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Little Tomodachi (ともだち)

Little Tomodachi (ともだち)

20
Mar23

Mundo tem de reduzir emissões para metade antes de 2030, revela ONU

Niel Tomodachi

O mundo necessita de reduzir para metade as emissões de gases com efeito de estufa até 2030, para limitar o aquecimento global a 1,5 grau celsius neste século, adverte um novo relatório da organização da ONU sobre Alterações Climáticas.

Mundo tem de reduzir emissões para metade antes de 2030, revela ONU

Realizado após uma semana de reuniões na localidade alpina de Interlaken (Suíça), este 6.º relatório sintetiza todos os outros cinco elaborados pelos peritos do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC na sigla em inglês) desde 2015, assinalando que na década de 2011-2020 o planeta aqueceu 1,1 graus em relação aos níveis pré-industriais (1850-1900)

"A Humanidade caminha em gelo fino - e esse gelo está a derreter rapidamente", disse o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, adiantando que o mundo "necessita de ação climática em todas as frentes - tudo, em todos os lugares, ao mesmo tempo", numa referência ao filme mais premiado na última cerimónia dos Óscares, "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo".

 

18
Fev23

É o amigo do ambiente mais inspirador de Portugal? Pode ganhar 7500€

Niel Tomodachi

O concurso do movimento Faz Pelo Planeta quer encontrar o próximo Big Changer. As candidaturas estão abertas até 31 de março.

Aos 42 anos, Eunice Maia recorda uma outra vida em que vivia “num consumismo compulsivo” e consegue traçar a origem até à sua “transição ecológica”. Tudo aconteceu com uma ideia de negócio que, aos poucos, a transformaram numa ativista em prol do ambiente, oradora e um exemplo para muitos.

“Normalmente acontece o contrário do que aconteceu comigo. Costuma ser a vida a inspirar os projetos e no meu caso, foi o projeto que inspirou a mudança na minha vida.” Há mais de sete anos que está à frente da Maria Granel, a mercearia biológica que aposta na redução do desperdício.

Pelo caminho, criou programas educativos, ajudou crianças e empresas a ganharem uma maior consciência ambiental e assinou livros sobre o tema. Em 2022 foi eleita pela Electrão — a entidade responsável pela gestão de resíduos como equipamentos elétricos, pilhas, baterias e embalagens — e pelo seu projeto Faz Pelo Planeta como uma Big Changer.

“São pessoas como nós, sem capacidades extraordinárias, mas que ao longo dos anos têm vindo a fazer mudanças no seu dia a dia e têm mostrado os resultados nas redes sociais. São pessoas que já fazem muito pelo planeta, são um exemplo e que queremos que sejam inspiração para outros. Abraçam a causa, envolvem-se, são apaixonados e contagiam os outros”, explica Ana Matos, responsável pelo projeto da Electrão.

O movimento, que arrancou em 2021, realizou a primeira edição do concurso que prende inspirar a mudança de hábitos e elegeu um grupo de portugueses e portuguesas com projetos pessoais inspiradores.

A estreia “foi um sucesso” e juntou perto de 100 candidaturas, entre as quais se destacaram Lídia Nascimento e o seu projeto Mar à Deriva; mas também Carlos Dobreira, ativista que faz plogging — que consiste no ato de ir apanhando lixo enquanto se faz jogging — e Miguel Lacerda, que faz regulares ações de limpezas de praias e do mar. Agora, a segunda edição pretende ir mais além.

“Na edição anterior, os candidatos eram propostos. Nesta edição quisemos dar oportunidade às pessoas de se candidatarem elas próprias. Procuramos quem tenha alguma iniciativa de limpeza, de reutilização, alguma ação que promova a sustentabilidade ou a poupança de recursos. Todos esses projetos são elegíveis”, explica Ana Matos.

A fase de candidaturas está em andamento até 31 de março e cada candidato terá o seu projeto exibido na montra. Os cinco projetos com mais votos do público — a votação pode ser feita online, através do site do Faz Pelo Planeta — passará à fase final, mas para equilibrar a balança com as candidaturas mais tardias, o júri irá eleger outros cinco que considere pertinentes.

Eunice Maia é a criadora da Maria Granel.
 
 

Os dez finalistas ficarão então à mercê da decisão de um painel composto por “representantes dos parceiros” da Electrão e pelos tais Big Changers que já fazem parte do movimento. Há três prémios em disputa: o primeiro classificado receberá 7500 euros; o segundo 5000€ e o terceiro 2500€. “A lógica é que esses valores possam ser usados para dar continuidade e expandir os projetos de cada um dos candidatos”, revela a responsável pelo concurso.

