continuar com os estudos e alargar os testes a um grupo de pelo menos 150 pessoas. Outro dos objetivos é conseguir que as máscaras brilhem sob qualquer luz, sem ser apenas a ultravioleta.
O mais importante para a equipa de cientistas é que o projeto seja aprovado pelo governo japonês, para que as máscaras possam ser introduzidas no mercado. “Podemos produzir anticorpos em massa de avestruzes a um custo baixo. No futuro, quero fazer disso um kit de teste fácil para que qualquer pessoa possa usar”, afirmou Tsukamoto ao jornal “Kyodo News”.
"Até agora, mais de quatro biliões de doses de vacinas foram administradas em todo o mundo. Mais de 80% foram para países ricos ou de rendimento médio, apesar de representarem menos da metade da população mundial. Entendo a preocupação de todos os governos em proteger o seu povo da variante Delta, mas não podemos aceitar que países que já usaram a maior parte das vacinas disponíveis no mundo usem ainda mais, enquanto as pessoas mais vulneráveis permanecem sem proteção", alertou o diretor-geral da OMS.
Pelo menos 1,5 milhões de crianças e adolescentes no mundo ficaram órfãos ou perderam avós ou tios durante a pandemia de Covid-19, entre março de 2020 e abril de 2021, estima um estudo hoje divulgado.
O estudo, publicado na revista médica britânica The Lancet, apresenta estimativas por baixo, alertam os autores.
Em Portugal, 590 crianças e adolescentes terão ficado órfãos, número que ascende a 660 se for incluída a perda de avós que tinham a sua guarda, de acordo com a The Lancet.
Para este estudo, o primeiro do género à escala global, os autores desenvolveram modelos matemáticos, "usando os melhores dados disponíveis, como uma tentativa inicial de estimar a magnitude do impacto oculto da pandemia nas crianças", refere a The Lancet em comunicado.
Os modelos matemáticos foram usados para extrapolar para o resto do mundo, inclusive Portugal, dados de 21 países que, no conjunto, representam 76,4% das mortes globais por covid-19, adianta a publicação.
Nestes modelos foram utilizados dados sobre mortes por covid-19 ou mortes em excesso, quando disponíveis, que ocorreram entre 01 de março de 2020 e 30 de abril de 2021, bem como taxas de fertilidade para estimar a orfandade durante a pandemia.
Os autores do estudo associaram as taxas de mortalidade por covid-19 aos dados de fertilidade para homens e mulheres para estimar o número de crianças e adolescentes que perderam um dos pais ou ambos os pais em consequência da covid-19.
A análise foi alargada para incluir as mortes de avós ou outros familiares adultos, com idades entre os 60 e os 84 anos, que viviam na mesma casa das crianças e que delas cuidavam, com base nas estatísticas das Nações Unidas sobre a composição familiar.
Os dados têm em conta os avós que tinham a guarda dos netos, sendo os seus principais cuidadores, e os avós ou tios que coabitavam com os pais dos menores e eram cuidadores secundários.
Para efeitos do estudo foram considerados as crianças e os jovens com menos de 18 anos e as mortes associadas à covid-19, quer as causadas diretamente pela doença quer as que resultaram da diminuição do acesso aos cuidados de saúde e a tratamentos de doenças crónicas (como diabetes e cancro) devido à pandemia, e que contribuíram para o excesso de mortalidade.
Pelo menos um milhão de crianças e adolescentes ficaram órfãos de pai, mãe ou ambos os progenitores e meio milhão perdeu um dos avós ou tios (ou ambos avós e tios) cuidadores durante um ano de pandemia, de acordo com as estimativas à escala mundial apresentadas no artigo.
Os autores do trabalho entendem que devem ser feitos "investimentos urgentes em serviços de apoio" a estes menores, porque, a seu ver, correm riscos acrescidos de pobreza, separação familiar, institucionalização em lares ou orfanatos, perturbações mentais, suicídio, doenças crónicas, violência sexual, física e emocional e gravidez precoce.
Os países que no estudo serviram de "trampolim" para as estimativas à escala global foram Argentina, Brasil, Espanha, Colômbia, Reino Unido, França, Alemanha, Índia, Irão, Itália, Quénia, Malaui, México, Nigéria, Peru, Filipinas, Polónia, Rússia, África do Sul, Estados Unidos e Zimbabué. No caso do Reino Unido, apenas figuram dados de Inglaterra e do País de Gales.
