Já se perguntou sobre o porquê de se sentir bem quando faz algo de positivo para outra pessoa ou participa de uma causa de caridade? A ciência determinou que é o bem-estar eudaimônico que explica este fenómeno. Realizar atos de bondade e ajudar os outros pode ser bom para a saúde e para o bem-estar das pessoas, de acordo com pesquisa publicada pela American Psychological Association no 'Psychological Bulletin'. “O comportamento pró-social (altruísmo, cooperação, confiança e compaixão) é um ingrediente necessário de uma sociedade harmoniosa para funcionar bem. Faz parte da cultura partilhada pela humanidade, e a nossa análise mostra que também contribui para a saúde física e mental”, disse Bryant PH Hui, professor assistente de investigação da Universidade de Hong Kong e principal autor da pesquisa.
“Os seres humanos são realmente projetados para serem recompensados quando praticamos ações altruístas. O egoísmo é natural no ser humano e é necessário para a sobrevivência. Porém, quando fazemos algo pelos outros sem esperar nada em troca, é como se o cérebro nos recompensasse ativando a dopamina, a hormona da felicidade e do prazer. É por isso que algumas pessoas se sentem mais felizes quando oferecem presentes do que quando recebem,” explica Inma Brea, especialista em comportamento humano, coach e mentora de executivos e líderes organizacionais.
“Ser generoso deixa-nos felizes. É uma emoção que está associada ao altruísmo e à solidariedade. Faz-nos sentir orgulho de nós mesmos e dá-nos uma imagem de autoconfiança. Também gostaria de comentar o quão é importante poder ser generoso, mas também receber a generosidade dos outros. Alguém que é generoso fala-nos de independência, capacidade de agir (não só financeiramente), mas também de ser gentil, ensinar alguém, dedicar tempo a uma atividade... Ou seja, alguém que pode ajudar, mas também é importante saber ser ajudado" , acrescenta Alicia Reinoso, psicoterapeuta.
Existem pessoas que não conseguem fazer uma boa ação sem avisar os outros... Estamos a falar de alguém que precisa de aplausos? Inma Brea acredita que sim. “De fato, há pessoas que precisam ser reconhecidas como “gente de bem”, porque isso faz parte da sua identidade. Quando alguém tem necessidade de ser reconhecido socialmente por essa qualidade, realmente é capaz de esforçar-se muito para conseguir isso; é alguém que está sempre atento aos outros, pergunta sobre a família, oferece-se para ajudá-la nas mudanças, etc. Não é tanto pelos aplausos, mas por reafirmar a própria identidade”, explica.
“Claro que isto é uma faca de dois gumes, porque no fundo essa pessoa sabe que espera algo em troca: amor e reconhecimento. Portanto, por não ser inteiramente altruísta, gera uma certa culpa, inconscientemente, criando um círculo vicioso da necessidade de dar para receber”, esclarece a especialista em comportamento humano, coach e mentor de executivos e líderes organizacionais.