Este estudo revela que o Tai Chi pode mesmo reduzir a gordura abdominal
Mais até do que exercícios de aeróbica. Esta é a conclusão de uma publicação na prestigiada revista "Annals of Internal Medicine".
Costuma estar associado a uma atividade para pessoas mais velhas e para quem não é tão ativo no dia a dia, mas o Tai Chi Chuan está longe de ser apenas isso. Este estilo de arte marcial que teve as suas raízes na China durante a dinastia Tang, entre 618 e 907 d.C, é praticado por milhões de pessoas em todo o mundo. E sobretudo para as que vivem nas grandes cidades, o Tai Chi Chuan funciona quase como um escape de tranquilidade e equilíbrio. Mas não se fica por aí.
Visto quase como uma receita oriental para combater o stress que se vive diariamente no ocidente, esta arte marcial está relacionada com a meditação e com a promoção de saúde mental e física. “Mentalmente, através da visualização da energia fortalece a mente, a auto-confiança e a auto-disciplina. Na parte física desenvolve a força muscular, as capacidades coordenativas”, começa por explicar à NiT o mestre de Tai Chi Nelson Barroso.
Sobre a eficácia do Tai Chi na saúde física, um estudo publicado no jornal académico norte-americano “Annals of Internal Medicine”, no dia 1 de junho, revela que o Tai Chi tem uma eficácia enorme na saúde física. Os resultados mostraram que pessoas com 50 anos ou mais ao praticarem Tai Chi durante 12 semanas podem mesmo reduzir a gordura abdominal. Essa redução pode até ser mais intensa do que a fazer os exercícios mais tradicionais aeróbicos.
Por ser uma atividade de movimentos lentos provavelmente esta não era uma conclusão de que estava à espera. No entanto, o autor do estudo Parco Siu em declarações à “U.S. News & World Report” garante que os dados retirados da investigação “sugerem que o Tai Chi pode ser uma alternativa eficaz ao exercício convencional na gestão da obesidade central”.
Para esta perceção, os investigadores avaliaram os corpos de 543 participantes com síndrome metabólica, um problema de saúde grave devido ao excesso de gordura abdominal e que pode aumentar o risco de desenvolver uma série de outras doenças como hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
A equipa coordenada por Parco Siu dividiu essas pessoas em três grupos aleatoriamente: no primeiro, os participantes adotaram exercícios do Yang, um dos mais difundidos e praticados estilos de Tai Chi no mundo; o segundo grupo tinha de fazer exercícios convencionais como a caminhada rápida e o treino de força; o último grupo não fez nenhum tipo de exercícios.
Após avaliarem os corpos de todos os participantes no estudo (antes e depois), os investigadores descobriram que para além de os primeiros dois grupos terem perdido quase a mesma quantidade de gordura abdominal, também se aperceberam de um impacto favorável nos níveis de colesterol HDL (“bom”) e de poucas diferenças nos níveis de glicose, em jejum, ou na pressão arterial. Já o último grupo, que não fez exercícios, ganhou uma média de 0,8 centímetros na zona abdominal.
“Esta é uma boa notícia para adultos de meia-idade e mais velhos que têm obesidade central mas podem ser avessos ao exercício físico convencional, devido à preferência ou mobilidade limitada.”, apontou Parco Siu.
No entanto, quando questionado sobre o tema, o mestre de Tai Chi português alertou a NiT: “Tudo depende da intensidade com que se faz o Tai Chi. Se for executado todos os dias e com uma intensidade forte consegue-se esses resultados, mas isso não é para um principiante. Isso requer que a pessoa já tenha conhecimentos sobre o Tai Chi de como gerar essa força no corpo e de como executar os exercícios, porque alguém que esteja a iniciar-se na modalidade jamais conseguirá esses resultados.”
“Há conceitos muito importantes no Tai Chi”, recorda Nelson Barroso. “Um deles é o enraizamento, que é a pessoa estar conectada com o chão onde exerce muita força nos membros inferiores. É como se a pessoa estivesse a fazer flexões e em cada movimento que faça faz esse enraizamento, faz pressão contra o chão. E essa pressão contra o chão vai-lhe trabalhar os músculos, nomeadamente os músculos da cadeia posterior.”
Depois, existe um outro conceito da arte marcial originária da China a que chamam “torção”. Aqui, trabalha-se a parte do tronco e dos membros superiores. Imagine um exercício em que está com as pernas viradas para um lado, o tronco está virado para o outro e o braço para o outro lado. Essa posição faz com que se “ganhe tonicidade muscular e também se perca adiposidade (acumulação de gordura) se for esse o caso”, reforça o mestre.