Nestes países, o estudo estima que, em 30 de abril, por causa da covid-19, 862.365 crianças e jovens estavam órfãos ou tinham perdido os avós que deles cuidavam diretamente.
No "grupo dos 21", África do Sul, Peru, Estados Unidos, Índia, Brasil e México são os países que apresentam, segundo as estimativas, o número mais elevado de menores sem pais ou avós, entre 94.625 e 141.132 crianças.
Num mês, entre março e abril últimos, a Índia passou de 5.091 para 43.139 órfãos, destaca o estudo, cujos resultados os autores admitem que estão "provavelmente subestimados", porque "as mortes por covid-19 podem estar subnotificadas devido à variabilidade dos sistemas de notificação" e nem sempre há dados disponíveis sobre a mortalidade em excesso.
A pandemia da covid-19 provocou pelo menos 4.100.352 mortos em todo o mundo, entre mais de 190,8 milhões de infetados, segundo o balanço mais recente da agência noticiosa AFP.
Sobre o Livro:
Gustavo Carona já exerceu medicina em situações de máximo desespero, socorrendo populações dilaceradas pela guerra em alguns dos conflitos mais sangrentos do mundo - mas foi no Hospital de Matosinhos, onde trabalha diariamente, que viria a desempenhar a missão mais difícil da sua vida.
Especialista em cuidados intensivos e anestesiologia, o médico portuense traz-nos um testemunho em carne viva sobre a abnegação, o vincado sentido de dever e também o sofrimento dos profissionais de saúde ao longo da pandemia da covid-19.
Partindo do seu próprio caso, ao debater-se com a gestão de problemas pessoais, dores físicas constantes e um burnout que não apenas o afastou da sua unidade de cuidados intensivos como lhe trouxe um sentimento de frustração insustentável, Gustavo Carona faz um relato profundamente humano da angústia e do heroísmo de médicos, enfermeiros e auxiliares diante de um inimigo mortal que, além de invisível e desconhecido, não raras vezes pareceu incomensuravelmente mais poderoso do que a resistência mais árdua dos homens e os conhecimentos mais avançados da ciência.
Sobre o Autor:
Gustavo Carona nasceu no Porto em 1980. É médico anestesista e intensivista no Hospital de Matosinhos e dedica-se a missões humanitárias desde 2009. Já representou os Médicos Sem Fronteiras, os Médicos do Mundo e a Cruz Vermelha Internacional em zonas de carência humanitária extrema, como a República Centro Africana, o Sudão do Sul, Burundi, Afeganistão, Síria, Iraque, Iémen e Faixa de Gaza. Desde cedo que tenta dar voz às vidas que lhe passaram pelas mãos e a um mundo que poucos querem ver, apelando à humanidade global com a sua escrita nos media e redes sociais e com numerosas intervenções públicas. É autor dos livros 1001 Cartas para Mosul e O Mundo Precisa de Saber.
O confinamento em 2020 trouxe associado um 'boom' de pedidos de adoção de animais na região do Porto, uma solução que associações contactadas pela Lusa revelaram ter causado problemas de saúde, sobretudo aos cães, assim que o país desconfinou.
Os efeitos colaterais da chegada da covid-19 pesaram também na vida dos animais adotados no primeiro trimestre de 2020, depressa passando das 24 horas de companhia humana durante o confinamento para 12 horas de solidão assim que as pessoas retomaram as suas rotinas profissionais e escolares, situação que segundo Lígia Andrade, da Associação Midas, "traumatizou os animais".
"A partir de março de 2020, houve um 'boom' de pedidos de animais para adoção e, no nosso caso, porque já tínhamos confinado, apenas tratamos as adoções que haviam chegado antes do país fechar", explicou à Lusa a responsável da associação de Matosinhos.
Nesse contexto, criaram a campanha "O animal não é apenas para confinar", sensibilizando as pessoas para a "responsabilidade que é adotar um animal", disse Lígia Andrade.