Eunice Maia, a criadora do Maria Granel, é uma dessas Big Changers que irá dar o veredito final e recorda como é importante ter “um exemplo” para seguir. Apesar de só ter despertado para as preocupações ambientais após lançar o projeto, confessa que sempre teve “um Big Changer em casa”.

“Só mais tarde é que reconheci o meu pai. Ele foi o primeiro ambientalista que conheci, sem que ele tivesse sequer essa consciência ou o quisesse ser. Sempre teve essa preocupação com a poupança de recursos, de energia. Sempre fez compostagem, separação de resíduos, respeito máximo pelos recursos da natureza, sempre apaixonado pela terra”, conta. “Lembro-me de ser pequena e achar que ele era uma pessoa completamente diferente, às vezes achava até que era de outro mundo [risos]. Hoje esta temática em comum até nos aproximou. Inspira-me muito. Foi a minha primeira referência que, mesmo inconscientemente, veio determinar o que veio a ser a minha vida.”

Desde que lançou o Maria Granel, tudo o resto “surgiu de forma natural”. Hoje ajuda escolas e empresas a “diagnosticarem e monitorizarem o seu impacto e a reduzi-lo”. E desde 2020 que assina também livros “para dar ferramentas muito práticas às pessoas”.

Sobre o concurso, considera que é “essencial” por incutir “uma noção de comunidade e de inspiração”. “Começo pela minha própria experiência. Se não fossem as pessoas com quem me fui cruzando, que nunca me impuseram nada de forma moralista… O seu exemplo foi inspirador, tocou-me. Quando penso nisso, percebo como é poderoso ver que é possível, ver o contributo individual dessas inspirações.”

Sublinha, sobretudo, a “necessidade de fazer”. A dimensão que mais apaixona no projeto é esta rede de esperança. Uma esperança que se põe a caminho, que age, que não é passiva.”

 

16
Fev23

Metas para a redução do plástico ainda longe de serem alcançadas

Niel Tomodachi

O segundo relatório do Pacto Português para os Plásticos conclui que ainda há muito trabalho pela frente na redução e reutilização do plástico no país. A coordenadora do Pacto admite que a pandemia atrasou algumas metas definidas.

Verifica-se uma subida ligeira da entrada no mercado de embalagens recicláveis ou reutilizáveis (de 52

O relatório, apresentado esta quinta-feira no Pólo II da Universidade de Coimbra, e cujos dados são relativos a 2021, constata uma subida ligeira da entrada no mercado de embalagens recicláveis ou reutilizáveis (de 52 para 57%), uma pequena redução dos plásticos de uso único ou desnecessários (de quatro para 3%) e uma descida da taxa de reciclagem de embalagens de plástico (de 36 para 34%).

"A pandemia foi um entrave sobretudo na parte da reciclagem dos plásticos em 2020. Os dados da reciclagem são desse ano e houve um forte impacto", lamenta a coordenadora do Pacto Português para os Plásticos (PPP), Patrícia Carvalho.

Acrescenta que os progressos "não estão ainda com a velocidade desejada, mas são seguros e certos nas metas definidas. Estamos a falar de 2021, ainda temos alguns anos para os atingir e estamos expectáveis que nos vamos aproximar das metas".

As metas definidas pelo PPP para 2025 apontam para a eliminação total de plásticos de uso único ou desnecessário (é atualmente de 3%), que todas as embalagens de plástico no mercado sejam reutilizáveis ou recicláveis (atualmente a percentagem é de 57%) que a taxa de reciclagem de embalagens de plástico seja de 70% (segundo o relatório, é de 34%) e que haja 30% de incorporação, em média, de plástico reciclado em novas embalagens, sendo que os dados do estudo apontam para 11%.

O PPP é atualmente composto por 111 membros, entre efetivos (indústria do plástico, retalhistas, marcas, operadores de resíduos e recicladores) e institucionais, desde agências governamentais, Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, universidades, institutos politécnicos e institutos de investigação.

Pode consultar o relatório do Pacto Português para os Plásticos aqui.

 

02
Fev23

Microplásticos também são um problema na água doce e no solo

Niel Tomodachi

A crescente sensibilização para os microplásticos no solo e na água doce destaca a necessidade de enfrentar uma ameaça ambiental geralmente associada aos oceanos.

Microplásticos também são um problema na água doce e no solo

Numa recente ida a um supermercado local na cidade de Bayreuth, no sul da Alemanha, Christian Laforsch decidiu contar o lixo de plástico que encontrou no trajeto.

