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30
Jun21

“Quatro Dias a teu Lado”: a história real que inspirou o novo filme sobre toxicodependência

Niel Tomodachi

Mila Kunis e Glenn Close protagonizam esta produção que pode ser vista nos cinemas. Foi realizada por Roberto García.

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Além de realizar episódios para séries de prestígio como “Os Sopranos”, “Sete Palmos de Terra”, “Terapia” ou “The Affair”, o colombiano Rodrigo García tem dirigido, escrito e produzido filmes nos EUA. O mais recente é “Quatro Dias a teu Lado”, que estreia esta quinta-feira, 1 de julho, nos cinemas portugueses.

Protagonizado por Mila Kunis e Glenn Close (com quem García tinha trabalhado em “Albert Nobbs”), conta uma história sobre toxicodependência. Kunis é a filha viciada em heroína. Close é a mãe que a acolheu em casa para juntas atravessarem quatro dias cruciais em que é essencial manter-se sóbria — para que a longo prazo consiga ultrapassar a sua adição.

É um melodrama de uma hora e quarenta minutos que pode não ser assim tão diferente de tantos outros filmes do género que já foram feitos — a diferença aqui é que se baseia diretamente numa história real.

Foi a partir de um artigo do “The Washington Post”, escrito por Eli Saslow em 2016, e intitulado “Como está Amanda? Uma história de verdade, mentiras e de uma adição americana”, que Roberto García construiu o guião para este filme — em colaboração com o próprio jornalista.

Amanda Wendler, a protagonista desta história, tinha 31 anos quando o artigo foi publicado. Não tinha emprego nem concluído o ensino secundário. Não tinha carro nem apoio financeiro que não fosse o da mãe. Estava há 12 dias sóbria, sem ter consumido qualquer droga, e tinha ficado sem dentes durante este período — após um dentista lhe arrancar todos os 28 que tinha na sua boca, todos eles em decadência devido a vários anos de negligência e pouco cuidado.

Não era a primeira, a segunda ou sequer a oitava tentativa de deixar para trás as drogas. Tudo começou ainda na escola. Uma lesão menor fez com que um médico lhe receitasse uma caixa de 120 comprimidos de Vicodin.

Os comprimidos ajudaram a afastar aquela dor, mas também a angústia sentida durante o processo de divórcio dos pais, a depressão que resultou daí, o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, as dúvidas constantes sobre si própria. 

Rapidamente, Amanda estava a abandonar o secundário sem o concluir, e a depender cada vez mais de medicamentos receitados. Tomava um ou dois comprimidos para atravessar melhor os dias na loja de penhores onde trabalhava. Depois, já casada e com dois filhos gémeos, para aguentar as tarefas diárias e o tempo que passava sozinha enquanto o marido, camionista, trabalhava.

A dose começou a aumentar de forma progressiva, aos poucos, até que 15 comprimidos por dia já não provocavam o efeito suposto. Foi então que se virou para a heroína, mais ou menos a partir de 2012, uma droga ilegal que lhe tinha sido apresentada por um antigo namorado. Mais potente, mais viciante e também mais potencialmente letal, a heroína levou-a por uma espiral de decadência e negatividade.

O caso retratado no artigo e no filme é bastante paradigmático tendo em conta a “epidemia” de drogas prescritas a que a América parece estar cada vez mais sujeita. Em 2016 já era a maior causa de morte nos EUA se não contarmos com mortes por doença — batendo os acidentes de carro, os suicídios ou os incidentes com armas.

Muitos dos opióides receitados tornam-se portas de entrada para o vício e para o uso de drogas ilegais. Segundo estimativas do Centers for Disease Control and Prevention, cerca de 350 americanos todos os dias usam heroína pela primeira vez. São cerca de 79 mortes e mais de 4100 emergências médicas por dia.

Além disso, no caso específico da heroína a probabilidade de recaída é de cerca de 97 por cento. Muitos dos toxicodependentes regulares não sobrevivem a uma década de vício intenso — Amanda já estava no 11.º ano de consumo habitual de drogas em 2016.

Os quatro dias que são retratados no filme são importantes porque Amanda ia experimentar um novo tratamento para a heroína. Consistia numa injeção mensal de uma droga legal chamada naltrexona. Esta substância bloqueia os efeitos dos opióides e, portanto, faz com que o consumidor não se consiga sentir drogado — o que é uma medida eficaz para combater o consumo.

Contudo, estas injeções seriam perigosas se Amanda ainda tivesse heroína ou outras drogas no seu organismo. Assim sendo, precisava de estar completamente sóbria durante pelo menos duas semanas antes de o tratamento poder começar.

Os últimos quatro dias parecem pouco, mas, como Amanda diz no artigo do “The Washington Post”, isso não é de todo verdade para um toxicodependente. “Os dias duram eternamente. Sabes o quão difícil é aguentar um único minuto?”, questionou, antes de dizer que não ia certamente conseguir passar tanto tempo sem voltar a consumir.

O filme acompanha estes dias difíceis, de grandes desafios para Amanda e para a sua mãe — e padrasto que vive com elas. Amanda precisa da mãe para a ajudar, mas a mãe vai ter de ser ultra resistente para a conseguir apoiar neste processo.

O elenco de “Quatro Dias a teu Lado” inclui ainda Carla Gallo, Stephen Root, Carlos Lacamara, Joshua Leonard ou Kim Delgado, entre outros.

 

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