"Atualmente, estamos a receber muitos pedidos para entregar animais, alegando as pessoas que os encontraram, recolheram ou adotaram, sendo que esses animais nem sequer têm um ano de idade, ou seja, foram para as famílias após a chegada da pandemia e agora as pessoas querem entregá-los", observou.
Entre os motivos invocados, descreveu, estão o "mudar de casa, foram despejados ou que vão emigrar", contou a responsável da associação que anualmente entrega "300 animais para adoção" e apresenta uma "taxa de devolução inferior a 1%".
"São muitos por dia, muitos pedidos de ajuda da mais variada ordem. Até houve casos de cães cujos donos tinham morrido por causa da covid-19, como aconteceu em março e abril deste ano", acrescentou.
Conclui Lígia Andrade que "a covid-19 ajudou a inflacionar o problema".
"Findo o confinamento, as pessoas retomaram os seus ritmos normais, indo trabalhar ou para a escola e o animal passa a ser um empecilho, passando de um cenário de 24 horas na companhia dos humanos para 12 horas de solidão, o que os faz entrar em depressão, sendo que não têm a nossa capacidade para o manifestar", disse.
Ângela Lima, do Cantinho do Tareco, um gatil na Maia, viveu em dobro o aumento da realidade em 2020, confirmando à Lusa ter aumentado o número de gatos adotados, mas também de animais recolhidos, uma missão para a qual a associação que integra contou com uma ajuda extra.
"Tivemos muitas adoções de gatos em 2020, mas também acolhemos mais gatos que o normal, pois conseguimos arranjar famílias de acolhimento temporário para ficarem com as ninhadas", explicou.
Questionada sobre se tinha recebido pedidos de devolução de gatos alegando que estes passaram a estar sozinhos em casa, a responsável minimizou a questão.
"A solidão nos gatos não se manifesta da maneira agressiva como a que é descrita no caso dos cães. Os gatos são mais independentes e, ao mesmo tempo, mais reservados", sublinhou.
A Cerca - Abrigo dos animais abandonados, na Póvoa de Varzim, segundo a responsável Raquel Nobre, optou por antecipar o problema e não entregou nenhum animal para a adoção assim que o país fechou.
"Apercebemo-nos que, como as pessoas estavam em casa, ter um animal por perto fazia-lhes bem para ultrapassar o confinamento. O problema é que o regresso à normalidade iria fazer com que o animal acabasse por ficar sozinho e desatasse a roer, a fazer asneiras, a fazer barulho e acabaria por ser devolvido", disse à Lusa a diretora.
Homenagem fica de frente para o parlamento britânico para que o governo "nunca perca de vista" as histórias pessoais da pandemia.
Famílias devastadas pelo novo coronavírus uniram-se para pintar um mural em homenagem aos seus familiares falecidos. Localizado mesmo em frente ao parlamento britânico, o mural será adornado com milhares de corações vermelhos.
O tributo consiste em pintar-se um coração por cada pessoa que morreu vítima de Covid-19, num total de 145 mil corações.
Os trabalhos de pintura começaram esta manhã e deverão demorar uma semana a ser concluídos.
A iniciativa é desenvolvida pela Bereaved Families for Justice, associação cujo cofundador perdeu o pai há um ano, vítima desta doença.
"Cada coração é pintado individualmente à mão - absolutamente único, tal como os entes queridos que perdemos. E tal como a escala da nossa perda coletiva, este memorial vai ser enorme", referem os responsáveis pela ideia, citados pelo Evening Standard.
"Isto é uma efusão de amor", afirma Matt Fowler, que explica que o monumento de homenagem fica de frente para o parlamento para que o governo "nunca perca de vista" as histórias pessoais da tragédia que assolou Inglaterra e o resto do mundo.
O Museu de História Natural e da Ciência já começou a recolher objetos e a catalogá-los para o efeito.
O Museu de História Natural e da Ciência do Porto vai ter uma exposição com elementos sobre a Covid-19. O objetivo é contar a história da pandemia e os objetos já começam a ser recolhidos e catalogados para que isso aconteça. Por enquanto, ainda não há previsão de quando possa abrir ao público.
“Enquanto profissionais que preservam a memória, os curadores por todo o mundo sentiram logo este impulso de constituição de coleções que marcassem o momento e contassem esta história. E em Portugal não foi diferente”, explica Rita Gaspar, curadora das coleções de Arqueologia, Etnografia e Antropologia biológica, aqui citada pelo Porto.pt.
