Um realizador de topo, um bom elenco e um guião excecional é um bom começo para criar uma grande série. Para criar uma série verdadeiramente épica, é preciso ir mais além. É precisamente o que está a acontecer no set da série televisiva de “O Senhor dos Anéis”.
“A quantidade de pessoas que trabalham nesta série é estonteante. Há um tipo cujo trabalho consiste apenas em perceber como é que o pó reage aos passos e ao fôlego”, revelou Morfydd Clark, a atriz galesa que foi escolhida para interpretar a jovem Galadriel — um papel que ficou a cargo de Cate Blanchett na trilogia original feita para o cinema por Peter Jackson.
É um dos projetos mais ambiciosos e aguardados da televisão, depois de sete anos de domínio total de “A Guerra dos Tronos”. Desta vez, o épico promete fazer renascer a história criada por outro autor com R. R. no meio do nome: J. R. R. Tolkien.
“À exceção dos filmes da Marvel, creio que não seria possível ter algo maior do que isto”, notou Clark, que está de volta à Nova Zelândia para retomar as gravações, interrompidas em março devido à pandemia, apenas um mês depois de terem começado.
Sem data prevista para a estreia — calcula-se que deva acontecer algures em 2021 —, não será difícil de prever, mesmo a esta distância, que será um dos grandes acontecimentos do ano. Tem tudo para ser um êxito — ou um falhanço histórico. Enquanto esperamos, isto é tudo o que sabemos sobre a série mais aguardada dos últimos (e dos próximos) tempos.
Um regresso ao passado
Tolkien começou por criar o mundo fantástico de Middle Earth em “The Hobbit”, lançado em 1937. Duas décadas mais tarde chegou a trilogia que completava o épico que foi mais tarde adaptado ao cinema pela mão de Peter Jackson — o último bateu o recorde para Oscars ganhos, com 11; um total de 17 para toda a trilogia — que acabaria por realizar também a trilogia “The Hobbit”.
Desta vez, a história deixa Frodo e companheiros no futuro, e viaja até ao passado, mais concretamente na Segunda Era de Middle Earth, precisamente a altura em que Sauron — o grande vilão da trilogia — criou o famoso anel, mais de dois mil anos antes dos acontecimentos relatados por Jackson.

O orçamento
Os direitos para produzir uma nova série inspirada em “O Senhor dos Anéis” seria sempre um alvo cobiçado. Ninguém ficou surpreendido, portanto, com o valor pago pela Amazon.
Num leilão aguerrido com a Netflix, a empresa levou a melhor e conseguiu ficar com o prémio por uma módica quantia de cerca de 210 milhões de euros. Um valor que a tornaria automaticamente na produção televisiva mais cara de sempre.
As derrapagens são habituais, mas mesmo antes do início das gravações, a imprensa revelou que o custo poderia ser muito superior. Quanto? Cerca de quatro vezes mais, perto de mil milhões de euros.
Uma verdadeira loucura, se pensarmos que a trilogia de Jackson — a que arrecadou 17 Oscars — custou um total de 240 milhões pelos três filmes. Em bilheteira, arrecadou cerca de 2,5 mil milhões de euros.
Não vai ser um one hit wonder
Mesmo antes das gravações começarem, ficou garantida a produção da segunda temporada, que já estaria em pré-produção. A imprensa especializada afirma que o acordo de compra dos direitos pela Amazon obriga a empresa a produzir pelo menos cinco temporadas.
Outra boa notícia é que a primeira temporada tem garantidos pelo menos vinte episódios, um número bastante acima da média. Sempre com a garantia dos herdeiros de Tolkien que a história não será (nem pode ser) adulterada.
O acordo de compra garante também a possibilidade da Amazon desenvolver spin-offs inspirado em pequenas histórias ou personagens, o que pode prolongar a saga por muitos mais anos. Isto se ela for um sucesso.
Quem vai ocupar o lugar de Peter Jackson?
JD Payne e Patrick McKay vão ficar com a ingrata tarefa de pegar na saga após o sucesso de Jackson. Relativamente desconhecidos, têm um currículo curto, embora aparentemente sólido o suficiente para que os produtores lhes tenham confiado o ambicioso cargo de show runners.
Apesar de alguns trabalhos de escrita para o Star Trek de J.J. Abrams, pouco ou nada indicaria que pudessem estar à altura do desafio. Não estarão sozinhos.

Na equipa de produção contam-se elementos com experiência em alguns dos maiores êxitos da televisão dos últimos anos, de “A Guerra dos Tronos” a “Breaking Bad”, passando pelos inevitáveis “Sopranos”.
E o elenco?
É ainda um mistério, não tanto no que toca à lista de atores, que foi já parcialmente revelada. E e composta maioritariamente por nomes desconhecidos.
Robert Aramayo, Owain Arthur, Nazanin Boniadi, Tom Budge, Morfydd Clark, Ismael Cruz Córdova, Ema Horvath, Markella Kavenagh, Joseph Mawle, Tyroe Muhafidin, Sophia Nomvete, Megan Richards, Dylan Smith, Charlie Vickers, and Daniel Weyman fazem parte da lista.
Destaque para Aramayo e Mawle, ambos com aparições breves em “A Guerra dos Tronos”. O primeiro no papel do jovem Ned Stark e o segundo no do irmão, Benjen Stark.