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Little Tomodachi (ともだち)

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29
Ago22

Soluções baseadas na natureza geram renovação urbana mais verde

Niel Tomodachi

Embora a natureza seja boa para o corpo e para a mente, estão a ser adotadas soluções baseadas na natureza em projetos de renovação urbana de modo a mitigar os efeitos das alterações climáticas e criar comunidades mais saudáveis.

Cascais e Porto são duas das cidades onde estão implementados os projetos

Os longos confinamentos durante a pandemia do coronavírus vieram recordar-nos do poder restaurador da natureza para o corpo e para a mente. Ainda assim, voltar a conectar as pessoas com a natureza, particularmente nas cidades, tem sido o foco de vários projetos de investigação europeus desde muito antes da pandemia de covid-19, há quase três anos. Estes projetos estão a utilizar soluções dadas pela natureza para enfrentar desafios fundamentais a nível económico, ambiental, sanitário e social, numa tentativa de melhorar as condições de vida nas zonas urbanas em geral.

Reúnem as cidades europeias para traçar caminhos em busca de um sistema socioeconómico mais sustentável e para melhorar o bem-estar. Vejamos, por exemplo, Dortmund, na Alemanha, Turim, na Itália e Zagreb, na Croácia. Fazem parte de um projeto para acrescentar vegetação rica em biodiversidade às áreas urbanas e para criar recursos ambientais benéficos a nível económico.

"Não se trata apenas de plantar uma árvore", afirma Axel Timpe na Universidade RWTH de Aachen, na Alemanha. "É a formação de um sistema vivo que cria resultados produtivos". Timpe está a coordenar o projeto proGIreg, que aborda o desafio da regeneração pós-industrial através da criação de laboratórios vivos em áreas urbanas. Dortmund, na região central industrial de Rhine-Ruhr, na Alemanha, foi em tempos um centro siderúrgico. Turim, na sombra dos Alpes, abriga a que foi a maior fábrica de automóveis do mundo em Lingotto, agora em grande parte desativada. Zagreb, a capital da Croácia, possuía a maior exploração de suínos do mundo e uma grande fábrica de enchidos, ambas agora extintas.

Embora com uma estética, geografia e história diferentes, as três cidades enfrentam alguns desafios semelhantes. Na ausência de espaços verdes de alta qualidade, estas áreas sofrem desvantagens sociais e económicas.

 

Cultivo urbano

Neste contexto, um dos objetivos do projeto tem sido transformar um aterro sanitário num parque urbano, em Dortmund. Esta área está a ser limpa e estão a ser plantadas árvores, recorrendo a painéis solares para gerar energia e cultivando prados de flores silvestres.

O projeto está também a promover a agricultura urbana com particular ênfase para os peixes e plantas, um sistema de produção alimentar conhecido como aquaponia. Esta combinação de piscicultura (aquacultura) e de cultivo de plantas sem solo (hidroponia) utiliza menos terreno do que a agricultura tradicional.

As plantas são regadas com a água da aquacultura rica em nutrientes através de uma antiga forma de produção alimentar que desempenha agora um novo papel nas áreas urbanas. Ao trabalhar com habitantes locais, os sistemas de aquaponia do projeto tornam a produção alimentar local mais viável a nível económico.

A cidade de Turim cedeu terrenos a voluntários para abrir uma quinta urbana num bairro pós-industrial, onde têm lugar diversas atividades.

Os voluntários alugam parcelas para as pessoas utilizarem como jardins e a aquaponia é utilizada para cultivar ervas aromáticas de alta qualidade para os restaurantes locais. Há um jardim para pessoas com necessidades especiais. No local são também oferecidas aulas de cozinha e jardinagem.

 

Contar com a natureza

O objetivo geral destes projetos é tornar as nossas cidades locais melhores para viver recorrendo a "soluções baseadas na natureza". Isto significa contar com a natureza para enfrentar as maiores ameaças da nossa época, incluindo ameaças à segurança alimentar, água, biodiversidade, saúde humana, economia e ao clima.

O exemplo clássico da utilização de SBN é a plantação de árvores tropicais conhecidas como mangais ao longo da costa da Papua Nova Guiné, para evitar a erosão na costa. Outro exemplo é a instalação de telhados verdes em Malmö, na Suécia, utilizados para arrefecer edifícios no verão e evitar a perda de calor no inverno, bem como um sistema de drenagem de solos abertos, lagoas ricas em biodiversidade e zonas de transbordo, o que ajuda a melhorar a drenagem, reduzindo o risco de inundações.

Os investigadores estão a ver além das soluções técnicas, abordando questões delicadas, como o papel das comunidades locais na conceção e implementação de SBN e a melhor forma de combinar várias soluções baseadas na natureza.

Com as cidades de Dortmund, Turim e Zagreb como pioneiras, o projeto proGIreg está a trabalhar com várias cidades para aproveitar as lições aprendidas até ao momento. Estas são Cascais, em Portugal, Cluj-Napoca, na Roménia, Pireu, na Grécia e Zenica, na Bósnia e Herzegovina.

Timpe e a sua equipa estão a produzir um catálogo de modelos de negócios que podem ajudar a população local a manter as atividades em funcionamento de forma sustentável.

Foco social

Outro projeto que desenvolve soluções baseadas na natureza é denominado URBiNAT, que está a trabalhar inicialmente com três cidades: Sófia (Bulgária), Nantes (França) e Porto (Portugal).

O URBiNAT tem um foco social particularmente forte. Numa fase posterior, deverão aderir Bruxelas, na Bélgica, Siena, em Itália, Høje-Taastrup, na Dinamarca, Nova Gorica, na Eslovénia, bem como outros locais. As pessoas que vivem na periferia destes locais não têm acesso a bons empregos e apresentam elevadas taxas de absentismo escolar.

"Muitas vezes, também se sentem muito desligados da cidade onde vivem", considera Gonçalo Canto Moniz no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em Portugal, ao falar dos residentes da comunidade. Coordena o URBiNAT juntamente com Isabel Ferreira, Nathalie Nunes e Beatriz Caitana.

O seu projeto procura expandir o conceito de SBN para que este inclua a componente da natureza humana. Concretamente, isto traduz-se no desenvolvimento de estratégias como os mercados locais, onde o foco não é tanto o cultivo de árvores e plantas, mas sim a promoção de um sentido de comunidade. Também encontram formas de misturar o natural com o social, como um jardim de inverno que também funciona como uma sala de aula ao ar livre.

Corredores de saúde

Canto Moniz e a sua equipa inspiraram-se no conceito de "corredores verdes", áreas de terra devolvidas à natureza para que animais e insetos possam circular livremente. Querem explorar aquilo a que denominaram "corredores saudáveis", para ligar bairros desfavorecidos. Até ao momento, o projeto criou um catálogo completo de SBN de grande alcance, desde hortas comunitárias aos muros verdes, nas cidades pioneiras.

A tecnologia aérea é utilizada para recolher provas dos resultados. Serão utilizados drones equipados com câmaras de imagem térmica para determinar a redução das temperaturas ao nível da rua resultante das árvores recém-plantadas e outras áreas verdes. Os inquéritos realizados aos habitantes da região irão comparar o seu bem-estar socioeconómico antes e depois das SBN serem colocadas em prática. Os projetos de Canto Moniz e de Timpe iniciaram ambos em 2018 e terminarão no próximo ano, embora as suas SBN não tenham datas de conclusão.

A investigação neste artigo foi financiada pela UE. Este artigo foi originalmente publicado na Horizon, a Revista de Investigação e Inovação da UE. 

 

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