"Foram 52 objetos apenas numa caminhada normal", contou o Laforsch, ecologista da Universidade de Bayreuth. "O problema começa dentro de casa antes de passar para o exterior. Se abrir a sua porta e olhar para a rua, verá plásticos".

 

 

Mudança de foco

 

Com o tempo, os resíduos plásticos são desgastados e decompõem-se em fragmentos minúsculos: os que medem menos de 5 milímetros de diâmetro são definidos como microplásticos. Ainda pouco se sabe sobre a ameaça que representam para o ambiente e para a saúde humana.

A falta de conhecimento é particularmente acentuada quando se trata do solo e da água doce, já que a investigação até à data tende a concentrar-se nos microplásticos nos oceanos. No entanto, a poluição por microplásticos terrestres pode ser quatro a 23 vezes superior à dos mares.

"Começámos como investigadores no sistema marinho, depois passamos para o sistema de água doce e ecossistemas terrestres", disse Laforsch.

O interesse na poluição por microplásticos nos solos tem crescido ao longo dos últimos anos.

Por exemplo, em 2018, uma pesquisa rápida no Science Direct por artigos sobre o assunto resultou em pouco mais de 150 resultados em comparação com cerca de 450 para os oceanos. Mas em 2022, os números são de 2 300 a 2 400, tanto para os solos como para os oceanos.

"As pessoas que trabalham em ciências ambientais descobriram que os microplásticos estão em todo o lado", diz Nasrollah Sepehrnia, físico do solo da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido.

No entanto, investigar os seus efeitos em ecossistemas como os solos é um desafio.

"A monitorização e rastreio desses materiais é complexa, e o seu destino no solo não é claro", disse Sepehrnia. "Mas é muito provável que encontrem uma forma de entrar na nossa cadeia alimentar - e podem ter impacto no nosso clima e no ambiente".

O progresso na frente da investigação poderia ajudar a identificar formas de reduzir os microplásticos e qualquer efeito que estes tenham sobre a saúde humana. Com a recente proposta da UE de limitar a utilização de microplásticos na indústria e o apelo das Nações Unidas no mês passado para que os países trabalhassem no sentido de eliminar a poluição por plásticos, a investigação também poderia ajudar a determinar as áreas mais importantes para novas ações regulamentares.

 

Solos sujos

 

O projeto TRAMPAS financiado pela UE em que o Dr. Sepehrnia trabalha está a investigar a poluição por microplásticos nos solos. O foco está nos impactos biológicos, químicos e físicos, incluindo os efeitos potenciais sobre os agentes patogénicos.

A superfície ou poros dos microplásticos podem criar habitats artificiais para organismos causadores de doenças e protegê-los em ambientes externos agressivos, de acordo com Sepehrnia.

"Microplásticos no solo poderiam ser um bom porto ou abrigo para outros contaminantes, aumentando potencialmente a vida dos agentes patogénicos", afirmou.

O projeto utilizará uma nova abordagem para monitorizar o movimento das bactérias, aproveitando o ADN sintetizado para acompanhar a forma como os organismos são transportados no solo através dos microplásticos e onde vão parar.

Ao estudar partículas microplásticas medindo 1,5, 3 e 5 mm, a equipa da Sepehrnia notou que quanto menor for a partícula, mais tempo os contaminantes, tais como bactérias, parecem permanecer no solo.

"Esta informação ajuda-nos a seguir o trajeto dos contaminantes", disse. "Podemos então utilizá-la para definir práticas e regulamentos de gestão".

Os microplásticos no solo podem mesmo desempenhar um papel no aquecimento global.

Os plásticos libertam gases com efeito de estufa à medida que se decompõem no solo. Além disso, as bactérias que vivem à boleia dos microplásticos podem contribuir para aumentar a quantidade de dióxido de carbono libertado.

O trabalho do TRAMPAS indica que as alterações na superfície dos microplásticos degradados podem tornar os solos hidrofóbicos e, como resultado, mais difíceis de permear pela água.

 

Águas turvas

 

Depois de se deslocarem através do solo ou chegarem de outras fontes, tais como estações de tratamento de esgotos e escoamento de ruas, os microplásticos acabam muitas vezes em riachos e rios antes de correrem para o mar. O projeto LimnoPlast, financiado pela UE e liderado pela Laforsch, estuda os microplásticos em massas de água doce. A equipa está a investigar as fontes, impacto, opções de remoção e possíveis respostas políticas a este invasor invisível.

Até agora, o LimnoPlast descobriu que alguns plásticos biodegradáveis são potencialmente tão nocivos como os plásticos tradicionais. Por isso, é importante analisar a mistura completa dos constituintes nos plásticos em fim de vida, de acordo com Laforsch.

