O cancro da mama é a patologia oncológica mais comum entre as mulheres portuguesas. Segundo os dados do Serviço Nacional de Saúde (SNS), são detetados sete mil novos casos todos os anos. A investigação científica tem produzido cada vez mais conhecimento sobre a doença e novas abordagens terapêuticas — a mais recente está a ser considerada “muito promissora” nos casos em que o cancro se espalha pelo resto do corpo.
Quando detetada numa fase inicial, a taxa de sucesso dos tratamentos desta patologia é elevada. Porém, se já se existirem metástases que afetem outros órgãos os casos são ainda mais graves, porque não existe, ainda, cura. A mais recente terapêutica desenvolvida para o cancro da mama metastático passa por combinar dois procedimentos para provocar um ataque organizado e em força do sistema imunitário, refere o jornal “Público”. Esta nova abordagem já está a ser testada e os resultados em ratos mostram a eliminação das células cancerígenas que, entretanto, se tinham disseminado nos ossos.
A investigação divulgada a 8 de março na revista “Cancer Discovery”, explica que durante a fragilização imunitária é possível diminuir a dimensão do tumor, que, ainda assim, não é eliminado na totalidade. Na segunda fase, a molécula inibidora p38MAKP (que tem a função de enfraquecer o tumor) torna-o mais vulnerável e visível — e são ativados os linfócitos T, para que se consiga descobrir e destruir as células com cancro. Os linfócitos T são células do sistema imunitário que respondem a vírus ou células cancerígenas.
Ao fim de 80 dias de tratamento, os ratos continuaram vivos e sem reincidência de cancro. Já no grupo dos animais que só receberam um dos dois tratamentos, 60 dias depois, metade já tinha morrido.
A memória do sistema imunitário é outro aspeto realçado nas conclusões pelos cientistas da Universidade de Washington, autores do estudo. Numa investigação posterior os especialistas comprovaram que as células do sistema imunitário se recordam do tumor combatido e, em caso de reincidência, voltam a atacá-lo.
Os tratamentos atualmente disponíveis para o cancro da mama metastizado são muito menos eficazes, por isso, esta nova investigação com resultados promissores traz uma nova esperança para uma possível cura da doença.