A recolha que está a ser feita junta equipamentos de proteção individual, como é o caso das máscaras de tecido, das indicadas para a comunidade surda ou as viseiras desenvolvidas por impressoras 3D, por exemplo.
“É importante guardar esta memória, registando desde as máscaras sociais que foram feitas em casa, até à empresa de cotonetes que alterou a sua produção para zaragatoas em tempo recorde e em articulação com a academia, ou o centro de investigação que desenvolveu os testes rápidos”, continua.
Vacinas e ventiladores são outros dos elementos que esperam recolher para fazer parte desta exposição. Rita Gaspar revela que por todo o mundo se tem assistido a um recolher natural deste tipo de materiais, mas também de desenhos de crianças, por exemplo, uma vez que este é um período que vai entrar para a história.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou hoje que o número de mortes devido à covid-19 em África "aumentaram 40%" num mês, estando a agência das Nações Unidas preocupada com as novas e mais contagiosas variantes do novo coronavírus.
"Mais 22.300 mortes foram relatadas em África nos últimos 28 dias, em comparação com quase 16.000 nos 28 dias anteriores", afirmou o escritório da OMS para África, sediado em Brazzaville, na República do Congo, citado pela agência France-Presse.
Este balanço surge quando o continente "luta contra novas variantes mais contagiosas e se prepara para sua maior campanha de vacinação de sempre", escreveu a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) depois de uma conferência de imprensa virtual.
Os primeiros casos de covid-19 no continente foram diagnosticados em 14 de fevereiro de 2020. Desde então, o número total de casos ultrapassou os 3,7 milhões, incluindo 3,2 milhões de recuperações e 96.000 mortos, de acordo com os dados divulgados hoje pela OMS.
A agência da ONU acrescentou que o número total de mortes deverá atingir os 100.000 "nos próximos dias".
A diretora regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti, disse que o aumento de mortes devido à covid-19 representa "sinais preocupantes de aviso que os trabalhadores e os sistemas de saúde em África estão perigosamente sobrecarregados".
Durante a primeira vaga de covid-19, o continente africano foi o menos afetado pela pandemia. No entanto, na segunda onda de infeções, os casos "saltaram muito além do pico da primeira vaga e as instalações de saúde ficaram sobrecarregadas", disse a OMS.
A grande maioria dos países africanos ainda não iniciou as operações de vacinação, sendo este um assunto sensível em alguns Estados.
Além da dificuldade de acesso, há também uma forte desconfiança em relação à vacina, com várias teorias da conspiração a serem partilhadas, de forma regular, nos círculos locais nas redes sociais.
"Saia e vacine-se quando a vacina ficar disponível no seu país", apelou Moeti aos povos de África, assinalando que a pandemia está "longe de acabar e as vacinas são um instrumento essencial" na luta contra o vírus.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.355.410 mortos no mundo, resultantes de mais de 107,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
A aplicação de medidas de confinamento para o combate à Covid-19 em Moçambique agravou a violência de género no país, assim como no resto da África Austral.
A aplicação de medidas de confinamento para o combate à Covid-19 em Moçambique agravou a violência de género no país, assim como no resto da África Austral, assinala um relatório da Amnistia Internacional (AI).
“Devido aos confinamentos impostos pelos países da África Austral, alguns lares pela região tornaram-se enclaves de crueldade, violação e violência para as mulheres e crianças presas com familiares abusivos e sem qualquer sítio para denunciar ou escapar ao perigo”, referiu a AI, num comunicado que acompanha o relatório “Tratadas como Peças de Mobília, A violência de género e a resposta à Covid-19 na África Austral”.
O diretor da AI para a África Oriental e Austral, Deprose Muchena, sublinhou que a pandemia de Covid-19 “suscitou um aumento da violência de género contra mulheres e raparigas na África Austral”. “Também amplificou os problemas estruturais existentes, como a pobreza, a iniquidade, crime, elevado desemprego e falhanços sistemáticos da justiça criminal“, acrescentou o responsável da organização não-governamental (ONG).