Um desafio é que os microplásticos são um conjunto diversificado de contaminantes de vários tipos, tamanhos e formas de polímeros e não um único material. É importante, por isso investigar estas diferenças. Saber mais ajudará a informar as práticas de fabrico e a regulamentação da UE sobre os microplásticos mais nocivos.

«Pode ser que apenas algumas dessas propriedades sejam responsáveis pelos efeitos que vemos», disse Laforsch. «Se soubermos que propriedades são mais nocivas, podemos concentrar-nos mais nelas quando se trata da concepção de novos polímeros».

 

Possibilidades promissoras

 

A LimnoPlast está a testar um método de remoção que utiliza um campo elétrico para isolar partículas microplásticas em águas residuais. Os investigadores estão também a desenvolver novos polímeros biodegradáveis feitos de cascas de laranja.

"É difícil dizer quando conseguiremos ter um novo material, mas neste momento as coisas parecem promissoras", disse Laforsch.

Para além da esperança de lançar as bases para um quadro legal europeu melhorado para os microplásticos, a LimnoPlast está a formar uma nova geração de cientistas interdisciplinares na área que têm uma compreensão do contexto social mais amplo dos microplásticos.

O projeto reúne peritos com formação em ciências ambientais, técnicas e sociais de 14 instituições e organizações de investigação de toda a Europa, incluindo Dinamarca, França, Alemanha, Eslovénia e Reino Unido.

"Não se pode enfrentar uma questão ambiental olhando apenas para a parte da ciência natural", disse Laforsch. "É necessário incluir as ciências sociais e todos os aspetos jurídicos".

Expandindo essa ideia, salientou a necessidade de pensar de forma conjunta também nos ecossistemas.

"Devemos deixar de falar de ser um problema do mar ou da água doce ou do sistema terrestre porque está tudo interligado", disse Laforsch.

A investigação neste artigo foi financiada através da MSCA (Marie Skłodowska-Curie Actions). Este artigo foi originalmente publicado na Horizon, a Revista de Investigação e Inovação da UE.

 

MISSÃO DA UE: UM PACTO EUROPEU PARA OS SOLOS

 

O "Pacto Europeu para os Solos" procura, entre outros objetivos, reduzir a poluição do solo e proteger as numerosas espécies que nele vivem. Atualmente, estima-se que 60-70% dos solos da UE não são saudáveis.

A Missão reflete o papel do solo como base para a produção de alimentos, água doce, biodiversidade e património cultural. 100 locais de teste, incluindo em explorações agrícolas individuais, vão liderar o objetivo da Missão de transição para solos mais saudáveis até 2030.

 

MISSÃO DA UE: RECUPERAR OS NOSSOS OCEANOS E ÁGUAS

 

"Recuperar os nossos Oceanos e Águas" visa reduzir a poluição nos mares, rios e lagos europeus através da investigação, inovação e, não menos importante, do envolvimento público.

A Missão promove a cooperação regional nas áreas afetadas na Europa através de «faróis» nas principais bacias marítimas e fluviais: Atlântico-Ártico, Mar Mediterrâneo, Mar Báltico-Mar do Norte e Danúbio-Mar Negro.

Na tentativa de alargar o interesse e impacto, a missão inclui uma carta para a qual a Comissão Europeia está a convocar o apoio de uma vasta gama intervenientes. Incluem autoridades públicas, filantropos, investidores, empresas, organizações não governamentais e instituições académicas.

 

01
Dez22

Projeto quer transformar humidade em água doce para combater escassez

Niel Tomodachi

Com os abastecimentos de água doce a diminuírem em todo o mundo, estão em curso esforços para extrair mais do ar e do mar. Os projetos e as empresas europeias de investigação estão na vanguarda deste desafio tecnológico.

Projetos pretendem transformar humidade e água do mar em água doce

Carlos Garcia prevê um mundo em que muitos milhões de casas irão extrair água do ar - literalmente.

Garcia é diretor geral da GENAQ, uma empresa espanhola que fabrica dispositivos conhecidos como geradores de água atmosférica. Ao condensar a humidade do ar transformando-a em água utilizável, estes geradores podem ajudar a conseguir este bem tão necessário.

 

Crise de abastecimento

A água, a fonte da vida, está a tornar-se cada vez mais escassa à medida que a população mundial cresce e as alterações climáticas se intensificam.

