“Estamos inequivocamente a meio de uma emergência climática”, dizem cientistas
De uma reunião de investigadores internacionais resultou o relatório onde se alerta que os sinais vitais da Terra pioraram a ponto de “a humanidade enfrentar inequivocamente uma emergência climática”. O relatório, “Aviso dos cientistas mundiais de uma emergência climática 2022”, publicado na revista BioScience, observa que 16 dos 35 sinais vitais planetários que os autores usam para identificar as mudanças climáticas estão em valores recordes.
Os dados apresentados no referido relatório ilustram a crescente frequência de eventos extremos de calor, aumentando a perda global de cobertura florestal devido ao fogo e uma maior prevalência do vírus da dengue transmitido por mosquitos.
Os mesmos especialistas apontam para o excessivo aumento do consumo de energia de combustíveis fósseis após as paralisações da pandemia da covid-19 (apesar do aumento dos compromissos de desinvestimento de combustíveis fósseis).
16 dos 35 sinais vitais planetários que os autores usam para rastrear as mudanças climáticas estão em valores recordes
“Como podemos ver pelos aumentos anuais das catástrofes climáticas, estamos agora no meio de uma grande crise climática. E prevê-se que esta crise piore se continuarmos a fazer as coisas da maneira que as temos feito”, disse o principal autor Christopher Wolf, da Universidade Estadual de Oregon. “Imploramos aos nossos colegas cientistas que se juntem a nós na defesa de abordagens baseadas em pesquisa para a tomada de decisões climáticas e ambientais”.
“A mudança climática não é um problema isolado”
“A mudança climática não é um problema isolado”, disse Saleemul Huq, da Universidade Independente de Bangladesh. “É parte de um problema sistémico mais amplo de superação ecológica, onde a procura humana excede a capacidade regenerativa da biosfera. Para evitar mais sofrimento humano incalculável, temos de proteger a natureza; eliminar a maioria das emissões de combustíveis fósseis e apoiar adaptações climáticas socialmente justas, com foco em áreas mais vulneráveis”.
O relatório observa que, nas últimas três décadas, as emissões globais de gases de efeito estufa aumentaram 40%. Neste período de 30 anos, mais de 1.700 cientistas assinaram o documento “Aviso dos Cientistas Mundiais à Humanidade”, de 1992.
“À medida que as temperaturas da Terra aumentam, a frequência ou magnitude de alguns tipos de desastres climáticos podem aumentar”. Quem faz o alerta é Thomas Newsome, da Universidade de Sydney.