A AI registou que “os nocivos estereótipos de género embutidos nas normas sociais e culturais”, que sugerem que “as mulheres devem sempre submeter-se aos homens ou que um homem que bate na sua mulher o faz porque a ama”, têm alimentado o aumento da violência contra mulheres e raparigas na África do Sul, Madagáscar, Moçambique, Zâmbia e Zimbabué. Entre estes, África do Sul, Moçambique e Zimbabué foram os que se destacaram pela ausência de estruturas de apoio a vítimas de violência e abuso nas medidas de contenção da Covid-19.
No relatório, a ONG de defesa dos direitos humanos referiu que o estabelecimento do estado de emergência em Moçambique resultou numa crise económica, “em particular para os agregados familiares que viviam na precariedade” e que subsistiam através da economia informal.
As mulheres nesta situação, como empregadas domésticas, têm os seus rendimentos diários “absorvidos em despesas imediatas” e que, pela proibição de saírem de casa, “as suas fontes de rendimento secaram e as suas condições de vida tornaram-se cada vez mais difíceis”.Da mesma forma, “a redução nos rendimentos familiares intensificou a frustração, a tensão e o ‘stress’ nas famílias”, expondo-se o caso de uma vendedora ambulante que relatou ataques por parte do seu marido.
A diretora executiva do Fórum Mulher, Nzira de Deus, referida no relatório, registou um aumento do número de relatos de violência de género na televisão e rádio, remetendo para a morte de uma mulher, em 06 de junho, no distrito de Matola, província de Maputo, por parte do seu cônjuge — que “a seguir se matou também”.
Ativistas dos direitos humanos ouvidas pela AI mostraram-se preocupadas com a redução da capacidade dos transportes públicos em Moçambique, considerando que isto deixou “as mulheres expostas à violência de género”. “Um exemplo disso foi o caso da empregada do hospital central de Maputo, que chegou ao seu bairro a altas horas da noite devido à escassez dos transportes públicos, em 31 de maio de 2020, e foi roubada, torturada, violada e assassinada”, destacou o relatório.
Na África do Sul, as autoridades registaram, apenas no primeiro confinamento, 2.300 pedidos de ajuda devido a violência de género, tendo, por meados de junho, 21 mulheres e crianças sido assassinadas por parceiros íntimos. No Zimbabué, uma organização de apoio a vítimas de violência doméstica documentou 764 casos de violência de género nos primeiros 11 dias de confinamento nacional, valor que subiu para 2.768 em 13 de junho.
O aumento da pobreza devido às regras de confinamento foi “um fator fulcral para o aumento da violência de género” durante o recolhimento, tendo mulheres e crianças ficado mais dependentes de parceiros abusivos. Por outro lado, a Zâmbia registou, segundo dados das autoridades, uma diminuição da violência de género durante o período de confinamento face ao mesmo valor de 2019.
O país teve uma diminuição de 10% das queixas durante o primeiro trimestre, mas este valor “pode refletir que as mulheres não foram capazes de pedir ajuda, e não um declínio do número de casos”. Ainda assim, uma ONG zambiana reportou um aumento de casos de violência sexual no mesmo período.
A AI identificou várias barreiras colocadas a vítimas de violência de género para a justiça, nomeadamente a falta de confiança no sistema judicial e o trauma secundário, que surge quando relatam os casos às autoridades. No caso de Moçambique, muitas vítimas temem a apresentação de queixa, e correspondente abertura de inquérito, “devido à pressão da sociedade em tolerar a violência doméstica, a dependência financeira do perpetrador e a falta de confiança no sistema judicial”.
“Segundo organizações da sociedade civil, em alguns casos, os agentes da polícia foram acusados de desvalorizar queixas de violência de género porque as viram como assuntos de família e não crimes. O estigma à volta da violência sexual foi também citado como um fator contributivo para a falta de relatos”, salientou a AI.
“É chocante que para muitos na África Austral o sítio mais perigoso para se ser uma mulher ou uma rapariga durante a pandemia de covid-19 seja em casa. É indesculpável. Os líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) devem assegurar que a prevenção e a proteção das mulheres de violência de género e de violência doméstica são uma parte integral das respostas nacionais a pandemias e outras emergências”, defendeu Deprose Muchena.
Segundo os dados mais recentes do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número de infetados neste continente desde o início da pandemia é de 3.667.546 e o de mortes 95.075.
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