"Este é um problema que temos mesmo de resolver", disse Garcia, cuja empresa liderou o projeto financiado pelo programa Horizonte Europa STRATUS para expandir o mercado de geradores de água atmosférica. De acordo com as Nações Unidas, 2,3 mil milhões de pessoas, mais de uma em cada quatro, vivem num país "em stress hídrico", que é definido como aquele que retira pelo menos 25% da sua água doce todos os anos para satisfazer a procura. E 4 mil milhões de pessoas enfrentam uma grave escassez de água durante pelo menos um mês por ano.

Na Europa, onde o aquecimento global já está a causar secas mais frequentes e graves, cientistas e empresas estão a desenvolver novos métodos para gerar água doce a partir do ar e do mar. O momento é também impulsionado pelos poluentes nas águas subterrâneas e pelo custo ambiental da água engarrafada.

A GENAQ tem vindo a desenvolver geradores de água atmosférica desde 2008 e tem clientes em 60 países, mas até agora tem servido principalmente serviços de emergência e utilizadores industriais.

 

Utilização doméstica

Através do STRATUS, a empresa desenvolveu uma versão concebida para as pessoas nas suas casas. Estes novos geradores podem ser ligados às casas e criar água fresca para os seus moradores.

A GENAQ quer vender três versões do produto, com capacidade de 20 a 200 litros por dia, em tamanhos que vão desde um pequeno aparelho de cozinha até uma versão que se parece com um refrigerador de água de escritório. Os preços previstos variam entre 2 500 euros para a versão mais pequena e 14 500 euros para a maior.

"O dispositivo recolhe o ar e filtra-o, assegurando que não há contaminantes a entrar no compartimento de condensação", explicou Garcia.

Primeiro o ar é arrefecido até um ponto em que a água condensa. Depois, a água é filtrada, são adicionados minerais e é tratada com luz ultravioleta para evitar a formação de bactérias.

A GENAQ encontrou uma forma de reduzir drasticamente a quantidade de energia utilizada no processo - 150% menos - e o custo médio da água portátil caiu mais de 80%.

"Dedicámos a maior parte dos nossos esforços à eficiência", disse Garcia.

Mas os geradores de água atmosférica dependem de algo fora do controlo da GENAQ: a meteorologia.

"O melhor desempenho é em climas quentes e húmidos", disse Garcia. "Os ambientes frios e secos não têm um bom desempenho, mas as condições interiores das casas estão bem-adaptadas para esta solução".

A GENAQ tem agora por objetivo fornecer geradores de água atmosférica às famílias comuns.

Nos próximos meses, planeia expandir-se na Europa em países como Espanha, França e Alemanha, onde o consumo de água engarrafada é elevado. Um passo posterior é entrar no mercado mundial de consumo.

 

Origem no mar

Na Bélgica, uma empresa chamada HydroVolta está a melhorar as formas de extrair água salgada ou salobra e convertê-la em água doce no âmbito do projeto SonixED financiado pelo programa Horizonte Europa.

A grande maioria da água da terra é salgada. Apenas 3% é água doce e menos de um terço desta é acessível, estando o resto trancado em glaciares e águas subterrâneas.

"Vamos precisar de tratar a água salina para as pessoas poderem beber e a indústria poder utilizar", disse George Brik, diretor executivo da HydroVolta. "Mas com as tecnologias atuais, a dessalinização requer investimentos e custos operacionais elevados. Para além disso, a tecnologia existente utiliza grandes quantidades de energia e produtos químicos".

Embora a dessalinização já se faça há anos e normalmente se verifique em países com climas secos, o aumento da escassez de água está a incitar o interesse noutras partes do mundo, incluindo no norte da Europa.

A técnica básica para transformar água salgada em água doce é a eletrodiálise, onde os iões são transportados através de membranas para separar o sal da água.

Mas o método tem um ponto fraco: a membrana, que se suja facilmente e requer produtos químicos e alta pressão para ser limpa. Isso, por sua vez, envolve grandes quantidades de energia.

Ao abrigo do SonixED, a HydroVolta desenvolveu uma tecnologia de ultra-sons que mantém a membrana limpa de uma forma muito mais eficiente.

 

Menos pressão, mais água

O uso de energia neste campo depende da pressão, que é medida numa unidade conhecida como bar. As tecnologias existentes para dessalinizar a água do mar necessitam de cerca de 50 a 80 bar, segundo Brik, que disse que a nova tecnologia HydroVolta utiliza apenas 1 a 3 bar.

"Melhor ainda é que agora pode ser gerada uma maior quantidade de água doce", disse.

"As tecnologias existentes desperdiçam cerca de 60 a 65% da água do mar que é captada. A nossa nova tecnologia inverte essa percentagem. A cada 100 litros de água do mar que retirarmos, podemos produzir 65 litros de água potável".

