Depois de “Squid Game”, “Hellbound” é nova série sul-coreana da Netflix (e promete)
Tem seis episódios e estreia esta sexta-feira na plataforma de streaming. Inclui elementos de fantasia e terror.
Depois do fenómeno em que se tornou “Squid Game”, estreia na Netflix uma nova série sul-coreana — muito promissora. Chama-se “Hellbound” e pode ver os seis episódios a partir desta sexta-feira, 19 de novembro.
Trata-se de um projeto idealizado pelo argumentista e realizador Yeon Sang-ho. A narrativa foi explorada pela primeira vez numa curta-metragem de animação intitulada “Jiok/The Hell”. Em 2019, o cineasta regressou a este mundo com um manga digital com o mesmo título. Agora está quase a chegar “Hellbound”.
Que história é esta? A premissa é relativamente simples. Todos sabemos que, um dia, vamos morrer. Não sabemos quando, como, nem porquê — mas é uma verdade inevitável. Em “Hellbound”, isso não é exatamente assim para diversas pessoas.
Neste enredo passado na capital sul-coreana, Seul, existem pessoas que são visitadas por entidades sobrenaturais. Há um rosto gigante que lhes aparece à frente e que lhes diz exatamente quando vão morrer. Pode ser dali a cinco dias, mas também dali a cinco anos. E nunca falha.
Estas pessoas morrem sempre da mesma maneira. Uns monstros enormes vindos do inferno aparecem à sua frente, espancam-nos e queimam-nos com os seus poderes. Depois, desaparecem misteriosamente no nada, tal e qual como apareceram.
Passado algum tempo, a maioria da população já sabe que isto acontece, embora não esteja preparada para lidar com estes incidentes traumáticos. As instituições tradicionais — como o governo, as autoridades ou a comunicação social — não conseguem dar respostas às angústias das pessoas.
A polícia investiga os casos e tenta chegar à verdade. Os espectadores vão acompanhando a jornada do detetive Jin Kyeong-hoon enquanto lida com o caso de um dos assassinatos — que é tratado como um homicídio normal e não como tendo sido perpetuado por criaturas de outro mundo.
A sociedade está em desespero com os acontecimentos e há um homem que tenta colmatar o vazio criado pela ausência de respostas e por todas as inseguranças. Jeong Jin-soo é o líder de um culto religioso chamado A Nova Verdade. Há uma década que acompanham as mortes provocadas por aqueles monstros.
Jeong Jin-soo defende que os assassinatos vêm acompanhados de uma profecia. Diz aos seus seguidores que estes incidentes são atos de um deus que está saturado de esperar pelo bem da humanidade. Assim, aqueles cujas vidas reclama são certamente pecadores. Por isso apela aos devotos do culto que desvendem as transgressões que levaram a que aquelas pessoas se tornassem alvos.
Criado num orfanato católico, Jeong Jin-soo tem uma grande influência e parece gostar de manipular aqueles que estão à sua volta. Apesar disto, é o único que tem respostas para oferecer, daí ter-se tornado um messias para os membros do sua seita. Ao longo dos seis episódios vamos descobrindo as suas intenções.
“Hellbound” centra-se bastante na forma como as massas podem ser incentivadas a odiar, a cometer atos violentos ou a ser fanáticos por algo. Reflete sobre a falta de confiança que existe atualmente nos sistemas que regem a sociedade — o político ou o financeiro, por exemplo. O que pode levar à ascensão de movimentos populistas. Há, claro, muitas alegorias desta realidade fantasiosa que estabelecem paralelismos com a vida real.