A HydroVolta quer fornecer esta tecnologia a empresas maiores para gerar água potável, bem como a agentes industriais que necessitam de água para alimentar as suas operações. A empresa está a realizar testes com várias empresas belgas para gerar água potável a partir do Mar do Norte.

Entretanto, Brik diz que as novas tecnologias de dessalinização podem precisar de um empurrão dos governos para estimular uma maior procura.

"Os governos podem ser os primeiros clientes", disse. "Isto ajudará as empresas a mostrar ao mundo o que têm e a aumentar a sua escala".

A investigação neste artigo foi financiada pela UE. Este artigo foi originalmente publicado na Horizon, a Revista de Investigação e Inovação da UE.

 

30
Nov22

Mais de 5 mil milhões de pessoas terão problemas de acesso à água em 2050

Niel Tomodachi

Cerca de 3600 milhões de pessoas têm problemas de acesso à água pelo menos um mês por ano, número que pode aumentar para mais de 5000 milhões até meados do século, refere um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Cerca de 3600 milhões de pessoas têm problemas de acesso à água pelo menos um mês por ano, número que

O relatório sobre a disponibilidade de água potável no planeta, divulgado esta terça-feira, é o primeiro que a OMM dedica especificamente aos recursos hídricos e destaca que em 2021 dois terços da superfície terrestre tiveram fluxos fluviais abaixo da média dos últimos 30 anos, enquanto apenas um terço estava acima ou nos níveis médios.

Numa fase que se caracteriza pela procura crescente por este elemento líquido e uma oferta limitada, a água também está relacionada com 74% dos desastres naturais (secas, cheias, tempestades), aponta o documento divulgado pela agência das Nações Unidas.

"Os impactos das alterações climáticas tendem a manifestar-se através da água, com secas mais intensas e frequentes, inundações mais extremas, chuvas sazonais mais irregulares e aceleração do degelo dos glaciares", sublinhou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, durante a apresentação do relatório.

O estudo destaca como zonas onde o fluxo do rio estava abaixo da média em 2021 o Río de la Plata e o sul e sudeste da Amazónia, na América do Sul, ou as bacias dos rios Colorado, Missouri e Mississippi, na América do Norte.

Em África, também houve um fluxo abaixo da média nos rios Níger, Volta, Nilo e Congo, enquanto na Eurásia o mesmo ocorreu nas bacias da Sibéria, outras partes da Rússia e da Ásia Central.

Em contraste, foram registados fluxos acima do normal em algumas bacias da América do Norte, no norte do Amazonas, rios no sul da África (como o Zambeze e o Orange) e outras na China e na Índia, países que sofrerem recentemente inundações de grandes dimensões.

Algumas das áreas onde o abastecimento de água está em níveis críticos veem a sua situação agravada pela sobre-exploração das águas subterrâneas, alerta o relatório.

O documento também analisa a criosfera, o gelo nos polos, montanhas e glaciares, que é a maior reserva mundial de água doce por ser fonte de rios e abastecimento de 1.900 milhões de pessoas.

A OMM alerta também para o degelo preocupante em áreas como o Alasca (América do Norte), Patagónia (América do Sul) ou Himalaias (Ásia).

 

25
Nov22

COI-UNESCO lança "Blue Friday" em defesa dos oceanos

Niel Tomodachi

A Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO (COI-UNESCO) apresenta esta sexta-feira em Veneza, Itália, a iniciativa "sexta-feira azul" ("Blue Friday") em resposta à "sexta-feira negra" (Black Friday) comercial e em defesa dos oceanos.

Iniciativa em defesa dos oceanos

A chamada "Black Friday", na última sexta-feira de novembro, inaugura o período de compras de Natal com grandes descontos e é um dos expoentes máximos do consumismo, tendo começado nos Estados Unidos, espalhando-se depois por todo o mundo.

Este ano pela primeira vez, a COI-UNESCO lança a "Blue Friday", esta sexta-feira e sábado, para "transformar um evento puramente consumista num momento de reflexão dedicado à salvaguarda e à restauração do Mar Mediterrâneo, através de iniciativas de alfabetização oceânica".

O evento tem início em Veneza, mas fonte da COI-UNESCO disse à Lusa que "obviamente o objetivo é levar o momento para todo o mundo, sensibilizando o maior número possível de pessoas para a proteção dos oceanos", e mostrando que é possível consumir e produzir de forma mais sustentável.

A iniciativa pretende ser uma oportunidade para propor soluções concretas para as ameaças a todos os ambientes marinhos, não apenas ao Mediterrâneo, explicou também a fonte.

Em Veneza serão organizadas mesas redondas sobre economia verde e azul, com a participação de empresas internacionais, falar-se-á de "design" e moda sustentáveis, e refletir-se-á sobre o efeito que as escolhas dos consumidores podem ter no meio ambiente, em especial nos oceanos.

A "Blue Friday" é organizado no âmbito da Década das Nações Unidas da Ciência dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030), criada para promover o papel da ciência dos oceanos para fomentar um desenvolvimento mais sustentável.

A COI-UNESCO foi criada em 1960 para estudar a proteção do ambiente marinho, a pesca e os ecossistemas bem como as mudanças provocadas pelas alterações climáticas.

 

11
Nov22

Taxa de reciclagem mantém-se "vergonhosamente" nos 21%

Niel Tomodachi

A associação ambientalista Zero lamentou, esta sexta-feira, que a reciclagem se mantenha "vergonhosamente nos 21%" e que de nada tenham servido os 447 milhões de euros gastos para promover "uma política pública eficaz" no setor. Considera "pouco séria e ilegal" a atitude APA e o secretário de Estado do Ambiente e Energia, João Galamba.

Taxa de reciclagem mantém-se "vergonhosamente" nos 21%, diz a Associação Zero

"As autoridades públicas e os decisores políticos continuam a fingir que não existe uma situação gravíssima com a gestão de recursos, os quais poderiam estar a fomentar a economia circular, mas acabam depositados em aterro ou são queimados", disse a associação, em comunicado, a propósito do Relatório Anual sobre Resíduos Urbanos (RARU2021), disponível no portal da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

A Zero diz que "contas mal feitas e manipulação não chegam para esconder a estagnação da reciclagem" e apela a uma mudança urgente na gestão de resíduos urbanos.

No comunicado, a associação deixa também dúvidas sobre a qualidade dos dados disponibilizados pela APA relativamente ao destino final dos resíduos, aterro, valorização energética, reciclagem material, compostagem e outras valorizações.

E justifica: "A soma das percentagens dos destinos finais relativa aos anos de 2019, 2020 e 2021 nunca chega aos 100%, ficando-se pelos 97%, 98% e 98%, respetivamente, situação que se repete, mas de forma ainda mais evidente, nos dados apresentados para cada SGRU (Sistema de Gestão de Resíduos Urbanos) para o ano 2021", com os valores dos destinos finais a variarem entre 67% e 102%.

Mais grave ainda, no entender da associação, é que se insista na utilização de uma forma de cálculo que "continua a manipular a taxa de preparação para a reutilização e reciclagem" e que é considerada "inválida" pela Comissão Europeia.

Assim, acusa, esta taxa chega "de forma artificial" a 33%, no ano passado, "quando na realidade se ficou por uns preocupantes 21%".

Diz a Zero que com esta atitude "pouco séria e ilegal", a APA e o secretário de Estado do Ambiente e Energia, João Galamba, transmitem a ideia de que os números estão melhores do que a realidade e "criam condições que promovem a despreocupação e a inércia dos municípios e dos restantes agentes do setor".

No comunicado, a propósito das políticas para esta área, a Zero considera "cada vez mais evidente que a fusão das secretarias de Estado da Energia e do Ambiente está a ter péssimos resultados para o setor dos resíduos".

E entende que a política pública deve essencialmente investir na prevenção e reutilização, na recolha seletiva porta-a-porta, na compostagem doméstica e comunitária, no tratamento dos resíduos focado na reciclagem de qualidade, e na "implementação sem mais atrasos do sistema de depósito e retorno de embalagens descartáveis de bebidas".

De acordo com os dados da APA, no ano passado foram produzidas em Portugal 5,311 milhões de toneladas de resíduos urbanos, mais 1% do que em 2020. A produção de resíduos urbanos no continente corresponde a uma produção diária de 1,40 quilos por habitante.

Ao nível da recolha, "não se verificaram diferenças significativas ao longo dos últimos anos", prevalecendo a recolha indiferenciada.

"Apesar de nos últimos anos ter havido um incremento no número de infraestruturas para a recolha seletiva, a mesma não teve os reflexos proporcionais nos quantitativos recolhidos seletivamente", diz-se no relatório da APA, segundo o qual em relação aos destinos finais a reposição em aterro foi no ano passado 56% do total de resíduos urbanos.

 

19
Set22

The Trash Traveller, a viagem com um sentido

Niel Tomodachi

É alemão, anda de bicicleta mapa de Portugal acima e abaixo e largou a biomedicina para chamar a atenção para… o lixo.

Foto: The Thrash Traveller

Andreas Noe é, acima de tudo, um tipo bem disposto. Intitula-se The Trash Traveller, canta “canções ridículas” e faz sorrir as pessoas. Pelo caminho, espera consciencializá-las para a luta que o move: acabar com o consumo de plástico de uso único.

Encontrámo-lo em Matosinhos, no âmbito do Travel Fest da Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, à maegem do qual fez o que mais gosta: limpar praias.

Foto: The Thrash Traveller

Formado em biomedicina, conheceu Portugal através do surf e depressa percebeu que uma país com tão generosa costa se torna diariamente num recetáculo do lixo do Mundo.

Desistiu da carreira e da sua Alemanha, agarrou na carrinha que é sua casa e desatou a percorrer Portugal atrás de plástico. Com um ukelele que lhe foi oferecido por um viajante que cruzou algures às costas, a cantar num português delicioso letras tão parvas que só podem ficar na memória.

Foto: The Thrash Traveller

Objetivo: fazer passar a mensagem: “Sou um viajante de lixo, com um ukelele de lixo, tenho uma voz de lixo e canto canções de lixo”, conta Andrea, entre duas músicas. Uma delas é uma adaptação simples da Casa Portuguesa que Amália eternizou. Em versão lixo, claro.

“Não é porque o lixo seja pior em Portugal do que noutro lugar, mas porque adoro Portugal!”, ressalva o ativista, que se diz “chocado com o que os homens estão a fazer ao Planeta”.
Foto: The Thrash Traveller

Até então avesso às redes sociais, percebeu que usá-las ajudaria a luta a que se entregou. Andou 160 dias a recolher uma tonelada de plástico e a partilhar 160 vídeos e fotografias castiças, até um frigorífico apanhou e da porta fez uma “prancha de surf”.

Percebeu que não era suficiente e resolveu dedicar dois meses seguidos a descer por areais do Minho ao Algarve: em 832 km juntou 1,62 toneladas de lixo e centenas de pessoas e associações e ONGs e conquistou um movimento em plena pandemia.

Até que um dia foi recebido ao fim do dia por um senhor a agraciá-lo com água… numa garrafa de plástico de uso único. “OK, tenho de alterar a mensagem”, compreendeu. Tinha de convencer as pessoas a largar de vez o plástico.

E partiu à cata do item de plástico que mais se descarta para a Natureza: beatas de cigarro. Em dois meses, recolheu, com mais de 600 pessoas e 70 ONGs, 1,1 milhão de beatas em 38 cidades e praias. E fotografou-se deitado e coberto delas em “obras de arte efémeras”.

“Não se trata de limpar, trata-se de alterar a raiz do problema”, explica Andreas, que lançou uma campanha em defesa da implementação de um sistema de depósito para embalagens.

Foto: The Thrash Traveller

Pegou num quadro de bicicleta velho e em peças de 14 bicicletas descartadas, construiu a “Rosa” e deu a volta a Portugal e, 2370 km a explicar às pessoas que o Mundo tem materiais e coisas que cheguem e não precisa de fabricar mais e que o plástico só vai parar à Natureza “porque não tem valor”.

Apanhou 4599 garrafas e latas e documentou tudo com imagens no Instagram e lançou uma petição com várias ONGs que têm lutado nessa questão há anos e que espera vir a entregar ao Governo português. Para dar valor ao que é descartável e fazer perceber, pelo dinheiro, que pode ser reutilizado. Porque só 10% do plástico acaba reciclado em Portugal.

Foto: The Thrash Traveller

14
Set22

Recuperação de resíduos na UE passa 1,2 milhões de toneladas em 2020

Niel Tomodachi

A taxa de recuperação de resíduos na União Europeia (UE) aumentou, em 2020, para 1,2 milhões de toneladas, face aos 870 milhões de toneladas registados em 2004, segundo dados do Eurostat.

Recuperação de resíduos na UE passa 1,2 milhões de toneladas em 2020

De acordo com um boletim do serviço estatístico da UE, em 2020 foram recuperadas 1.221 milhões de toneladas de resíduos, uma subida que representa também um aumento de 46% (em 2004) para os 60% (2020) da percentagem de valorização no tratamento total de resíduos.

As maiores taxas de reciclagem foram registadas em Itália (83%), Bélgica (74%), Eslováquia e Letónia (64% cada), enquanto os aterros foram a principal solução para os resíduos na Roménia (93%, contra 5% de reciclagem), Bulgária (92% e 8%, respetivamente) e Finlândia (84% contra 10%).

Portugal apresentava, há dois anos, uma taxa de reciclagem de mais de 40%, que ultrapassa os 60% quando consideradas a reutilização e o aproveitamento energético dos resíduos.

 

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